quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

O que seria do Brasil se as Reformas de João Goulart não tivessem sido anuladas pelo Golpe de 1964? * Marlene Soccas/SC

O que seria do Brasil se as Reformas de João Goulart não tivessem sido anuladas pelo Golpe de 1964?
Olá, amigos! Neste vídeo abordaremos as causas do golpe militar de 1964, que foram as tentativas do Jango de fazer reformas muitíssimo importantes, no ramo da Educação, da Saúde, da Economia e do Trabalho, tanto no Campo (Reforma Agrária) quanto na Cidade.
MARLENE SOCCAS/SC

terça-feira, 14 de janeiro de 2025

Dívida Pública: o maior esquema de corrupção institucionalizada no Brasil * Maria Lucia Fattorell/ACD

Dívida Pública: o maior esquema de corrupção institucionalizada no Brasil

MARIA LÚCIA FATORELLI

Programa Com a Palavra 

DÍVIDA PÚBLICA: O MAIOR ESQUEMA DE CORRUPÇÃO INSTITUCIONALIZADO DO BRASIL 

Você já deve ter lido que o Brasil não investe em pastas como saúde e educação, não fomenta a pesquisa e o desenvolvimento pois não há dinheiro no orçamento. E se você soubesse que metade do orçamento do Brasil, mais de 3 trilhões de reais é usado para pagar uma dívida criada pelo governo, com juros altíssimos e nunca auditada por instituições externas desde sua criação, há mais de 25 anos mesmo sendo prevista pela constituição? Pois essa é a luta da Auditoria Cidadã da Dívida Pública, associação sem fins lucrativos e de sua coordenadora, a auditora fiscal aposentada do Ministério da Fazenda, Maria Lúcia Fattorelli, nossa entrevistada no programa.

Segundo Fattorelli, 
a dívida pública brasileira cresce não com gastos governamentais mas sim através de artifícios financeiros que visam engessar o estado a um discurso liberal e que a torna o maior esquema de corrupção institucionalizada brasileira. Com um grupo heterogêneo e qualificado de entrevistadores e mediação da jornalista Sheila Melgarejo o programa "Com a Palavra" promete aprofundar o debate. Não só sobre a questão da Dívida Pública Brasileira e dos Estados, mas também sobre as questões atuais da economia. Como o arcabouço fiscal proposto pelo governo Lula, Orçamento Brasileiro e outras problemáticas atuais macroeconômica brasileira. 


O escândalo da política econômica brasileira

Quanto mais o governo corta na carne do povo para pagar a chamada dívida pública, mais o Banco Central aumenta a Selic. Esse movimento eleva a própria dívida, drenando recursos públicos em um ciclo sem fim.

O mercado faz o que quer, chantageia o governo que, em vez de auditar a dívida pública, segue na mesma trilha de cortes sociais aberta pelos governos anteriores. O arcabouço fiscal e os novos programas de cortes são prova disso.

A cada 1% de aumento na Selic, o gasto com a dívida pública cresce R$ 55 bilhões (Fonte: Banco Central - Dezembro/2024).

O mais grave é que em sua última ata o Banco Central anunciou que pode aumentar os juros em 2 pontos percentuais em janeiro e março/2025, o que triplicaria o rombo, adicionando mais R$ 110 bilhões à dívida pública além dos R$ 55 bilhões, considerando apenas esses poucos meses de dezembro a março! Isso anula qualquer "economia" prometida com cortes sociais, como questiona Maria Lucia Fattorelli:
"O que adianta aprovar um pacote de cortes que economiza cerca R$ 30 bilhões em 2025, se a cada 1% de aumento na Selic o gasto com a dívida pública sobe R$ 55 bilhões?"

Exigimos a auditoria da dívida pública para interromper essa sangria e reverter o escândalo que penaliza a sociedade brasileira.

domingo, 12 de janeiro de 2025

MILITARES QUE DIZEM "NÃO!" * Frente Revolucionária dos Trabalhadores/FRT

MILITARES QUE DIZEM "NÃO!"
STM CONDENOU 2MIL MILITARES:

NEM 1 GENERAL
NEM 1 BRIGADEIRO
NEM 1 ALMIRANTE

"Metrópoles teve acesso ao levantamento com as patentes e os crimes cometidos por militares das três forças nos últimos sete anos.

De 2018 a 2024, o Superior Tribunal Militar (STM) condenou 2.140 militares das Forças Armadas. Nesses sete anos, foram declarados culpados de crimes praças e oficiais de diversas patentes, exceto ocupantes das posições mais altas da carreira nas três forças.

Em levantamento obtido pelo Metrópoles via Lei de Acesso à Informação (LAI), nenhuma das condenações envolveu generais, brigadeiros e almirantes.

Nesse mesmo intervalo, apenas um general de divisão chegou a ser réu em processos finalizados de ação penal militar ou apelação criminal, mas ele acabou absolvido. A sondagem refere-se aos dados atualizados pelo STM até 10 de dezembro de 2024.

Após esse período, o STM condenou um general de brigada a 2 anos de reclusão por corrupção passiva. O oficial é médico, mas já estava na reserva remunerada.

Segundo a denúncia, o general recebeu dinheiro, em três momentos de 2008, de uma empresa que comercializava materiais médicos com o Hospital Central do Exército (HCE), no Rio de Janeiro. Na época, o oficial era tenente-coronel e embolsou R$ 290 mil em valores não atualizados.

Pelo levantamento, foram 1.615 militares do Exército Brasileiro, 281 da Força Aérea Brasileira e 244 da Marinha do Brasil condenados de 2018 a 2024,

Coronéis e outras patentes
Dezessete coronéis formam a mais alta patente a receber condenação, sendo 15 do Exército e dois da Aeronáutica.

Os militares foram considerados culpados por estelionato, corrupção passiva, crimes da lei das licitações, peculato, maus-tratos, falso testemunho ou falsa perícia, violência contra inferior e injúria.

