GREVE GERAL ENFRENTA A DITADURA!
Ernesto Germano Parés
Há 37 anos o Brasil vivia um importante momento histórico. Em plena ditadura militar, três milhões de trabalhadores foram às ruas! A greve teve a adesão de 35 entidades sindicais e de associações de funcionários públicos. O destaque da época é que entidades da sociedade civil que hoje estão caladas diante do fascismo imposto participaram e deram apoio ao movimento: Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e outras se solidarizaram com os trabalhadores e divulgaram notas e apoio público às manifestações.
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O país tinha o general João Batista de Figueiredo como presidente e o chamado “milagre econômico” dos militares já tinha naufragado. A economia arrasada, inflação descontrolada (chegando a 100% ao ano), a crise da dívida externa e o desemprego em massa.
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Em 1981, como já relatamos e ilustramos em um texto anterior, havia sido criada a “Comissão Nacional Pró-CUT”, durante o encontro que foi conhecido como Conclat. E foi a “Comissão Pró-CUT” que conclamou os trabalhadores para a 1ª greve geral no país depois do golpe militar de 1964.
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“Foi a primeira grande luta nacional que unificou os trabalhadores, após as greves de 1978, 1979, e obteve muita repercussão, contribuindo para termos um forte movimento pelas Diretas Já, alguns meses depois. Sem dúvida, foi um marco fundamental da resistência à ditadura, que já se encontrava em forte declínio, tanto que conseguimos derrotar um dos seus decretos na votação da Câmara”, lembrou em um depoimento o ex-deputado federal José Genoíno (PT-SP).
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Atendendo às determinações do FMI, o governo aumentava os juros para conter a inflação e cortava despesas, chegando ao ponto de baixar em maio o Decreto-Lei 2.025, que extinguia todos os benefícios dos empregados das empresas estatais. A reação dos trabalhadores foi imediata. No dia 16 de junho, 35 entidades sindicais e associações de funcionários públicos aprovam o estado de greve, em protesto contra o decreto.
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Metalúrgicos, petroleiros, bancários, professores e outras categorias assumiram aquela bandeira e mostraram que os trabalhadores já não suportavam o arrocho e a violência.
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O governo recuou, mas no dia 29 de junho Figueiredo assinou um novo decreto, o 2.036, atacando diretamente os direitos dos funcionários das estatais acabou com o abono de férias, as promoções, os auxílios alimentação e transporte, o salário adicional anual e a participação nos lucros, só para citar alguns. Em todo o país o exército entra em prontidão!
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“Fora Daqui o FMI” foi o grito que explodiu com toda a força por tanto tempo represada. E a Greve Geral de 24 horas em todo o país se tornou uma realidade. Setores reformistas da esquerda não acreditavam na greve, não aconselhavam a greve, não desejavam a greve, mas tiveram que engolir também os trabalhadores nas ruas gritando que não suportavam mais.
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Importante destacar que aquela greve impactou profundamente mais 40 milhões de pessoas e foi o caminho encontrado pelo conjunto de mais de cem entidades sindicais para a luta em defesa dos direitos dos trabalhadores.
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Pouco mais de um mês depois, no dia 28 de agosto de 1983, em um Congresso de Trabalhadores era fundada a Central Única dos Trabalhadores!
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VIVA A GREVE GERAL DE 1983!
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VIVA A LUTA DA CLASSE TRABALHADORA!
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A GREVE É UM DIREITO LEGÍTIMO DOS TRABALHADORES.
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Lembro como dávamos nosso sangue e até nossas vidas nas greves. Não precisava ser dessa ou daquela categoria, ERA DOS TRABALHADORES! Todos unidos por um só ideal.
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