segunda-feira, 18 de novembro de 2024

Ambientalismo, identitarismo e outros modos de extinguir um país / Pedro Augusto Pinho/PÁTRIA LATINA

Ambientalismo, identitarismo e outros modos de extinguir um país
Pedro Augusto Pinho*

Não apenas com terra e gente se constrói um País. É preciso mais, muito mais, estando na base desta construção a formação da cultura, a alma de um povo. E como se dá esta construção? A partir da condição única que está na relação das pessoas com a realidade do mundo que a cerca. Esta forma de se relacionar com o ambiente que está na base da cultura nacional, ou seja, nos relacionamentos e entendimentos que as pessoas têm entre si e com o meio ambiente.

Assim há civilizações que necessitam de um ser superior, supremo, imaginado para fazê-las entender o mundo e a vida, são as teístas. Outras acreditam no homem, e dispensam divindades, são ateístas ou irreligiosas.

Sem terra, homem e cultura, a aglomeração das pessoas em qualquer território será uma colônia, ou de um país, ou de uma ideologia, ou de um poder que se imponha como a tecnologia, a riqueza, até a audácia de qualquer aventureiro.

Partimos da existência de um País. Quais as mais urgentes necessidades? O modo de relacionamento entre as pessoas e a produção de energia para suas existências.

Iniciemos pela energia.

Existem as energias que podem ser guardadas para uso quando necessárias e aquelas que se perdem após sua produção, ou seja, são produzidas para consumo imediato. Nestas últimas há as de produção permanente e as de produção intermitente.

Já nesta classificação se observa que um tipo de energia é a mais desejada, a que com toda certeza leva o homem a buscá-la e garanti-la para seu País. Esta energia é a de origem fóssil e da biomassa.

De origem fóssil tem-se o carvão mineral e o petróleo, este último em três condições: líquida (óleo ou simplesmente petróleo), gasosa (gás natural) ou de xisto e folhelhos ou areias betuminosos.

Da biomassa são muitos produtos vegetais, inclusive resíduos agrícolas, que podem ser usados como insumo na produção de energia.

Há também outra energia com a mesma característica permanente, que vem da tecnologia da manipulação do átomo, a energia da fissão e da fusão nuclear, as energias atômicas.

Nesta simples exposição das energias já se observa sua importância para vida humana, ou seja, que não pode ficar ao sabor de outros interesses que não sejam da permanente disponibilidade para os habitantes daquele território que constitui seu País. Ela é de todos e precisa ser administrada por todos, isto é, pelo Estado Nacional que os representa.

Entramos na segunda grande questão: como estabelecer a disciplina dos relacionamentos entre as pessoas.

Muito da história da humanidade é narrada pelos diversos modos tentados por todos os povos ao longo de suas existências. Ainda não se chegou a qualquer consenso, porém há padrões que podem ser considerados basilares desta construção. E deles decorrem os dois modelos que conhecemos no século em que vivemos, o 21º da Era Cristã, para grande parte da humanidade. Porém poderíamos também denomina-lo do 22º milênio, desde quando os primeiros homens abandonaram seu berço natal, o país hoje denominado Etiópia, no continente africano, e saíram povoando todo restante do mundo.

Um é o modelo teísta, adotado, por exemplo, por países inimigos como Irã, Israel e Arábia Saudita. Outro é o ateu, que surge na grande potência do mundo atual, a China. Porém é formalmente adotado por grande número de Estados Nacionais, especialmente no ocidente capitalista, que se definem constitucionalmente como laicos, como o Brasil.
Cuidemos, inicialmente, da questão energética e das farsas que acompanham a luta pelo poder neste tão vital segmento de nossa existência.

A QUESTÃO ENERGÉTICA

A utilização do carvão mineral como fonte primária de energia teve início por volta de 1760, com a I Revolução Industrial. Esta durará aproximadamente um século, quando surge a II Revolução Industrial, movida pelo petróleo, descoberto em 1848, no Azerbaijão, e em 1859, na Pensilvânia (Estados Unidos da América – EUA).

De acordo com estatísticas internacionais, as cinco maiores reservas de carvão mineral se encontram nos EUA (237 bilhões de toneladas), na Rússia (157 bilhões de toneladas), na China (114 bilhões de toneladas), na Austrália (76 bilhões de toneladas) e na Índia (61 bilhões de toneladas). Já as reservas de petróleo se concentram na Venezuela (301 bilhões de barris), na Arábia Saudita (266 bilhões de barris), no Irã (158 bilhões de barris), no Iraque (142 bilhões de barris) e no Kuwait (101 bilhões de barris). A Rússia tem 80 bilhões de barris e a China 26 bilhões, estando entre as onze maiores reservas mundiais. Os EUA não têm significativas reservas de petróleo, suas maiores reservas encontram-se sob a forma de areias e folhelhos betuminosos.

