terça-feira, 7 de novembro de 2023

O PÂNICO MORAL DO IDENTITARISMO * RUI LEITÃO

O PÂNICO MORAL DO IDENTITARISMO

Nos anos recentes a sociedade brasileira vive um exagerado sentimento de medo e de preconceitos, provocado pela pauta de costumes produzida pelos radicais de direita. São mensagens fraudulentas, publicadas nas redes sociais com o propósito de reagir contra determinados padrões normativos de comportamento. E assim, interferir nas disputas políticas.

É o que, em 1970, o sociólogo inglês Stanley Cohen chamou de “pânico moral”, quando fez um estudo da reação da sociedade britânica diante de posturas consideradas contrárias aos valores morais então vigentes. Segundo ele, o “pânico moral provoca mudanças na política legal e social ou até mesmo na forma como a sociedade se compreende”.

No Brasil o pânico moral resulta, principalmente, das pautas relacionadas à sexualidade e às causas de gênero, buscando fortalecer o controle social, estimulando hostilidades, na esfera pública e privada, a estilos de vida desaprovados pelos conservadores. Tornam-se bandeiras políticas com o objetivo de impedir transformações sociais, proferindo um discurso pretensamente moral visando a conquista de um consenso público, polarizando o combate entre as forças do Bem e do Mal, numa explícita distorção política e ideológica. E assim, adotando ações repressivas diante de grupos tidos como ameaçadores.

Essas “cruzadas morais”, estabelecidas com interesses políticos, surgem nas oportunidades de confusão ideológica e de crises sociais, dando ênfase a que atitudes e crenças que defendem sejam preservadas. Grupos religiosos fundamentalistas justificam suas posições como sendo um protesto à subversão social, particularmente sobre os valores da família e da vida, recorrendo a uma linguagem de indignação contra o Mal. Embora, em muitos casos, se perceba um falso moralismo.

A agenda moralista da ultradireita produz efeitos em variados campos das relações sociais, elaborada sobre um ideal de “cidadão do bem”. O pânico moral é uma estratégia conservadora que procura reafirmar o domínio de quem tem um poder maior na sociedade, em relação, principalmente, às minorias. Nem sempre suas formas de propagação são sutis. Elas se mostram cada vez mais explícitas, com o advento das redes sociais e da mídia descentralizada, na tentativa de afetar o nosso juízo da realidade, na conformidade de como passamos a produzir e consumir informações.

Para nos protegermos do pânico moral chequemos sempre as informações compartilhadas nas redes sociais e nos portais de notícias. Busquemos outras fontes. Ouçamos atentamente outros pontos de vista, ainda que sejam contrários aos nossos. Nunca deixemos de considerar perguntas como: Será que isso é verdade? Será que alguém realmente faria ou falaria algo assim? Existem dados que corroborem com essa afirmação? Só assim, estaremos vacinados contra o pânico moral.

Rui Leitão
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3 comentários:

  1. Sobre o pânico moral, grande parte dele se origina pelo identitarismo neoliberal e pelo conservadorismo social-neoliberal também. Infelizmente vivemos na era do neoliberalismo totalitário e do capitalismo totalitário, onde somos monitorados e vigiados 24/7, seja em nossa vida pública e/ou particular, seja na Internet quanto na vida real, não temos mais a mesma liberdade que tínhamos décadas atrás, estamos vivendo pior que na era do macartismo dos anos 1950. Pois até mesmo apoiar a Palestina em países-membros da OTAN como EUA, Alemanha, França, Reino Unido, Holanda, Bélgica, Polônia etc já é o suficiente pra vc ser acusado de "sedição (sedicionismo)", "traição" e "terrorismo", imagina ser totalmente contra o capitalismo e o neoliberalismo... E ainda há aqueles que acreditam na legitimidade, bondade, misericórdia e na boa-fé da democracia liberal e dos governos capitalistas/neoliberais...

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    1. Camus' Absurdist France would basically be a "saner" version of the Artaud's Avant-Garde France Except maybe absurdism is imposed as a state ideology and as a state religion, and people unironically worship the Absurd, also the Void, the Abyss, the Nothingness, the Non-Existence, and the Nihil, as a literal God. And also, it is pretty much for Libertarian Marxism, despite the ideology is still Accelerationist. Like a Left-Accelerationist ideology. And compared to the Avant-Garde France, the life is good. Despite everyone must embrace the Absurd if they want to have a good life and be accepted on the Absurdist France. And the L'État Absurde, would basically be the Camus' version of L'etat Irreel, where basically everyone (or almost everyone), have embraced the Absurd/Void/Abyss/Nothingess/Non-Existence and they start to make an absurdist crusade all over the Europe and all over the world for spread the word of the Absurd. But differently from the Realm of Avatar, the L'Etat Absurde basically create Absurdist/Nihilist puppets all over the world, where some are extremely atheistic, like Nihilist Germany and Absurdist Spain, and other are extremely religious, like Abzunian Middle East, Aionian Italy-Greece, Absurdist Perunist Russia, and Absurdist Shivaist India.Well, this came to me by a daydream and I couldn't resist
      https://archive.is/iXiId https://archive.is/gN4sX

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    2. And about the paths with Camus' Absurdist France, it would be the following:

      1- Secular Absurdist France (Basically the OTL version of Absurdism + Absurdist World Revolution + L'Etat Absurde)
      2- Religious Absurdist France (Abyss/Void/Source Worshipping + The choice of embracing the Absurdist World Revolution or only focused on Europe and the Middle East or just go full pacifist + Embracing the L'Etat Absurde is optional);
      3- Anarcho-Absurdist France (What Camus wrote in favor of Anarchism + Absurdist World Revolution);
      4- Marxist Absurdist France (Marxist Camus + Absurdist World Revolution or Spread Absurdism over Europe and North America by influence);
      5- Existentialist Absurdist France (Existentialist Camus + Full Pacifism);
      6- Absurdist Gaul (Gaulish Nationalist Camus + Gaulish Absurdist Empire (All of Europe + Former Roman Empire lands);
      7- Pacifist Absurdist Gaul (Gaulish Nationalist Camus + No Gaulish Absurdist Empire);
      8- Absurdist Avant-Garde France (Camus and Artaud makes a compromise + Exporting Absurdist Art all over the world);
      9- Democratic Absurdist France (The Absurdist Party just fully take over france + Albert Camus become just a party leader, not a supreme dictator anymore + you can embrace Revisionist Socialism, Liberalism, Conservatism, Popular Socialism, Reactionary, Vanguard Socialism, Polyarchy, or Despotism all controlled by the Absurdist Party and by the Absurdist Coalition of Parties + You can decide to embrace the Absurdist World Revolution or Just Focus on Europe or just go pacificist)
      10- The Avant-Garde Coup (Artaud's Avant-Garde coups Camus + You can go sane L'Etat Irreel or just go OTL Avant-Garde)
      11- The Marxist Revolution (French Communists will start a revolution + Overthrow Camus + Form the French Commune + World Communist Revolution)
      12- French Civil War (Civil War focus which will enable lots of paths for France, like the ones from Democratic Absurdist France but without the Absurdist Coalition of Parties together with the Avant-Garde Coup and the Marxist Revolution).

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O capitalismo está podre. Todos sabemos disso. Mas ele não cai sozinho