Na Marinha, o cargo correspondente é o de capitão de mar e guerra, mas nenhum com a equivalência teve julgamento resultando em condenação.

CELESTE SILVEIRA
"
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sábado, 11 de janeiro de 2025

ATO PELO TOMBAMENTO DO QUARTEL DA PE NA TIJUCA.RJ * Ana Cristina Campos/Agência Brasil

ATO PELO TOMBAMENTO DO QUARTEL DA PE NA TIJUCA.RJ
Foto: Tomaz Silva/Agencia Brasil
PRESIDENTE DA ABI: OTÁVIO COSTA FILHO
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Um ato em frente ao 1º Batalhão de Polícia do Exército, na Tijuca, zona norte do Rio de Janeiro, reivindica neste sábado (11) a necessidade de tombamento pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) do local com o para instalar ali um centro de memória e resistência contra os regimes de exceção. 

A manifestação foi em memória de Rubens Paiva e de outros 52 mortos ou desaparecidos por ação direta dos agentes do Destacamento de Operações de Informação-Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) do Rio de Janeiro  que funcionava no quartel na Tijuca. Na Praça Lamartine Babo, está instalado o busto de Rubens Paiva, inaugurado em 12 de setembro de 2014, pelo Sindicato dos Engenheiros do Estado do Rio e pela Comissão Estadual da Verdade.

A Associação Brasileira de Imprensa (ABI), o Grupo Tortura Nunca Mais RJ e a ONG Rio de Paz se uniram para realizar o ato com apoio da Justiça Global e da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia Núcleo-RJ.

Segundo a ABI, a proposta de tombamento não visa ofender a instituição do Exército, mas contribuir para que as próprias Forças Armadas se abram para a perspectiva de rever os crimes praticados por seus agentes dentro de suas organizações militares, para que não se repitam nunca mais.

ATO CONVOCADO PELA ABI - 

Associação Brasileira de Imprensa

1 - Ato pede tombamento do quartel da PE onde Rubens Paiva e outros presos políticos foram torturados e mortos   | ABI 

2 - Ato pede centro de memória em quartel que abrigou DOI-Codi no RJ | Agência Brasil 

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quinta-feira, 9 de janeiro de 2025

PERDEU PATRIOTÁRIO * Frente Revolucionária dos Trabalhadores/FRT

PERDEU PATRIOTÁRIO
ABRAÇO NA DEMOCRACIA

Em 2023
Dia oito de janeiro
Os Três Poderes foram invadidos
Por um povo arruaceiro
Incitados por um cara
Covarde e trambiqueiro.

Foi muito grande a arruaça
Que os idiotas fizeram
" Vamos pegar o Xandão "
Foi o que todos disseram
Homens, mulheres, idosos
Deixaram seus afazeres
Iludidos pelo calhorda
Depredaram os Três Poderes

Mas no auge da baderna
Veio a decepção
Pois o presidente eleito
Com elegância e jeito
Declarou intervenção.

Flávio Dino mostrou ser
Um ministro da pesada
Logo conseguiu conter
o estouro da boiada
Que em poucas horas estava
Vacinada e confinada.

Hoje, dois anos depois
Daquela grande anarquia
Voltamos ao mesmo lugar
Desta vez com alegria
Para darmos um grande abraço
Na nossa democracia

Democracia defendida
Por Lula, nosso presidente
Sujeito humilde, simpático
Que é gente da nossa gente
E nosso ato foi pacífico
De uma forma inteligente.

Por aqui vou encerrando
Não consigo falar mais
Só posso dizer contente
DEMOCRACIA PARA SEMPRE
DITADURA NUNCA MAIS!

            Professora Alba, poetisa do entorno
PROFª ALBA VALÉRIA - GO
RESTAURANDO A DIGNIDADE
8 DE JANEIRO
OS GOLPISTAS AINDA ESTÃO AQUI
FERNANDA TORRES CONTRA O GOLPISMO
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terça-feira, 7 de janeiro de 2025

segunda-feira, 6 de janeiro de 2025

LULA, DEMARCAÇÃO JÁ * MinkaComunicação

LULA, DEMARCAÇÃO JÁ

Brasil de Lula Sem demarcação de Terras Indígenas, aumenta violência contra os Avá-Guaranies no Paraná.

Desde sexta-feira, 29 de dezembro, familiares das comunidades Avá Guarani da aldeia Yhovy foram agredidos. Segundo informações das lideranças, eles estão constantemente cercados por criminosos. Eles relatam que o ataque já deixou 4 pessoas feridas. "Os tiroteios estão acontecendo em todos os lugares." Mesmo com a presença da Força Nacional da Região os ataques continuam!

Os Avá Guaraní denunciam que o conflito nesta região remonta à construção da Usina Hidrelétrica Itapú Binacional, quando foram expulsos de suas terras ancestrais, que tentam recuperar e demarcar desde 2018.

Um menino de 4 anos ficou ferido na perna, assim como outro adulto; enquanto um jovem foi ferido nas costas e outro adulto atingido na mandíbula “com munições de grande calibre”, segundo o comunicado do CIMI. As quatro vítimas foram levadas para hospitais. Três deles estão em observação, mas não se sabe o estado de saúde da mulher ferida no maxilar. “Estamos rodeados de pistoleiros, são os mesmos que atacaram no dia 31 de dezembro”, disse um dos líderes comunitários, citado pelo CIMI, mas que manteve o nome anónimo.

Segundo a organização indígena, os ataques começaram no dia 29 de dezembro, continuaram nos dias 30 e 31 do mês passado e o mais recente ocorreu na noite anterior.

Além dos feridos no último ataque, uma mulher sofreu queimaduras no pescoço e outro indígena foi baleado no braço nas agressões anteriores, em que também foram queimadas cabanas e lavouras da comunidade, deixando as famílias "desamparadas, sem comida". ou água potável.