De acordo com a matriz energética mundial, os combustíveis fósseis (petróleo e carvão mineral) representaram, em 2023, 81,4% da produção de energia, ficando a hidroeletricidade com a participação de 6%, a biomassa com 5,2% e a nuclear com 3,9%, outras fontes produtoras de energia somavam 3,5%.
Porém não nos devemos enganar. A produção de energia nuclear atual é totalmente originada da fissão nuclear. A China já está avançada na energia da fusão nuclear que promete ser, em futuro próximo, a grande produtora de energia por ser mais barata e não provocar danos ambientais.

Excluído o aspecto tecnológico, que é importantíssimo e todo mundo desenvolvido pesquisa soluções nesta vertente, o petróleo terá bem mais de um século como o mais eficiente produtor de energia primária, seguido da biomassa. Novos reservatórios de petróleo devem ainda ser descobertos, mas a maiores custos e maiores exigências tecnológicas. Para a biomassa, haverá, para os territorialmente pequenos países europeus e para muitos outros por questões climáticas, restrições pela disputa da energia com a produção alimentar.
Este é o cenário que temos. E o analisaremos sob a ótica do poder e da política internacional.

A chegada de Donald Trump à presidência do país maior consumidor de energia do planeta, com projeto distinto de seu antecessor, provocará importante mudança nas perspectivas atuais, principalmente naquelas que buscam reduzir o consumo da energia fóssil.

Como retrata a matriz energética, quem detém as reservas de petróleo tem significativo poder mundial. Este está hoje no Oriente Médio (Arábia Saudita, Irã, Iraque, Kuwait, Emirados Árabes Unidos e Catar), na América Latina (Venezuela, Brasil, México e Equador) e na África (Líbia, Nigéria, Argélia e Angola) que serão os mais prováveis focos de conflito, como já impulsiona o Estado de Israel e virá substituir a guerra na Ucrânia. Os EUA ainda não têm musculatura para enfrentar a Rússia nem a China.

Como brasileiros deveremos estar atentos a esta quase certa e próxima investida estadunidense.
Quanto à geopolítica internacional, o grande inimigo dos EUA, já com Biden e prossegue com Trump, são os BRICS, dos quais o Brasil é fundador.

Os BRICS representam o fim da era do dólar estadunidense (USD) que, pelos próprios méritos, vem se deteriorando desde o início do século XXI, aceleradamente após a crise financeira de 2008/2010. As riquezas do Brasil, não só do petróleo, como de minerais estratégicos, da Amazônia, das possibilidades de produção agrícola, tornam-nos colônia para lá de desejada, principalmente de países em decadência. Além da propagação deste ambiente bélico por outros “inimigos” dos EUA, como a Venezuela e a Bolívia.

Portanto o Brasil é uma aposta razoável para onde a Organização do Atlântico Norte (OTAN) e os EUA deslocarão a guerra na Ucrânia.

Fica pois mais complicado ainda entender a razão e posterior arrependimento do veto do Brasil à participação da Venezuela nos BRICS. Aliando à manutenção da exploração das reservas brasileiras de petróleo por empresas estrangeiras, especialmente no pré-sal, parece que não sabemos nos comportar no mundo multipolar. Ora agindo como neoliberais ora defendendo o interesse nacional.

Saudades do Ministro das Relações Exteriores do Presidente Ernesto Geisel, Antônio Francisco Azeredo da Silveira (1917-1990), que nunca nos deixou inquietos quanto à posição intransigente na defesa da soberania brasileira, em toda e qualquer questão internacional.

ORGANIZAÇÃO PARA GOVERNANÇA BRASILEIRA

O primeiro passo para nos organizarmos para defender o Brasil é mudar a compreensão econômica, pois o neoliberalismo é ideologia excludente, que apenas beneficia os mais ricos, e possibilita a alienação do patrimônio físico, financeiro e da alma nacional.

A proposta das Finanças Funcionais do economista estadunidense Randall Wray, de 1998, apresenta respostas à necessidade da estabilidade de preço com pleno emprego, ou seja, do desenvolvimento autônomo do País. Ela pode ser conhecida pela tradução de José Carlos de Assis da obra de Wray para Editora UFRJ/Contraponto Editora, com título “Trabalho e Moeda Hoje” (RJ, 2003) e na tese de doutorado de Gustavo A. Galvão dos Santos, publicada pelo autor, sob o título “Finanças Funcionais e a Teoria da Moeda Moderna – MMT” (Brasília, 2020).
Assim, ao invés do “teto de gastos” que só beneficia os credores da dívida monetária, ter-se-á, sem milagre ou mágica, a economia brasileira voltada para o pleno emprego, o desenvolvimento tecnológico e a industrialização.

