segunda-feira, 31 de julho de 2023

GOVERNO PRECISA ATENDER AS EXPECTATIVAS DE QUEM O ELEGEU * Organização Comunista Arma da Crítica-OCAC

GOVERNO PRECISA ATENDER AS EXPECTATIVAS
 DE QUEM O ELEGEU

A vitória de Lula na eleição de 2022 se deveu, principalmente, ao voto dos seg- mentos mais explorados e oprimidos do povo brasileiro. Quem garantiu sua eleição foram os trabalhadores pobres com renda mensal de até 2 salários mínimos, as mulheres, a juventude, a população afro-brasileira, os nordestinos, os indígenas. Foi essa massa de gente humilde e humilhada pelo capitalismo; cansada de sofrer injustiças para sustentar os privilégios da burguesia; que viu nos últimos anos a fome aumentar, a violência crescer e os preços subirem; além de serem as vítimas principais da política genocida do governo Bolsonaro na pandemia; foi essa massa quem viu em Lula a chance para sairmos do inferno que tem sido nossas vidas desde o golpe de 2016.

Esse perfil social indica tacitamente que o eleitorado de Lula nutre duas expectativas em relação ao governo. A primeira é a de que o presidente detenha e reverta as políticas de ajuste ultraliberal que destruíram o tecido produtivo e social do país. Algumas delas foram tomadas, como tirar empresas estatais da lista de privatizações. E a segunda, como condição da primeira, é a de que se melhorem rapidamente as condições de vida do povo.

Porém, melhorar substancialmente as condições de vida das grandes massas populares requer mais do que a retomada dos programas sociais emergenciais. Reconhecemos sua importância para largas faixas da classe trabalhadora, pois as tiram do sufoco imediato. Porém, são incapazes de alterar as condições estruturais de reprodução do capitalismo dependente brasileiro, cujo eixo da acumulação gira em torno do rentismo escorado na dívida pública e na agromineração exportadora. Esse é o pano de fundo da grave crise social que afeta a maioria do nosso povo. Somos, estruturalmente, um país que funciona para uma oligarquia de endinheirados associada ao capital financeiro internacional.

Pela composição política do governo, que conta com representantes burgueses; somada a um Congresso que tem sido usado pela burguesia como um “poder paralelo” a limitar o alcance das políticas presidenciais; além de uma estrutura de Estado que para preservar os interesses burgueses transferiu muitos poderes presidenciais para agências reguladoras, o que inclui a autonomia do Banco Central; o resultado é um governo acuado. Mesmo um reformismo raquítico se encontra limitado pelas pressões capitalistas que não aceitam negociar os termos do ajuste ultraliberal.

Será preciso, se quisermos superar nossa condição cada vez mais semicolonial, enfrentarmos o tripé macroeconômico que sustenta os interesses do rentismo e os interesses da agromineração exportadora. Melhorias reais e duradouras na vida do povo, com a universal- ização dos direitos sociais, requer que super- emos nossa condição cada vez mais periférica. Os que países imperialistas querem, do Brasil, é que nos resumamos ao papel de produtores de matérias-primas baratas. E que sejamos uma plataforma para a valorização do capital internacional. Por isso, no atual cenário histórico, a luta pelo socialismo no Brasil deve contemplar três questões fundamentais e pro- fundamente interligadas: a questão nacional (luta por nossa completa soberania), a questão social (fim da miséria, da pobreza e da exploração) e a questão democrática (conquista de uma democracia para as grandes massas trabalhadoras).
Álvaro Vieira Pinto, um dos maiores filósofos brasileiros, afirma que um país se define não por aquilo que ele é, mas por aquilo que ele quer ser. E esse querer ser é produto do embate entre as classes sociais. As oligarquias brasileiras já têm bem claro o país que elas querem: desigual, espoliador, opressor e feito apenas para seu gozo e usufruto. Cabe às massas trabalhadoras entrarem em cena para definirem o país que queremos para nós. E para alcançarmos esse objetivo temos, neste momento, de cobrarmos o atual governo para que ele cumpra com as expectativas de quem o elegeu.

ORGANIZAÇÃO COMUNISTA ARMA DA CRÍTICA
OCAC

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