Segundo o CIMI, cada um dos ataques foi denunciado às autoridades competentes. Desde novembro de 2024, o Ministério da Justiça determinou que o FNSP estivesse no território para proteger a integridade da comunidade indígena, porém, os pistoleiros entraram por uma estrada que no momento do ataque não estava sendo vigiada pela força federal.

«Pelo amor de Deus, estamos cercados. Realmente cercado. Cercado por pistoleiros. “Estamos pedindo ajuda”, disse um dos Avá Guarani em áudio enviado após os acontecimentos, e também denuncia que se a polícia não agir não saberia quantos deles seriam afetados.

Outro áudio descrito pelo Brasil de Fato narra: «Estamos mesmo sendo atacados. Alguém acreditará? Até quando dirão que foi só um foguete? Estamos cansados ​​de tudo isso. Estamos cansados ​​de ver que até crianças são baleadas”, aludindo às dúvidas das autoridades que se calam face aos ataques. Da mesma forma, afirmou que o município de Guaíra trata os Avá Guaraní como terroristas.

«Estamos à mercê de toda esta violência. “Vivemos na era da pólvora, na era da bala”, lamentou nos áudios uma das indígenas vítimas de agressões.

O Ministério dos Povos Indígenas condenou neste sábado os ataques contra o povo Avá Guarani e disse que acompanha de perto a situação.

Destacou ainda que mantém um diálogo permanente com o Ministério da Justiça para “a investigação imediata” dos grupos armados que operam na região.

O ministério disse que desde o primeiro ataque solicitou que fosse reforçada a presença da Força Nacional na região “para evitar atos de violência contra os povos indígenas que se mobilizam para garantir os direitos às suas terras”.

Segundo o ministério, os Avá Guaraní realizam a recuperação de terras desde o final da década de 1990, depois que seus territórios foram invadidos por “povos não indígenas” desde 1930 e foram “gravemente afetados” pela construção da Usina Hidrelétrica de Itaipú. na década de 1980.

Atualmente, duas áreas ocupadas pelos Avá Guaraní estão em processo de regularização: a Terra Indígena Tekoha Guasu Guavira e a Terra Indígena Ocoy-Jacutinga, esta última em fase de estudo.

A escalada de violência contra o povo Avá-Guarani tem se ampliado cada vez mais nos municípios de Guaíra e Terra Roxa, na região oeste do Paraná. Além da discriminação que os membros da etnia recebem nas cidades, da falta de alimentos, segundo denúncias chegam a receber cestas vencidas do poder público municipal, há também um aumento no número de ataques de bandidos no cidades. a pedido dos ruralistas. O aumento da violência faz parte da reação da agroindústria monocultural da região para garantir a expulsão dos povos indígenas da região e assim garantir a manutenção do roubo e saque das terras dos Avá-Guarani que lutam em os tribunais, desde 2009, para a demarcação da Terra Indígena (TI) Tekoha Guasu Guavirá. Atualmente, na região existem 17 tekohás, termo em guarani usado para designar seus territórios, mas que já não sustenta todas as famílias indígenas. Por isso, estão retomando parte da área já delimitada pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), mas com o processo de demarcação paralisado pelo Marco Temporário.

Fonte: EFE e CIMI

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sábado, 4 de janeiro de 2025

ALEJANDRO ASTORGA VALDÉS REPOUSA NA ETERNIDADE * Leonardo Quintana/Liberacion - Chile

ALEJANDRO ASTORGA VALDÉS REPOUSA NA ETERNIDADE
Leonardo Quintana

No primeiro dia deste ano de 2025 nos deixou o Janus, Alejandro Luis Astorga Valdés, renquino de coração, militante popular da revolução chilena e filho pródigo da Pátria Grande.

Jano morreu às 23h30 do dia 1º de janeiro de 2025, devido a tumores cerebrais tremendamente agressivos, que foram detectados há 4 meses e desapareceram lentamente. Ele estava inconsciente desde sábado, 28 de dezembro.

Esta doença veio tão rapidamente e levou-o embora tão rapidamente. Seus filhos mais velhos, Fabián e Sebastián, moram no exterior. Cristian em Santiago, que esteve com ele dia após dia. Foram estes os filhos que teve com a companheira da comuna de Renca da região Metropolitana, a magrinha Mónica.

Conheceu a magra Mónica em tempos de ditadura, travando uma luta frontal contra o poder de facto, em Renca. Foram lutas muito grandes, onde organizações sociais de todos os tipos, saúde, habitação, partidos políticos, associações de bairro, entre outras, se uniram numa grande frente.

Foi assim que nasceu a Coordenação das Organizações Renca, que incluía organizações sociais, de direitos humanos e políticas, constituindo assim uma significativa frente de luta pelo fim da ditadura militar.

Jano formou-se no Centro Cultural Tamaru, onde muitos jovens se interessaram em dar sua contribuição contra a ditadura e cuja organização contava com o apoio do Cenpros. Assim, muitos jovens continuaram a sua luta em diferentes partidos políticos. Jano interessou-se e foi recrutado por uma das facções do Movimento de Esquerda Revolucionária (MIR), que sempre o acompanhou.

Foi no final da década de 80 que Jano se juntou a uma das facções do MIR, quando esta organização se encontrava em processo de dissolução. Seu ímpeto revolucionário logo o fez partir para o Peru, com um grupo de companheiros de origem vermelha e negra, para ingressar no Movimento Revolucionário Tupac Amaru (MRTA), tornando-se membro das Forças Especiais do MRTA, órgão encarregado das operações político-militares. de maior complexidade.

Em 1993, Jano participou de diversas ações, entre elas a retenção involuntária do empresário Raúl Hiraoka. Ele foi capturado em outubro daquele ano, junto com um total de seis emerretistas chilenos, quatro homens e duas mulheres.