Vimos que a energia é causa de guerras e que o Brasil tem em abundância e diversidade: petrolífera, hidrelétrica, da biomassa, além das caras e intermitentes eólica e fotovoltaica.
Há um político brasileiro que tem o controle de toda energia que abastece determinado Estado da Região Norte, embora seu nome não apareça em empresa alguma. É um multimilionário ex-governador que impede que a rica em petróleo, nossa vizinha Venezuela possa abastecer um estado brasileiro. Também evita que ele esteja ligado ao sistema de energia hidrelétrica brasileira que supre todo território nacional de norte a sul, leste a oeste, e apenas neste Estado a cara energia termelétrica o supre e tem um só dono.

A medida mais elementar para que a energia atenda a todo povo brasileiro é estatizar novamente sua produção/geração e ao invés de proporcionar lucros enormes para uns poucos acionistas, cobrar o suficiente para arcar com os custos operacionais e os investimentos na tecnologia e busca de novas fontes, transferindo para o povo este lucro na forma do menor preço da energia.

Parecem medidas fáceis, pois não há mistério algum em suas aplicações. Mas são dificílimas quando submetidas ao sistema político atual, controlado pelas finanças apátridas e altamente corrupto.

Portanto é necessário propor um novo modelo de organização do Estado que previna do domínio de um poder que não seja o povo. Este modelo existe e tem sido exitoso na China. No entanto as culturas são muito diferentes e precisam ter o modo brasileiro de ser, de viver. Hoje a China adota seu modo próprio do marxismo, com a cultura milenar do confucionismo. Para Confúcio duas condições eram basilares para viver bem e corretamente: estudar sempre (a educação tem valor fundamental) e seguir os ritos, ou seja, a harmonia do convívio sem se submeter ao ritual, qual seja, a obediência aos mais velhos, à tradição, sempre usando da benevolência.

Este sincretismo é o socialismo ao modo chinês.
De início fazer da política um aprendizado profissional que o eventual interessado deve começar com idade mínima de 21 anos, ou seja, com a formação secundária concluída e alguma experiência de trabalho ou estágio.

Ele deverá passar por todas etapas da vida pública sem faltar uma única, ou seja, não haverá a hipótese de pular etapas.
O poder está nas Assembleias que serão municipais, estaduais, regionais e nacional.

Para as Assembleias municipais, o interessado se candidata por um distrito do município, e, de acordo com o número de distritos, cada um elege dois a seis vereadores. Haverá incentivos para que haja populações mínimas e máximas para os distritos, o que facilitará o atendimento a seus habitantes.

Exemplifiquemos com o fluminense município de Petrópolis. Ele tem cinco distritos: Petrópolis, Cascatinha, Itaipava, Pedro do Rio e Posse. Em 2022, o município contava com 278.881 habitantes, e densidade demográfica de 352,5 habitantes/km². Uma Assembleia Municipal de 20 a 25 vereadores permitirá que cada Distrito eleja quatro ou cinco candidatos.

Estes vereadores escolherão o Prefeito e os Secretários do Município, podendo ou não ser um de seus membros.
Os municípios, com os mesmos critérios, elegerão os Deputados Estaduais e estes o Governador do Estado e Secretários Estaduais. E, assim, até os Deputados Federais que elegerão o Presidente, os Vice-Presidentes do País e os Ministros.
Ao chegarem ao nível nacional, aquele candidato de 21 anos de idade já terá cerca de 53/57 anos e ampla experiência parlamentar e provavelmente também executiva, ou seja, o preparo para bem dirigir o País. Sempre submetido ao crivo dos eleitores.

Há muito maior probabilidade de acerto do que hoje, quando o parlamentar quase sempre representa o domínio que sua família tem de um município ou até de Estado brasileiro.
Também a vinculação da atividade parlamentar com a executiva trará a responsabilidade da gestão para todos sem o jogo de empurra que se observa atualmente, envolvendo inclusive o Poder Judiciário.

Os políticos no exercício de seus mandatos receberão salários, como qualquer funcionário público, mas não terão as regalias dos concursados. Não eleito, voltará a suas ocupações anteriores. E seus salários estarão nos Orçamentos dos Municípios, Estados, Regiões e Nacional, ou seja, disponíveis ao que por eles se interessarem.

Há muito a discorrer, mas neste primeiro artigo já se pode ter a ideia da revolução que o Brasil precisa urgentemente promover para continuar existindo como País independente.

