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quarta-feira, 4 de maio de 2022

DIA DO TRABALHADOR * RÔMULO AGUIAR /TRIPLICE FRONTEIRA

 DIA DO TRABALHADOR



Trabalho, operário, ou proletário que representa sobretudo uma data de comemoração mundial  que tem como firme propósito, relembrar, saudar e homenagear todos aqueles que contribuíram e que contribuem até os dias de hoje para a transformação e melhora de nossa sociedade como um todo ( trabalhador). 


Ao decorrer da longa jornada de existência da classe trabalhadora houveram muitos episódios que marcaram nossa história até os dias de hoje, lutas, greves e manifestações  sempre tiveram presentes  em sua pauta principal existencial, reivindicação por condições dignas de trabalho, reconhecimento e direitos a serem atendidos pelos empresários e patrões, em meio a esta longa história repleta de contratempos, muitos sacrificaram suas vidas em prol desta causa tão digna e valorosa, diante disto é tarefa nossa, manter esta chama acesa e não permitir e aceitar que o retrocesso e a retirada de direitos, desvalorize e apague tudo aquilo que foi  conquistado a custo vidas e de muito sangue , precisamos sobretudo saber enxergar o nosso lugar de destaque na sociedade e ter a consciência plena de que somos o principal pilar de sustentação de tudo que se move e acontece até os dias de hoje e que o coletivismo e a solidariedade entre os irmãos e principal força de transformação para uma sociedade além desta, é tarefa de cada um,  buscar uma  união unânime da classe trabalhadora como a principal força emergente e insurgente existente. 


Que a memória e a lembrança do primeiro ato de manifestação realizado  em 1º de maio de 1886, nas ruas de Chicago que reivindicava a redução da jornada diária de 13 para oito horas , melhores condições de trabalho e melhores salários não se torne apenas um marco na nossa memória , mas sim uma chama acesa em nossos corações que nos incendeia e nos impulcione a cada dia lutar contra qualquer tipo de retrocesso, e intervenção  daqueles que visam controlar e nos tirar do lugar de protagonismo e destaque. Todo poder ao povo trabalhador.


RÔMULO AGUIAR /TRIPLICE FRONTEIRA

segunda-feira, 2 de maio de 2022

Dia do Trabalhador * Dalva Silveira / MG

Dia do Trabalhador

Comecei a trabalhar aos dez anos. Era o ano de 1978.
Só assinaram a minha carteira no ano de 1986.
Ainda assim, já contribui mais de 32 anos com a Previdência Social.
Portanto, iria me aposentar em dezembro de 2021.
Mas serei ESCRAVIZADA até dezembro de 2024.
PENSO QUE ISSO É UMA VIOLÊNCIA INSTITUCIONALIZADA!


Motivo:

NOVA REFORMA DA PREVIDÊNCIA DE 2019, proposta pelo atual desgoverno do dito presidente JAIR MESSIAS BOLSONARO e aprovada pelos SEUS COMPARSAS.

Importante dizer que, na época das tramitações para a impiedosa medida, lutei com todas as minhas forças contra um ato que representa enormes perdas de direitos dos trabalhadores. Mas, vi esse desgoverno escravizar o povo brasileiro e, junto a isso, a mídia e todas as distrações diárias tornarem grande parte da população apática e/ou enganada com relação a uma mudança tão séria, que impactará na vida de todos os brasileiros. A médio prazo, veremos idosos desempregados e sem meios de sobrevivência. Estou muito triste, porém, meu desalento se apresenta ainda mais intenso por constatar que o milenar sistema de dominação é mais robusto e sofisticado do que pensamos. Carrego comigo, além da dor da perda da aposentadoria, a lembrança da falta de uma resistência massiva, pois, um grande eco não veio nem sequer de muitas instituições de oposição, de onde, no passado, eu depositava grande parte de minhas esperanças.

Portanto, neste Dia do Trabalhador, NÃO TENHO NADA A COMEMORAR, pois, além dessa medida, vejo tantas outras perdas da classe trabalhadora que estou sem ânimo para enumerar... estou muito cansada...

