A consciência negra e o século XXI
Foi no Brasil colonial
Onde tudo começou,
O negro como serviçal
Sua vida desmoronou.
Cruelmente maltratado,
Ferido e dominado
Começa a escravidão
Com rotina degradante
Exposto em seu semblante
Num rito de mutilação
Trabalhando de sol a sol
Nas lavouras e cafezais,
Guiados pelo arrebol
Fazendo serviços braçais.
Presos nas mãos dos tiranos,
Todos negros africanos
Perdia sua dignidade
E durante três séculos
Quebrando seus vínculos
Com toda sociedade
Vivendo em uma cenzala
Comparado com animal,
A dor no seu peito exala
Por ser tratado muito mal.
Debaixo do preconceito,
Tirando o seu direito
Sofria muita humilhação
Pois tinha ínfimo valor
Propagado por seu senhor
Levado a toda nação
O tronco e seus açoites
Estralava em suas costas,
Acontecia todas noites
As carnes negras expostas.
Com o capitão do Mato,
Continuava sua missão
Batendo até a morte
Esfolando seu consorte
Esperando uma confissão
A tirania prosseguia
Pelas ordens do coronel,
A matança progredia
Sem luz no fim do túnel.
O negro assim se espremia,
Rezando uma ave Maria
Para escapar com vida
Com olhar de piedade
Sentindo a crueldade
Entre Chagas, e ferida
Os anos foram se passando
E chegou a "liberdade",
O risco foi aumentando
Até a atualidade.
Através da alforria,
Mas com toda ironia
As coisas não avançaram
O preconceito continua
O negro morando na rua
Os pactos se quebraram
Luta por uma consciência
Daquele que lhe rechaça,
Com toda experiência
Perseguido como caça.
Apelando pro bom senso,
Vendo que é um consenso
A sua descriminação
Briga com toda sua força
Esperando com bonança
Por essa miscigenação
Viveu sempre no castigo
Querendo do branco perdão,
Pra ficar bem consigo
Tirar o mal do coração.
Mostrando seu real valor,
Experiênciado na dor
Não se fez prisioneiro
Também não se guarda rancor
De quem desprezava sua cor
Pra sair do desespero
Esperando um dia ser igual
Nada mais lhe deixar triste,
Quebrando esse ritual
Que por muito se persiste.
O negro tem consciência,
Pautado na resiliência
Por ter sido um sofredor
Criado num cativeiro
Que da flor sentia o cheiro
Da liberdade e do amor
E com seu punho cerrado
Erguido como símbolo,
Revivendo o passado
Lembrando do seu ídolo.
Saido do "eu" interior,
Como um bom navegador
Mudou toda sua história
Prosseguida por muitos anos
Em verdades e enganos
Esperando sua glória
Este poema se refere ao novembro da consciência negra. Que todos possam ter essa consciência, que são iguais...
Natal, 08 de novembro de 2021
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