*Pedro Augusto Pinho, administrador aposentado.

sexta-feira, 15 de novembro de 2024

FASCISMO NÃO SE DISCUTE, SE COMBATE! * Frente Revolucionária dos Trabalhadores/FRT

FASCISMO NÃO SE DISCUTE, SE COMBATE!
O ANALFABETO POLÍTICO
ROLANDO BOLDRIN
.
BERTOLT BRECHT
*
DE ONDE?

De onde vem tanta loucura?
De onde vem tanta brutalidade?
De onde vem esse fanatismo?
De onde vem tanta maldade?
De onde vem a ignorância?
De onde vem a estupidez?
De onde vem tanto ódio?
De onde vem a insensatez?
De onde vem a irracionalidade?
De onde vem a cegueira?
De onde vem a falta de leitura?
De onde vem a corrosão do caráter?
De onde vem o gosto pela violência?
De onde vem tanto preconceito?
De onde vem a agressividade?
De onde vem a desinformação?
De onde vem tantas mentiras?
De onde vem o negacionismo?
De onde vem a burrice?
De onde vem a opressão?
De onde vem a indiferença?
De onde vem a falta de compaixão?
De onde vem a ausência de empatia?
De onde vem a escuridão?
De onde vem tanto individualismo?
De onde vem a discriminação?
De onde vem o gosto pelas armas?
De onde vem a explosão?
De onde vem o Estado Mínimo?
De onde vem a privatização?
De onde vem esse medo do comunismo?
De onde vem a repressão?
Vem do avanço do fascismo,
Vem da ausência de punição.
Vem do neoliberalismo,
Vem da nossa omissão.

Wladimir Tadeu Baptista Soares
Cambuci/Niterói - RJ
Nordestino
17/11/2024
04:47h
NO CAMINHO, COM MAIAKÓVSKI

Assim como a criança
humildemente afaga
a imagem do herói,
assim me aproximo de ti, Maiakóvski.

Não importa o que me possa acontecer
por andar ombro a ombro
com um poeta soviético.
Lendo teus versos,
aprendi a ter coragem.

Tu sabes,
conheces melhor do que eu
a velha história.

# Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada. #

Nos dias que correm
a ninguém é dado
repousar a cabeça 
alheia ao terror.
Os humildes baixam a cerviz;
e nós, que não temos pacto algum
com os senhores do mundo,
por temor nos calamos.
No silêncio de meu quarto
a ousadia me afogueia as faces
e eu fantasio um levante;
mas amanhã,
talvez meus lábios
calem a verdade
como um foco de germes
capaz de me destruir.

Olho ao redor
e o que vejo
e acabo por repetir
são mentiras.
Mal sabe a criança dizer mãe
e a propaganda lhe destrói a consciência.
A mim, quase me arrastam
pela goela do paletó
à porta do templo
e me pedem que aguarde
até que a democracia
se digne a aparecer no balcão.
Mas eu sei,
porque não estou amedrontado
a ponto de cegar, que ela tem uma espada
a lhe espetar as costelas
e o riso que nos mostra
é uma tênue cortina
lançada sobre os arsenais.

Vamos ao campo
e não os vemos ao nosso lado,
no plantio.
Mas ao tempo da colheita
lá estão
e acabam por nos roubar
até o último grão de trigo.
Dizem-nos que de nós emana o poder
mas sempre o temos contra nós.
Dizem-nos que é preciso
defender nossos lares
mas se nos rebelamos contra a opressão
é sobre nós  que marcham os soldados.

E por temor eu me calo,
por temos aceito a condição
de falso democrata
e rotulo meus gestos
com a palavra liberdade,
procurando, num sorriso,
esconder minha dor
diante de meus superiores.
Mas dentro de mim,
com a potência de um milhão de vozes,
o coração grita - MENTIRA! "

EDUARDO ALVES DA COSTA-SP
CUIDADO COM GENTE DISSIMULADA...
*

LUTA DE CLASSE! 


2022 passou

Bolsonaro se foi

Ficou o estrago feito 

Para os brasileiros arcar! ...


Na luta de classe

É com a mais valia arrancada

Dos trabalhadores

Que os empresários enricam...


Os empresários malignos

Procuram desarticular

Atacando os ativistas

Organizados na bose...


O Bolsonaro inimigo

Da classe trabalhadora

Procurou atacar os sindicatos

Apoiando os exploradores...


Esse tipo de ataque

Não pode ser permitido.

A classe operária,

De imediato, tem que reagir! ...


Organizando grupos

Conscientizando os operários

Da importância de se fazer

A revolução socialista...


