sábado, 30 de novembro de 2024

Josué de Castro Pensador da Fome * Rodolfo Alves Pena/Brasil Escola

Josué de Castro Pensador da Fome
Josué de Castro destacou-se por seu trabalho sobre a Geografia da Fome no Brasil, bem como sobre suas causas e os meios para combatê-la.

"Josué de Castro (1908-1973) foi um pensador e ativista político brasileiro nascido na cidade de Recife. Apesar de não ser geógrafo de formação (sua graduação era em medicina), tornou-se um dos maiores pensadores da Geografia, em virtude, principalmente, das obras Geografia da Fome e Geopolítica da Fome.

Além de sua formação em medicina, também foi livre-docente em Fisiologia (Faculdade de Medicina do Recife), professor catedrático de Geografia Humana (Faculdade de Ciências Sociais do Recife e na Universidade do Brasil) e de Antropologia (Universidade do Distrito Federal). Foi também embaixador do Brasil na ONU, em Genebra, além de ter sido eleito Deputado Federal pelo PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) em 1954 e em 1958. Como resultado da implantação do regime militar, mesmo tendo sido eleito o Deputado com maior número de votos no Nordeste, Josué de Castro teve seus direitos políticos cassados pelo Ato Institucional n°1 em 1964.

Castro caracterizou seu pensamento por romper com algumas falsas convicções que imperavam em seu período (e que ainda se fazem presentes nos dias atuais) de que a fome e a miséria do mundo eram resultantes do excesso populacional e da escassez de recursos naturais.

Em suas obras, provou que a questão da fome não se tratava do quantitativo de alimentos ou do número de habitantes, mas sim da má distribuição das riquezas, concentradas cada vez mais nas mãos de menos pessoas. Por isso, acreditava que a problemática da fome não seria resolvida com a ampliação da produção de alimentos, mas com a distribuição não só dos recursos, como também da terra para os trabalhadores nela produzirem, tornando-se um ferrenho defensor da reforma agrária.

Geografia da Fome

Logo no início de sua obra Geografia da Fome, Josué de Castro afirmou que “Interesses e preconceitos de ordem moral e de ordem política e econômica de nossa chamada civilização ocidental tornaram a fome um tema proibido, ou pelo menos pouco aconselhável de ser abordado”.

Nessa obra, o autor realizou um intenso trabalho no sentido de mapear toda a distribuição e concentração da fome no Brasil. O resultado foi a derrubada de alguns mitos: de que a fome decorria de influências climáticas ou de que tal processo era culpa da improdutividade da população que optava pelo ócio, argumentos bastante populares ainda hoje.

O autor dividiu o país em cinco regiões conforme as características alimentares de cada uma delas. Analisou as características naturais, bem como alguns processos históricos, como a colonização e as transformações políticas e econômicas de cada localidade. Assim, comprovou que a ocorrência da fome e da desnutrição da população não tinha relação com fatores naturais, mas sim políticos, sendo necessária a adoção de políticas de distribuição alimentar e a implantação da reforma agrária.

Geopolítica da fome

Nessa obra, diferentemente da primeira apresentada, Josué eleva a análise da fome a um nível internacional, regionalizando sua análise entre os continentes da América, África, Ásia e Europa.

Josué prossegue e confirma sua tese de que a questão da fome trata-se da má distribuição das riquezas e dos produtos, e não da escassez em termos quantitativos. Nesse sentido, ele demonstra como os processos de colonização e dependência econômica estão diretamente ligados à geração de pobreza e miséria extrema no mundo.

Por Rodolfo Alves Pena
Graduado em Geografia"
Veja mais sobre "Josué de Castro" em: https://brasilescola.uol.com.br/geografia/josue-castro.htm

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