Foi condenado à prisão perpétua em 1994, acusado de “traição”, por um tribunal sem rosto. Posteriormente, em 2003, foi condenado a 15 anos de prisão, obtendo liberdade condicional em 2005.

Teve um relacionamento com quem mais tarde se tornaria Ministra da Mulher, a companheira Anahí Durand, com quem teve uma filha, Amanda, que viajou para ver Jano e com quem manteve um relacionamento próximo.

Em dezembro de 2008 foi expulso do Peru, retornando ao Chile. ​No total cumpriu 15 anos de prisão no país inca, onde também teve que lutar contra os preconceitos dos peruanos contra os chilenos devido ao ódio criado pelo poder.

Depois de tanto procedimento, cumprindo muitos anos de prisão, conseguiu ser libertado. Mas eles o perseguiam constantemente e ele teve que se esconder, após o que conseguiu ser levado para a fronteira. Ele estava nessas aventuras quando a polícia veio prendê-lo.

Quando Jano e seus companheiros chilenos foram transferidos para a prisão de Puno, na alta cordilheira, foram maltratados e mantidos incomunicáveis ​​por mais de 8 meses, deixando um dos companheiros gravemente ferido.

Foi no Peru, e com a experiência do MRTA, sua escola prática, que Jano desembarcou no ativismo e na reflexão. Foi também nas prisões peruanas que sofreu espancamentos particularmente violentos devido à sua condição de subversivo, além de ser chileno. Jano dedicou sua vida ao Peru e à experiência Tupacamarista. Lá ele amou e foi amado, teve sua filha Amanda, já adolescente, que o acompanhou até o fim.

Veio ao Chile para se juntar à família e aos filhos, que não o viam desde pequenos. Aderiu para participar, apoiando a luta do povo Mapuche. E no meio disso conheceu amorosamente uma companheira, daí nasceu Pedro, hoje com 12 anos, o mais novo de seus filhos.

Em 2013, Jano foi capturado, portando um rifle e uma granada, após participar de um assalto ao Banco Santander, em Pudahuel, Santiago, Chile, iniciando um período de confinamento de seis anos na Prisão de Alta Segurança (CAS) e depois. na Colina 1.

Cumpriu 11 anos de prisão, sempre recebendo a visita de filhos, amigos e familiares. Deram-lhe liberdade há alguns anos, que ele desfrutou com amigos e colegas, relembrando as lutas passadas, sentindo que os riscos assumidos não foram em vão, que o maior triunfo foi afastar Pinochet, embora a ditadura não tivesse terminado.

Por seu caráter simples, direto, bom amigo, Jano conquistou o respeito de todos nós que o conhecemos desde quase crianças, segundo a magrinha Mónica (companheira de festa e mãe de seus filhos), que é quem conseguiu resumir a vida e os caminhos de Janus.

Janus deixou 5 filhos. Mas ele também deixou 5 netos e, portanto, pode-se concluir que nós, revolucionários, temos muito amor para dar.

Houve quem, juntamente com a sua família, conseguisse despedir-se dele e dar-lhe em vida o reconhecimento do seu compromisso internacionalista e da sua ética e moral combativas expressadas durante os longos anos de prisão.

No final de sua vida, mensagens foram enviadas para a irmã de Jano e em seus momentos de lucidez Jano pôde ouvir e se alegrar com os cumprimentos e o carinho de seus companheiros. Avise Jano nestas horas que ele está partindo envolto no amor e no respeito de seus companheiros.

Nesta quinta-feira, 2 de janeiro de 2025, a partir das 17h, o velório será realizado em sua casa, Pasaje Tupungato Nº 1352, Población Robinson Rojas, Renca.
FONTE
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terça-feira, 31 de dezembro de 2024

O QUE É OLIGARQUIA * Roniel Sampaio-Silva/Café com Sociologia

O QUE É OLIGARQUIA

A oligarquia é um conceito político que descreve um sistema de governo onde o poder está centralizado nas mãos de um grupo restrito de indivíduos ou famílias. Este grupo, frequentemente composto por elites financeiras, políticas ou sociais, exerce controle significativo sobre as decisões políticas, econômicas e sociais de uma sociedade. A palavra “oligarquia” tem raízes etimológicas no grego antigo, combinando “oligos” (poucos) e “arkein” (governar), denotando claramente a governança por uma minoria.

Essa forma de governo se distingue pela exclusividade no acesso ao poder. Os membros da oligarquia geralmente mantêm sua influência por meio de uma combinação de riqueza, conexões familiares, controle de recursos cruciais ou domínio sobre instituições-chave do Estado. Esse controle estreito muitas vezes resulta em políticas que beneficiam os interesses do grupo oligárquico em detrimento das necessidades e aspirações da maioria da população.

Historicamente, a oligarquia tem sido observada em várias formas e contextos. Na Grécia Antiga, algumas cidades-estado eram governadas por uma elite aristocrática, onde apenas os cidadãos com determinado status social e financeiro tinham voz ativa na política. Na Idade Média europeia, algumas monarquias também se inclinavam para uma forma de oligarquia, onde conselhos de nobres detinham grande influência sobre os reis.

Nos tempos modernos, embora muitas sociedades se autodenominem democráticas, a presença de oligarquias ainda é percebida. Em muitos casos, a influência financeira desproporcional de certos grupos ou corporações pode moldar as políticas governamentais, influenciando a legislação em seu favor e mantendo um controle indireto sobre as decisões políticas.

A concentração de poder nas mãos de poucos pode resultar em diversas consequências prejudiciais para a sociedade. Uma delas é a perpetuação da desigualdade. As políticas favorecendo a oligarquia podem reforçar divisões econômicas, levando a disparidades sociais cada vez maiores. A falta de representação igualitária também pode minar os princípios democráticos, corroendo a confiança das pessoas nas instituições políticas.

