sexta-feira, 28 de outubro de 2022

UM FASCISTA TUPINIQUIM * Pedro Cesar Batista - DF

UM FASCISTA TUPINIQUIM

*
EIS A GARRA DO MILITANTE

Mais um dia começaria. Ele tinha programado outro discurso, falaria com convicção, a mesma de sempre. Antes de chegar ao plenário, encontrou no Salão Verde a deputada Maria Rosário. Partiu para cima dela aos gritos:


- “Não te estupro porque você é feia, você não merece”. 


Muitas pessoas acompanharam a ofensa. Ele foi além, a empurrou, ameaçava estapeá-la. Continuou o seu caminho, seguiu sorrindo, como se nada tivesse acontecido.


- “Teria que ter matado 30 mil, mataram pouco”, costumava falara em coletivas de imprensa lembrando a ditadura militar de 1964. Abertamente defendia que deveriam ter matado mais, - mataram pouco, afirmava sempre. Seus filhos, desde criança foram educados com essa ideia, que era preciso matar quem fosse de esquerda.


Durante a campanha eleitoral para presidente do Brasil, em um comício no Estado do Acre, pegou um suporte de microfone, imitou uma metralhadora e falou ao microfone: “Vamos fuzilar a petralhada”. A sua assistência gritava como cães raivosos.


Na Tribuna, com muito orgulho, afirmou “fui o único deputado a votar contra os direitos das empregadas domésticas”, reafirmou o que tinha dito antes, que “não empregaria mulheres com o mesmo salário”, o homem deve ganhar, pois não engravida e não precisa se afastar do trabalho por não ficar gestante, merece um salário maior.


Veio a pandemia da Covid-19, governantes em todo o mundo, orientados por pesquisadores e a Organização Mundial da Saúde deram orientações para salvar vidas. No Brasil, milhares de pessoas morriam diariamente e ele repetia: “Não sou coveiro, todos vão morrer, só os mais fortes viverão”. Ao mesmo tempo, levantava em frente à sede da residência oficial, o Palácio da Alvorada, uma caixa de ivermectina, como um troféu. Seus seguidores, sem usar máscaras, nem fazer o distanciamento, gritavam ao vê-lo levantar o remédio para matar piolhos, incentivando todos a fazerem o “tratamento preventivo”. As Forças Armadas definiram um protocolo médico, orientou os militares a tomarem o mata piolho e a cloroquina. As mortes passavam de 4 mil por dia e ele negando a pandemia, afirmava que a vacina contra a covid-19 “faria a pessoa virar jacaré”, “ficar gay”, “causar aids”. “Só se eu compra vacina na casa de sua mãe”, respondia aos que pediam vacina. Enquanto isso, durante suas lives, imitava um doente sem ar: “cof, cof, cof”.  


Certa vez, ainda deputado, durante visita a um centro israelita, no Rio de Janeiro, contou uma visita que fez a um quilombo. A seleta plateia de judeus ricos escutou: “o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Nem para procriador ele serve mais", mostrando seu desprezo pelo povo negro.


“Parabéns à polícia civil do Rio de Janeiro” disse, em nome da Presidência da República, em nota oficial, logo após uma incursão da policial civil carioca, acompanhada de policiais rodoviários federais à Favela do Jacarezinho, que deixou 28 pessoas mortas. Todos negros e pobres, fuzilados na cabeça.


Em rodas de admiradores dizia que se “o filho começa a ficar assim meio gayzinho, leva um coro, ele muda o comportamento”, informando como combatia a orientação sexual das pessoas LGBT. “Eu sou imbrochável”, bradou durante o ato em comemoração ao bicentenário da independência, na Esplanada dos Ministérios, na Capital Federal, sendo repetido em coro por uma multidão vestida com a camisa da seleção de futebol do Brasil: “imbrochável, imbrochável, imbrochável”.


Mais uma vez, disputava uma eleição, candidato à reeleição para a Presidência da República, “nunca teve um governo tão honesto como o meu”, afirmava, sem esquecer sua máxima “Eu sonego tudo que for possível”, falava sorrindo sobre o pagamento de impostos, ao mesmo tempo que tinha decretado sigilo de 100 anos sobre seus gastos no cartão coorporativo. Sem esquecer que certa vez, perguntado sobre por que pegava o auxílio moradia da Câmara dos Deputados se possuía residência em Brasília, respondeu: para comer gente”. Sempre se assumiu como desonesto, nunca escondeu. 


O que assustava quem ouvia estes discursos era que ele tinha muitos seguidores, os quais gritavam “mito, mito, mito”, por onde ele passava, depois de finalizar seu discurso com o bordão “Brasil acima de todos, Deus acima de tudo”, ao mesmo tempo que animava seus apoiadores a se armarem, “vamos armar todo mundo”, “as minorias terão que aceitar ou serão expulsas do Brasil”.


O imbrochável animava a massa ignara quando contava que “pintou um clima com umas 3 ou 4 meninas de 14 e 15 anos”. “Nossa bandeira nunca será vermelha”, destacava sempre que destruía algum patrimônio nacional. “Eu vim para destruir”, ele disse, assim que assumiu a presidência, durante ato em Washington, ao lado de Donald Trump e fora aplaudido.


Pedro César Batista.DF

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