Dalva Silveira - MG em 01/05/22
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terça-feira, 26 de abril de 2022

E O PRIMEIRO DE MAIO? * Ernesto Germano Parés / RJ

E O PRIMEIRO DE MAIO?
(Parte 1)
(Ernesto Germano Parés)

Começo a ficar envergonhado de ter vivido mais de 40 anos dentro do movimento sindical. Nesse tempo, participei de muitas lutas e acompanhei os trabalhadores nos momentos de resistência. Agora fico com um pouco de vergonha quando nos aproximamos de uma das datas mais importantes para os trabalhadores do mundo e vejo que muito pouco (ou nada) está sendo programado pelos sindicatos.
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Exatamente quando mais precisamos de um movimento de conscientização e resistência, quando o demente que governa o país está agindo livremente e sem prestar qualquer esclarecimento ao povo, quando o Congresso vendido retira um pedido de CPI sobre a Educação, quando as forças armadas gastam dinheiro do povo comprando Viagra e remédios para a calvície, quando nossa indústria está em completo abandono e o desemprego aumentando... Enquanto tudo isso acontece os sindicatos estão calados e não preparam uma comemoração do Primeiro de Maio digna de retomar a luta dos Mártires de Chicago!
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Pelo que vi, até agora, as centrais sindicais estão preparando um show musical no Estádio do Pacaembu, em São Paulo, com artistas conhecidos. E isso me lembrou o tempo da ditadura de Getúlio Vargas quando ele promovia futebol e cerveja de graça em um estádio de futebol aqui do Rio e fazia seus discursos dizendo que “preciso de vós, trabalhadores”!
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Agora tomei conhecimento que o Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro está organizando um “Bingo do Trabalhador” para esse dia! Um bingo? Só pode ser brincadeira de péssimo gosto!
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Para quem não sabe, o Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro foi fundado no dia 1 de Maio de 1917. Percebem a importância? Primeiro de Maio, “Dia de Luta e de Luto da Classe Trabalhadora”, aprovado em 1889 em um encontro ocorrido em Londres, com representantes de centenas de entidades de trabalhadores. A deliberação dizia o seguinte: “que em todos os países, em todas as cidades, os trabalhadores lutem pela redução da jornada de trabalho para 8 horas diárias e que se consagrasse o 1° de maio de cada ano a esta luta (em memória do ocorrido no 1° de maio de 1886, em Chicago)”. E 1917, ano da Revolução que abalou o mundo!
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Pois é! O sindicato que foi fundado em 1 de Maio de 1917 vai comemorar com um bingo!
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Vergonha de, algum dia, ter sido metalúrgico e ter brigado por aquele sindicato!
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O Primeiro de Maio não pode ser dia de festa ou de jogos. É o dia para refletir sobre todas as nossas lutas, lembrar os companheiros que tombaram e renovar nossa força em continuar lutando.
E O PRIMEIRO DE MAIO? (Parte 2)
Vou seguir expondo a minha indignação e minha vergonha, como militante e sindicalista antigo, com o que vem acontecendo. Mas gostaria de deixar bem claro que não estou me referindo a qualquer partido político. Meu dedo está apontado para o peito dos atuais dirigentes sindicais, muitos dos quais jamais participaram de um grande movimento de massas, nunca enfrentaram a ditadura, nunca sofreram com a repressão e nem estavam em “listas negras” que corriam nas fábricas, nunca participaram de piquetes que viravam dias e noites. Caíram nos atuais cargos de “dirigentes” como paraquedistas.
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Então, só para lembrar, vou fazer um breve relato:
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1894 - em Santos, no 1° de Maio, o Centro Socialista realiza palestra e debate. Alguns autores consideram a primeira comemoração da data, no Brasil.
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1900 - em 25/09, fundado em São José do Rio Pardo (SP) o Clube Democrático Socialista Os Filhos do Trabalho. O manifesto do Clube para o 1° de maio de1901 foi escrito pelo socialista Euclides da Cunha que dizia ser necessária “a reabilitação do proletariado, pela exata distribuição da justiça, cuja fórmula suprema consiste em dar a cada um o que cada um merece, abolindo-se os privilégios quer de nascimento, quer de fortuna, quer da força.”
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1906 - o 1° de maio foi comemorado em várias cidades. Em São Paulo, o Sindicato dos Gráficos uniu-se a outros sindicatos para realizar apresentações teatrais, em vários teatros da cidade. No Rio de Janeiro houve comemoração em praça pública. Em Santos houve comemoração, mesmo com uma violenta repressão enviada pelo governo (navios de guerra ancoraram no porto para intimidar). Em Campinas, surgiu o primeiro número do jornal A Voz Operária.