A corrupção é outra preocupação grave em sistemas oligárquicos. Quando um pequeno grupo detém poder absoluto, o risco de corrupção aumenta, com decisões sendo tomadas em benefício próprio em vez de visar o bem-estar coletivo. Isso pode minar a justiça, criar um ambiente de impunidade e impedir o desenvolvimento equitativo da sociedade.

Combater a oligarquia muitas vezes demanda reformas profundas. É essencial fortalecer as instituições democráticas, garantindo a transparência e prestação de contas no governo. Medidas para limitar a influência do dinheiro na política, promover a igualdade de oportunidades e facilitar a participação cívica são passos cruciais na direção de uma sociedade mais justa e equitativa.

Entretanto, desmantelar estruturas oligárquicas não é tarefa simples. A resistência por parte dos grupos no poder pode ser feroz, e mudanças reais podem enfrentar obstáculos consideráveis. Educação cívica, mobilização social e um compromisso contínuo com os valores democráticos são essenciais para promover mudanças significativas e sustentáveis.

Diante do exposto, a oligarquia representa uma forma de governo onde o poder está nas mãos de poucos, criando desequilíbrios de poder, desigualdades e possíveis abusos. Superar os desafios impostos por esse sistema requer um esforço coletivo para fortalecer as bases democráticas, garantir a representação justa e construir uma sociedade mais inclusiva e igualitária.

CONFERINDO...
MERCADO FINANCEIRO
GRANDES EMPRESÁRIOS OLIGARCAS NO BRASIL
OLIGARQUIA PERUANA,
trabalho da Doutora Fabiola Gallegos.Peru
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segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

Nubank, uma articulação que apoia a extrema direita brasileira * Sindicato dos Bancários de Brasília-DF

Nubank, uma articulação que apoia a extrema direita brasileira

As instituições bancárias servem aos interesses do grande capital, como é o caso da fintech, o Nubank, que busca preservar a estrutura social, evitando que as classes trabalhadoras adquiram a necessária consciência histórica de classe. São inúmeros os instrumentos utilizados pela classe dominante para manter a alienação e ignorância política das classes trabalhadoras, sendo as financeiras instrumentos que apoiam a extrema direita, que busca manter o status quo e garantir a alienação do povo.

Alguns dirigentes do Nubank têm circulado opiniões e replicado as produções da Brasil Paralelo, em claro apoio a propagação da extrema direita. O apoio ao Brasil Paralelo, um dos pilares de circulação da intensa propaganda de mentiras, ódio e desinformação, fundamentados na manipulação da história, negacionismo, defesa do status quo, manipulação das conquistas e lutas das classes trabalhadores, que sustentam o racismo, machismo, misoginia, xenofobia e violência é uma das causas dos retrocessos que a sociedade enfrenta. O Nubank ao apoiar o Brasil Paralelo atua contra quem questiona às injustiças sociais ou luta por direitos, pela dignidade humana e contra o poder econômico, que se utiliza do fascismo – a vanguarda da violência contra a classe trabalhadora, sendo parte dos propagadores das ideias da extrema direita e sustentadores das desigualdades impostas pelo Mercado.

Uma da fundadoras do Nubank, Cristina Junqueira, conforme matéria divulgada pela revista Veja, afirmou sua concepção racista durante entrevista no Programa Roda Viva, da TV Cultura, disse que a fintech “não podia nivelar por baixo no momento da contratação de negros”, assim mostrou publicamente a linha de contratações da startup. A declaração racista foi dita em outubro de 2020. Se não bastasse, Junqueira divulgou em sua conta no Instagram, como mostrou o site Intercept, um evento da produtora Brasil Paralelo. As posições em apoio a extrema direita não param por aí. Foram publicadas notas da direção do Nubank dizendo que erraram, mas em nenhum momento negaram o que a cofundadora do Nubank afirmou. David Velez, um dos três fundadores do Nubank, circulou uma nota para os funcionários da empresa em defesa de Junqueira, disse na nota que há uma campanha contra quem “promove pontos de vista diferentes”. Segue a mesma linha do Brasil Paralelo, manipula os fatos sobre quem propaga o negacionismo e discursos de mentira e ódio.

As posições reacionárias e de extrema direita relacionadas à política do Nubank não começaram por aí. Em 2016, o engenheiro de software do Nubank, Konrad Scorciapino, fez publicações xenofóbicas nas redes sociais, escreveu: “A Dinamarca tem um problema de estupro. O problema do estupro é causado por diversidade. #DiversidadeÉEstupro”. O Nubank tentou esconder e acobertou o seu engenheiro de software, que, após a publicação ainda continuou por dois anos na financeira. Scorciapino saiu do banco e se tornou dirigente do Brasil Paralelo, onde segue como um dos diretores. Importante ressaltar que o grupo gasta em torno de R$ 26,6 milhões com anúncios. É o que “mais gasta com publicidade em redes sociais do Meta (bem mais que o governo federal) e no Google”, aponta o Brasil de Fato.

A história da ligação de Scorciapino com a extrema direita é bem anterior. A matéria do Brasil do Fato mostrou que ele foi um dos fundadores do site 55chan, período em que era chamado de “herói” e dito por seus seguidores que “revolucionou a vida de várias pessoas”. O chan ficou conhecido do público devido a grande quantidade de conteúdo que se enquadra como criminoso no Código Penal. Quando cinco alunos e duas funcionárias foram assassinados, em março de 2019, em uma escola em Suzano (SP), a plataforma publicou “louvações aos atiradores, lamentando que não mataram mais, e colocou para tocar automaticamente no site uma música sobre um jovem que atira em colegas – Pumped Up Kicks, da banda Foster The People”. Durante o período de Scorciapino no chan divulgaram fotos manipuladas de uma das filhas da deputada Maria do Rosário (PT-RS), além de permanente difamação de quem eles apontam como inimigos. “Por isso os chans são frequentemente utilizados como espaços para planejamento de ataques na vida real, como aconteceu em Suzano, em São Paulo, e Christchurch, na Nova Zelândia, e em tantos outros episódios de tiroteios em massa.”

