Escrito numa linguagem ágil e vibrante, Pedro e os Lobos é um livro imprescindível para quem quer entender a guerra sem regras travada entre as forças de esquerda e a repressão oficial durante os chamados Anos de Chumbo no Brasil.
A partir da ótica das organizações guerrilheiras e usando a vida do ex-guerrilheiro Pedro Lobo de Oliveira como fio condutor, a obra traça um detalhado panorama do período que vai da posse de Jânio Quadros, em janeiro de 1961, ao fim do governo João Figueiredo.
Estão no livro as principais ações armadas empreendidas contra o governo de coturnos e a ação repressiva das polícias políticas que culminou na morte ou no desaparecimento de centenas de brasileiros. Até mesmo episódios pouco conhecidos do grande público, como as Guerrilhas de Três Passos e de Caparaó e uma tentativa frustrada de sequestro do cônsul norte-americano no Rio Grande do Sul, estão na obra.
Enquanto discorre sobre as nuances políticas e os entreveros entre guerrilheiros e Forças Armadas Pedro e os Lobos delineia também a vida ímpar do ex-sargento da Força Pública que resolveu jogar tudo no caldeirão fumegante da guerrilha. E ele tem uma história, por si só, fascinante.
Ex-boia fria, o personagem central de Pedro e os Lobos passa a servente de pedreiro e metalúrgico até ingressar na Força Pública, hoje Polícia Militar. Convertido ao socialismo no final da década de 1950, ele acaba virando um dos homens de confiança de Luís Carlos Prestes, o lendário Cavaleiro da Esperança.
Expulso da corporação em 1964 por força do AI-1, o ex-sargento funda então a Vanguarda Popular Revolucionária, sigla clandestina que irá abrigar o lendário capitão Carlos Lamarca e se torna Getúlio ou Gegê, um dos mais ativos combatentes urbanos da época.
No vasto currículo de ações de Pedro estão ataques a bancos, invasões de pedreiras, , a invasão do Hospital Militar do Cambuci, o atentado a bomba contra o Quartel General do 2º Exército do bairro paulistano do Ibirapuera e a execução, a tiros, do capitão norte-americano Charles Rodney Chandler.
Capturado no início de 69, Pedro será barbaramente torturado e só não se torna mais um cadáver gerado pela ditadura militar brasileira por muita sorte. E os homens que o barbarizaram no cárcere ainda estão por aí, sem nunca terem sido identificados, julgados ou condenados.
Por tudo isso, este trabalho vem a calhar nesse momento em que o Brasil passa a ter um presidente e um vice militares.
Pedro Lobo - Perseguição de militares na Ditadura Civil-Militar
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MEMORIAL DA RESISTÊNCIA
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