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1907 - o 1° de maio foi comemorado em todas as grandes cidades brasileiras e marca o início da luta pela jornada de 8 horas em nosso país.
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1909 - o número 10 do jornal A Voz do Trabalhador (1° de maio de 1909) publicava, pela primeira vez no Brasil, a letra do hino A INTERNACIONAL, composto por Pierre Degeyter e Eugène Pottier, em 1871, e que já virara o hino das comemorações do 1° de maio na Europa (junto com a bandeira vermelha usada pelos operários de Paris).
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1929 - Em 1° de Maio é criada a Confederação Geral dos Trabalhadores que, em março do ano seguinte, promove um Congresso de Agricultores e inicia a fundação de Sindicatos Rurais.
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É a partir dos primeiros anos da década de 40 que o governo passa a assumir as comemorações do 1° de maio e a transformar o dia de luta (pela jornada de 8 horas diárias de trabalho e de outras resistências para os trabalhadores) em festas com futebol de graça, shows com artistas e bailes para desviar o sentido das comemorações. O “Dia Internacional de Luta da Classe Trabalhadora” passou a ser usado para iludir o próprio trabalhador.
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1968 – Já na ditadura militar, no 1º de maio, estudantes e trabalhadores se unem para organizar o Dia do Trabalhador. O Governador de São Paulo, Abreu Sodré, alimentava o sonho de suceder Costa e Silva e resolve se promover, autorizando o ato e mandando construir um palanque. Ao chegar à praça, com sua comitiva, é recebido com pedradas e palavras de ordem contra a ditadura, fugindo do local. Os manifestantes queimam o palanque oficial e saem em passeatas pelas ruas da capital.
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1981 - A bomba do Riocentro - A comemoração do 1° de maio, organizada pelo Centro Brasil Democrático (Cebrade), seria realizada no pavilhão do Riocentro. Cerca de 20.000 pessoas já se encontravam no local e aplaudiam um show da Elba Ramalho, quando todo o local foi sacudido por uma explosão. No estacionamento do pavilhão, perto da casa de força do Riocentro, uma bomba explodiu dentro de um carro Puma com dois oficiais do exército. O caso, até hoje, não tem explicação, e os ministros militares anunciaram, na época, que os militares é que teriam sido alvos de um atentado.
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Um 1° de Maio marcante Quando os metalúrgicos do ABC (São Paulo) entram em greve, em abril de 1980, o movimento já tinha algo de diferente, antes mesmo de começar. O adesivo que convocava para a Assembleia era claro: "Chegou a hora! Vamos matar nossa sede." Por seu lado, o governo anunciava sua determinação de reprimir e lembrava que o sindicato já sofrera intervenção em 1979. A Assembleia do dia 30 de março, um domingo, votou pela greve. O movimento começou, e todos sabiam que seria longo e difícil. Um "Comitê de Solidariedade" foi criado e contava com setores da Igreja católica, associações de moradores e setores da esquerda. No dia 17 de abril, às 18:30 h, o Ministro assina o decreto, determinando a intervenção no Sindicato e afastando a diretoria. No dia seguinte, helicópteros do exército sobrevoavam São Bernardo, enquanto tropas da Polícia Militar, com carros "brucutus" e policiais da temida ROTA (polícia do Estado de São Paulo) cercavam o Sindicato. Do outro lado, o movimento ia crescendo e conquistando todo o descontentamento popular contra o regime. A Associação Brasileira de Imprensa, a Ordem dos Advogados do Brasil, a Comissão de Justiça e Paz e centenas de outras entidades e organizações passam a apoiar e mostrar adesão a uma greve iniciada pelos peões do ABC. O 1° de Maio foi comemorado em São Bernardo (eu estive lá) por lideranças de todo o país, mesmo com a sede do Sindicato fechada e sob intervenção. A greve continuava!
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Uma bomba no Memorial No dia 1° de maio de 1989, em Volta Redonda (Rio de Janeiro), os metalúrgicos da Companhia Siderúrgica Nacional - CSN - inauguraram o Memorial projetado por Oscar Niemeyer em homenagem aos três metalúrgicos assassinados pelo exército durante a greve de novembro (09/11/1988). A Central Única dos Trabalhadores - CUT - havia indicado a cidade de Volta Redonda como a sede da comemoração oficial do 1° de maio, e caravanas de trabalhadores chegavam dos Estados próximos para a homenagem. A inauguração do Memorial foi presenciada por cerca de 20 mil trabalhadores que lotaram a praça e as ruas próximas. Na madrugada seguinte, dia 02, por volta das três horas, Volta Redonda acordou com o Barulho de uma explosão... Na praça, centenas de pessoas atraídas pelo barulho olhavam para o Memorial tombado por duas bombas de alto poder explosivo!
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Minha vergonha é ver toda essa história se transformando em um “bingo do trabalhador” ou eu um show musical. Neste Primeiro de Maio vou ficar em casa, talvez chorando por tudo isso.
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