O Nubank, mesmo com todas essas informações públicas, tentou esconder a prática criminosa do seu engenheiro de software. Scorciapino ficou até 2018, período em que era conhecido como o “Santo K”.

A postura do Nubank esconde seus verdadeiros compromissos

Com a propagação crescente de denúncias da relação dos dirigentes do Nubank com estruturas da extrema direita, a direção tentou esconder ou tergiversou sobre os atos praticados pela cofundadora, Cristina Junqueira, e seu ex-engenheiro de software, Scorciapino. Isso provocou uma debandada de clientes cancelando suas contas no banco. A nota divulgada por Davi Veléz aos funcionários diz que é preciso revisar as políticas de comunicação, chegou a dizer que a empresa está em “modo de crise ativado, ao mesmo tempo que saiu em defesa de Cristina Junqueira.

Vélez minimizou o post pró-Brasil Paralelo compartilhado por Junqueira, alegou a importância da pluralidade de ideias e liberdade de opinião, “ideias ruins são combatidas com ideias melhores, não com censura ou intolerância”. Para Velez vale combater a verdade dos fatos com a propagação de mentiras, segundo ele “ideias melhores”, isso significa combater a realidade com a difusão de inverdades, ou seja, um discurso paralelo à realidade, a especialidade dos propagadores de fakenews e do negacionismo. Este é o papel do Brasil Paralelo, uma fábrica de propaganda política e ideológica contra os progressos da sociedade e as conquistas da classe trabalhadora, um instrumento que atua para formar um pensamento antiprogressista, de negação de direitos e da diversidade da sociedade brasileira.

O Nubank em 11 anos conseguiu fazer seu capital crescer de forma vertiginosa, utilizando-se da tecnologia para ter ganhos, aplicando taxas de juros estratosféricas, praticando verdadeira agiotagem, o que tem levado milhares de correntistas a buscar auxílio jurídico contra a financeira e o apoio de órgãos de proteção ao cliente. As ações, como mostrado pela advogada Michele Rodrigues crescem, com o aumento de ações judiciais, denunciando o que vai além da permanente prática da usura e agiotagem. O Nubank tem sido parceiro de setores mais atrasados e agressivos contra os trabalhadores, negros e mulheres, com seus diretores reforçando a difusão das mentiras e sustentação do fascismo, como faz o Brasil Paralelo. É preciso ficar atento, acompanhar o que ocorre e esperar que o Estado brasileiro atue para barrar esses crimes de difusão do ódio e intolerância, além de punir a prática ilegal da agiotagem.

Michele Rodrigues alerta que a enorme quantidade de ações contra o Nubank “está prejudicando a tramitação de processos no Poder Judiciário, o que poderia ser evitado pelo Banco Central, caso baixasse uma normativa para disciplinar o banco, impondo regras claras para evitar o abuso contra os clientes, também caberia multas com valores elevados, o que evitaria tantas irregularidades”. A imensa maioria das ações que foram julgadas tem condenado o banco a ressarcir os clientes lesados.

Ivan Amarante, diretor do Sindicato dos Bancários de Brasília, diz que “em novos tempos, a avaliação de uma empresa vai além do desempenho econômico. A forma como a empresa realiza suas atividades, suas escolhas de investimentos e as maneiras de divulgação revelam seu verdadeiro objetivo”. Continuando diz que, “no caso do Nubank, observamos que suas escolhas servem a grupos não democráticos e a veículos de disseminação de fakenews. Por isso, é fundamental que as pessoas avaliem a empresa como um todo, considerando suas ações e seus valores, e se perguntem: “É esse tipo de empresa que eu quero apoiar e com a qual quero me associar?”

Não à toa, milhares de pessoas tem cancelado suas contas no Nubank, depois da postagem de Cristina Junqueira, uma resposta concreta à política de agiotagem e de apoio aos setores mais reacionários e retrógrados da sociedade brasileira representado pelo Brasil Paralelo.

CONFERINDO...
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sexta-feira, 27 de dezembro de 2024

A Internacional - Garotos Podres/Youtube

A INTERNACIONAL
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GAROTOS PODRES/YOUTUBE

Clandestina: A Coragem e a Resistência Feminina na Ditadura Brasileira * Paulo Canabrava Filho/Youtube

Clandestina: A Coragem e a Resistência Feminina na Ditadura Brasileira

O livro Clandestina, de Ana Corbisier, é uma obra única que ilumina a participação feminina na resistência à ditadura militar no Brasil, uma história frequentemente esquecida ou obscurecida.

Para falar sobre o lançamento desse livro que ocorreu no último dia 10,no Armazém do Campo do MST, o jornalista _*Paulo Cannabrava Filho*_ conversa com a autora do livro, _*Ana de Cerqueira César Corbisier.*_

Você acompanha essa conversa no “ _*Dialogando com Paulo Cannabrava”*_ especialmente nessa *quarta-feira (18), às 17h,* na *TV Diálogos do Sul Global.*

