terça-feira, 22 de novembro de 2022

UNIR TODAS AS FORÇAS EM DEFESA DA LEGALIDADE * Pedro César Batista - DF

 UNIR TODAS AS FORÇAS EM DEFESA DA LEGALIDADE


Pedro César Batista - DF


Esperar na maioria das vezes deve ser uma opção apenas nos casos em que essa é a melhor alternativa. Ou a única alternativa. Diferente disso é preciso agir, fazer e tomar a iniciativa ou mesmo dar a resposta a uma ação ou omissão que traga risco a vida, a legalidade e aos direitos individuais e coletivos.

Na história nacional nunca as Forças Armadas e militares trataram as manifestações populares como neste momento agem em apoio as forças nazifascistas, que ocupam as portas de quarteis, pedem um golpe militar, pois não aceitam a vitória eleitoral de Lula para presidente do Brasil. Verificamos que alguns generais chegam a afirmar que é uma manifestação popular, pacífica e legítima, quando é um movimento de caráter fascista, ilegal, que tem usado largamente a violência e abusado do poder econômico para tentar impedir a normalidade jurídica e política. Alguns generais garantem o espaço militar para que ocorram acampamentos, manifestações e conspirações contra a legalidade. Uns chegam a falar publicamente em defesa das manifestações terroristas em curso.

Na história nacional não faltam exemplos de ações do Exército contra as mais legítimas manifestações do povo brasileiro.

Não podemos esquecer Canudos, o primeiro grande genocídio da República, em 1897, quando o Exército não poupou nem as crianças e mulheres que viviam no vilarejo, liderado por Antônio Conselheiro. 

No início do século XX, entre 1912 e 1916, outro brutal massacre contra os pobres. Desta vez, em Santa Catarina e no Paraná, no Contestado, quando se estima que o Exército deixou um saldo de 20 mil mortos. 

Dez anos depois o Exército bombardeou São Paulo, após ordem do ministro da Guerra, Setembrino de Carvalho - que também comandou o massacre no Contestado, destruiu parcialmente a capital paulista, naquilo que foi considerado o “maior conflito bélico urbano na história do Brasil e da América Latina”. Deixou um saldo de 800 mortos. 

Em 1937, novamente o Exército massacrou outra comunidade que desejava apenas construir uma sociedade igualitária, destruiu Caldeirão dos Jesuítas, “uma das mais ricas experiências da vida comunitária da história brasileira”. Mataram mais de 1 mil pessoas, as quais foram enterradas em vala comum em local nunca informado pelos militares.

Depois que as Forças Armadas foram derrotadas, em 1961, pela Campanha da Legalidade, liderada por Leonel Brizola, em 1964, deram o golpe de 1 de abril, e ficaram 21 anos no poder, impediram a realização de eleições, censuraram a imprensa, prenderam, torturaram e assassinaram milhares, entre lideranças que não se sujeitaram aos crimes praticados em nome do Estado, sindicalistas, estudantes e povos indígenas, como o povo Waimiri Atroari, que tinha uma população estimada em 3 mil pessoas e quando o Exército saiu da região, ocupada para construir a BR 174 (Manaus – Boa Vista) restaram apenas 350 indígenas. Também tiveram os moradores da região do Araguaia, presos e torturados para localizarem os militantes do PCdoB que estavam na região, os quais foram assassinados quase em totalidade. 

Em 1988, o Exército ocupou a Companhia Siderúrgica Nacional, em Volta Redonda, Rio de Janeiro, quando mais de 10 mil operários exigiam melhorarias salariais, deixou um saldo de 3 mortos.  

Recentemente, em um bloqueio nas ruas da cidade do Rio de Janeiro, mais de 80 tiros partiram de soldados do Exército para fuzilar o músico Evaldo Rosa, assassinado na frente da família, quando seguiam para um aniversário.

Agora, depois de terem eleito um miliciano, expulso do Exército devido tentar explodir uma bomba em um gasoduto e outra dentro do quartel, estão omissos, com alguns generais apoiando, manifestantes que não reconhecem o resultado eleitoral para a Presidência.  

A história mostra que não se pode confiar em quem tem uma larga ficha corrida contra os interesses nacionais. Somente quanto ocorreu a unidade de todas as forças democráticas, progressistas e legalistas foi possível derrotar o terrorismo de Estado. 

O momento exige a unidade, mobilização e organização da mais ampla resistência em defesa da legalidade democrática, que obriga as autoridades a prenderem os terroristas, que tentam, mais uma vez, impor a dor, o medo e o terror ao povo brasileiro.

Não basta esperar que a legalidade seja executada, urge a mobilização de todas as forças para que a lei seja cumprida e a normalidade restaurada.


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