O livro Clandestina, de Ana Corbisier, é uma obra única que ilumina a participação feminina na resistência à ditadura militar no Brasil, uma história frequentemente esquecida ou obscurecida. Em contraste com as inúmeras memórias publicadas por homens, o relato de Ana destaca a presença ativa e decisiva das mulheres na guerrilha e na clandestinidade. A autora narra suas experiências com autenticidade, desde os treinamentos em Cuba até os desafios enfrentados no Brasil, oferecendo um olhar sincero e vibrante sobre a luta por liberdade em tempos de repressão. É uma história de coragem e aprendizado, contada com intensidade e alegria, mesmo em meio às adversidades. A trajetória de Ana é marcada por eventos de grande impacto, como sua atuação logística na ALN (Ação Libertadora Nacional) e a fuga que a levou a viver uma década no exílio, inicialmente em Paris. Com episódios como o resgate de um companheiro ferido durante um tiroteio e os desafios de estar desconectada da organização após deixar o país, Clandestina revela o lado humano e resiliente da militância. Mais do que uma memória, o livro é um convite para refletir sobre o papel das mulheres na luta contra a opressão e o peso do esquecimento histórico que recai sobre elas. Para falar sobre o lançamento desse livro que ocorreu no último dia 10,no Armazém do Campo do MST, o jornalista Paulo Cannabrava Filho conversa com a autora do livro, Ana de Cerqueira César Corbisier. Em sua história de vida Ana, nascida em São Paulo, capital, relata como na década de 60 trabalhou como assistente de produção na TV Cultura e passou a integrar a ALN (Ação Libertadora Nacional) atuando no GTA (Grupo Tático Armado). Como exilada Ana morou na França e em Cuba onde fez treinamento de Guerrilha e viveu algumas das mais enriquecedoras experiências de sua existência. Além de exilada, precisou viver por muitos anos na clandestinidade.

CLANDESTINA
PAULO CANABRAVA FILHO

sexta-feira, 20 de dezembro de 2024

LEGADO DO GOLPISMO NO BRASIL * Bruno Fabricio Alcebino da Silva/Le Monde Diplomatique

LEGADO DO GOLPISMO NO BRASIL
Bruno Fabricio Alcebino da Silva/Le Monde Diplomatique

Finalmente, o inevitável aconteceu: o ex-presidente Jair Bolsonaro foi indiciado pela Polícia Federal por tentativa de golpe de Estado, acompanhado de um séquito de 36 indivíduos, muitos deles militares de alta patente, os “fardados”. Entre os acusados, destacam-se os generais da reserva e ex-ministros do governo Bolsonaro — Walter Braga Netto, Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira. O caso, que já é considerado um dos mais graves ataques à democracia brasileira desde o fim da ditadura militar, contanto com o infame 8 de janeiro, e expõe não apenas as ambições golpistas do grupo, mas também as feridas históricas ainda abertas no Brasil em relação à presença dos militares na política.

O relatório da Polícia Federal, recentemente divulgado e remetido ao Supremo Tribunal Federal (STF), descreve com riqueza de detalhes as articulações de um plano que incluía o assassinato de líderes democráticos como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do STF Alexandre de Moraes. No vácuo de poder gerado por esses atos, o governo seria assumido por uma junta militar comandada por Braga Netto e Heleno.

Além dos “fardados” citados, a lista dos indiciados inclui uma ampla rede composta por militares de diferentes patentes, policiais federais e civis ligados a Bolsonaro. A maioria possui uma ligação direta com a Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), o berço da formação militar que moldou várias gerações de líderes castrenses, incluindo o próprio ex-presidente.

A arquitetura do golpe

A tentativa de golpe revelada pela Polícia Federal, não foi fruto de improviso ou espontaneidade, mas uma operação cuidadosamente planejada e estruturada em torno de seis núcleos com funções bem definidas. Esses grupos, articulados de maneira estratégica, operaram com o objetivo de minar o sistema democrático brasileiro e consolidar uma ruptura institucional entre o final de 2022 e início de 2023. Conforme o relatório da PF (p.179), o golpe visaria impedir um cenário de ameaça a qual “em suposta defesa da democracia, (objetivaria) controlar os 3 poderes do país e impor condições favoráveis para apropriação da máquina pública em favor de ideologias de esquerda ou projetos escusos de poder”.

O Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral seria central para deslegitimar o processo eleitoral. Através de uma campanha massiva de fake news sobre as urnas eletrônicas, buscava-se criar um ambiente de desconfiança e instabilidade, alicerçando a narrativa golpista. Paralelamente, o Núcleo de Incitação Militar tentaria mobilizar o apoio dentro das Forças Armadas, instrumentalizando-as como peça-chave para a concretização do golpe.

No campo jurídico, o Núcleo Jurídico desempenharia um papel crucial ao elaborar pareceres e documentos que buscavam conferir um verniz de legalidade à ruptura institucional. Já o Núcleo Operacional de Apoio seria responsável pela logística, coordenando recursos e movimentações necessárias para sustentar as ações golpistas.

A estrutura também contava com o Núcleo de Inteligência Paralela, que realizou espionagem ilegal e monitorou clandestinamente opositores, e com o Núcleo Operacional de Medidas Coercitivas, encarregado de planejar atos de violência extrema, incluindo os assassinatos de líderes democráticos.

Essa organização, meticulosa e sustentada de forma ilegal pelo aparato do Estado, utilizou redes de comunicação clandestinas e contou com o envolvimento de figuras do alto escalão do governo anterior. A operação evidencia não apenas a gravidade da ameaça à democracia, mas também a sofisticação de um plano que, embora frustrado, deixa marcas profundas na política brasileira.

Os golpistas: entre fardas e gabinetes

O envolvimento das Forças Armadas no esquema golpista é evidente e alarmante. Dos 37 indiciados pela Polícia Federal, 25 possuem vínculos diretos ou carreiras iniciadas nas Forças Armadas, destacando a centralidade dos militares na articulação do plano. Generais de alta patente, como Braga Netto e Augusto Heleno, que desempenharam papéis estratégicos no governo Bolsonaro, foram apontados como os principais arquitetos da tentativa de ruptura democrática. O almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha, o general Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa, e o coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente, também representam outros exemplos notórios da extensão do comprometimento militar com o esquema.

Um aspecto crítico é a conexão de muitos desses envolvidos com a Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), o principal centro de formação de oficiais do Exército Brasileiro. Essa ligação lança luz sobre a cultura e os valores disseminados na instituição, que tradicionalmente enfatiza um patriotismo rígido e, por vezes, enviesado. Tal formação pode ter reforçado uma visão deturpada de que as Forças Armadas teriam um papel legítimo como árbitro das crises políticas, alimentando ideias intervencionistas e antidemocráticas. É crucial afirmar que o papel das Forças Armadas é de defesa da soberania nacional e da integridade do Estado, e não de interferir nas questões políticas internas, muito menos de promover ou apoiar ações que atentem contra a ordem democrática.

O envolvimento de civis no esquema complementa o quadro sombrio. Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, e Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), desempenharam papéis fundamentais na execução de operações clandestinas. Ambos foram acusados de liderar a chamada “Abin Paralela”, uma estrutura de espionagem ilegal que visava monitorar opositores, coletar informações privilegiadas e desestabilizar o sistema democrático. Esse aparato clandestino foi denunciado como um dos instrumentos mais sofisticados do plano golpista, evidenciando a integração entre civis e militares na tentativa de subverter a ordem institucional.

Essa colaboração entre militares e civis expõe as ramificações do esquema, que se alimentou de redes de influência, recursos públicos e um aparato ideológico consolidado. Mais do que uma conspiração isolada, tratou-se de um projeto articulado que uniu diferentes setores em torno de uma agenda autoritária, cujo objetivo final era corroer os alicerces da democracia brasileira.

O relatório da PF será encaminhado à Procuradoria-Geral da República (PGR), que decidirá se prossegue com as denúncias contra os envolvidos. Caso sejam aceitas, as acusações podem resultar em penas severas, variando de 4 a 12 anos de prisão para cada crime, como tentativa de golpe de Estado, organização criminosa e abolição violenta do Estado Democrático de Direito. Esse episódio, entretanto, não se limita ao campo jurídico; ele acende um debate crucial sobre a persistência de práticas autoritárias no Brasil e o papel das Forças Armadas na democracia.

O Golpe de 1964 e o legado militar

As tentativas de golpe em 2022-2023 ecoam as sombras de 1964, quando o Brasil viu sua democracia ser derrubada por um regime militar que governaria o país por mais de duas décadas. Assim como naquele período, a narrativa de instabilidade institucional e a “ameaça comunista” foram usadas como justificativas para a intervenção.

Após a redemocratização, a Constituição de 1988 buscou limitar a atuação política das Forças Armadas, reafirmando seu papel restrito à defesa da soberania nacional. Contudo, a anistia ampla e irrestrita concedida aos militares responsáveis por crimes durante a ditadura deixou marcas profundas, permitindo que a influência castrense permanecesse latente nas estruturas do poder civil. Essa presença, em vez de ser gradualmente desfeita, foi reforçada durante o governo Bolsonaro, que trouxe dezenas de oficiais para postos estratégicos, consolidando uma militarização preocupante da administração pública e reavivando práticas autoritárias que deveriam ter sido definitivamente superadas.

Esse fortalecimento das forças militares e o discurso de extrema direita encontram terreno fértil na polarização política e no descrédito em relação às instituições democráticas. Durante o governo do ex-presidente, o incentivo ao negacionismo, a militarização de cargos civis e a retórica golpista contribuíram para criar um ambiente favorável a ações como as investigadas pela PF.

A ascensão da extrema direita e a militarização da política

O apoio de segmentos das Forças Armadas e da polícia à extrema direita não é um fenômeno isolado. Ele reflete uma tendência global em que forças conservadoras e autoritárias encontram respaldo em grupos armados para contestar processos democráticos. No Brasil, essa aliança foi fortalecida por Bolsonaro, que exaltava símbolos militares e discursos antidemocráticos.

A relação estreita entre os militares e a extrema direita brasileira transcende uma mera afinidade ideológica, configurando-se também como uma aliança pragmática de interesses mútuos. Muitos dos indiciados por envolvimento nas tentativas golpistas estavam diretamente associados a escândalos de corrupção, incluindo o desvio de recursos públicos e a venda ilegal de bens do governo. O golpe, nesse contexto, não era apenas um ataque à democracia, mas uma estratégia desesperada para blindar esses grupos de investigações e de uma eventual responsabilização judicial, especialmente diante da ascensão de um governo progressista comprometido com a transparência e o combate à corrupção.

Uma janela de oportunidade para o Brasil

O indiciamento de Jair Bolsonaro e seus aliados representa mais do que a responsabilização individual por atos golpistas: é uma oportunidade histórica para que o Brasil enfrente, de uma vez por todas, sua relação problemática e ambígua com o militarismo. A consolidação da democracia brasileira exige que as instituições encarem esse momento com firmeza, garantindo que tais crimes não apenas sejam punidos, mas que sirvam de alerta contra a perpetuação de práticas autoritárias. A resposta institucional a esses eventos será um divisor de águas: definirá se o país permanecerá refém das sombras do passado ou avançará rumo a um futuro pautado pela justiça, igualdade e respeito às liberdades fundamentais.

O período turbulento de 2022-2023, com a recente descoberta da arquitetura de golpe e o infame 8 de janeiro, já deixou marcas na história, mas seu legado ainda está em disputa. O Brasil tem a chance rara de transformar essa crise em um marco de resistência democrática, reafirmando o compromisso com os valores republicanos e a ordem constitucional. O futuro de nossa democracia será escrito por aqueles que, com coragem e clareza, decidirem que o Brasil deve ser governado pelo povo e para o povo, e não pela sombra de um regime autoritário e dos “fardados” golpistas. Não à anistia!

Bruno Fabricio Alcebino da Silva é bacharel em Ciências e Humanidades e graduando em Ciências Econômicas e Relações Internacionais pela Universidade Federal do ABC, pesquisador do Observatório de Política Externa e Inserção Internacional do Brasil (OPEB), em mobilidade-acadêmica na Universidad de la República (UDELAR) em Montevidéu, Uruguai.
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