Assim se libertando

Da exploração selvagem

Das classes dominantes

Que sugam os operários...


São Luís – MA – 31 de Dezembro de 2022

José Ernesto Dias/MA


Era assim os governos militares, 
claro que quem MANDAVA mesmo era o governo ESTADUNIDENSE!

Não existia Educação
Não existia assistência social
Não existia assistência previdenciária
Não existia merenda escolar
Não existia direito algum
Não existia garantias legais
Não existia humanismo
O que tinha era muita fome
O que tinha era muita miséria
O que tinha era muita desgraça
Só imbecis quem defende
AFONSO ROMANO DE SANT'ANNA/MG
*

Luta de Classes no Brasil


Do fundo da história, das lutas ancestrais

Das raízes dos povos, das mãos do trabalhador

Ergue-se a epopeia da luta de classes no Brasil

Que com bravura e resistência, segue em busca do seu valor


No engenho, nas minas, nas plantações de café

A escravidão marcou a pele e a alma dos que aqui vieram

A resistência negra foi a semente da rebelião

Que germinou nos corações dos que se organizaram e não desistiram


Dos canaviais aos grandes centros urbanos

A exploração não conheceu fronteiras

A burguesia nasceu no ventre do latifúndio

E ergueu-se sobre os ombros da classe operária brasileira


No palco da história, os trabalhadores se uniram

Formaram sindicatos, partidos e centrais

Construíram a luta de classes em cada rincão do país

E resistiram bravamente, mesmo diante de duros sinais


No campo e na cidade, a classe operária se ergueu

E enfrentou com coragem os opressores do capital

Lutou pelos seus direitos, pela terra e pela educação

E avançou com firmeza, em busca da sua libertação


Hoje, ainda há muito a conquistar

Mas a luta continua, e a classe operária está de pé

Pois a história é feita pelas mãos daqueles que lutam

E o Brasil será dos trabalhadores, daqui pra frente e até o amanhã que virá. 


-Jornal Aurora Popular-

Extrema direita recruta para novos ataques e crianças de 10 anos já estão em comunidades de ódio,
diz antropóloga.»
Isabela Kalil /isabelakalil.com

O STF na noite de quarta (13/11) – Sergio Lima/Poder360

Para Isabela Kalil, do Observatório da Extrema Direita, “novos ataques à praça dos Três Poderes“ dependerão “da resposta que vamos dar a esses ataques”, pois “o atentado de anteontem tem duas consequências: o efeito de repetição, de outras pessoas quererem fazer coisas parecidas, e o de contágio”

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A antropóloga Isabela Kalil, do Observatório da Extrema Direita, afirma que o atentado na praça dos Três Poderes está ligado ao 8 de Janeiro e ressalta a necessidade de o governo responder de forma eficaz aos ataques motivados por discursos de ódio, para evitar que eles se repitam.

“[Wanderley Luiz] não é um lobo solitário“, diz a especialista. A extrema direita estaria, segundo ela, recrutando cada vez mais pessoas, sobretudo homens e até mesmo crianças. “A parte do recrutamento começa muito cedo“, afirmou, conforme transcrição no UOL, em matéria deste sábado (16/11).

A especialista explica que o incentivo da extrema direita a ataques como o que aconteceu na praça dos Três Poderes começa em ambiente virtual. “Mas não se dá apenas pela internet. Agora temos eventos, mobilizações de massa, como manifestações. É mais complexo“, diz.

“Crianças de 10 anos já estão nessas comunidades de ódio. Em camadas iniciais de recrutamento, essas pessoas não sabem que parte do grupo exerce ataques motivados por ódio a determinados grupos sociais. Há uma espécie de contentamento em ver ataques violentos contra esses grupos. São grupos misóginos, que pregam o ódio às mulheres, compartilham imagens de crimes, inclusive de mortes de mulheres. Outro tipo de grupo que é muito comum é os de supremacistas brancos“, afirmou Isabela Kalil.

A pesquisadora Kalil destaca que grupos extremistas melhoraram suas estratégias de recrutamento masculino, incentivando esses homens a ressignificarem suas vidas por meio da sensação de pertencimento.

“A pessoa entra em contato com um determinado grupo, onde é exposta a conteúdos também extremistas. À medida que essas pessoas participam de grupos cada vez mais restritos, um integrante que não era violento, tinha uma vida pacata, de repente se envolve em atos tão extremos. No caso das crianças, esse recrutamento pode ser feito por vídeos de heróis, pela cultura pop, pelo entretenimento, pela música e até mesmo por grupos que debatem videogames. Ninguém diz ‘vai lá e solta uma bomba’, mas diz ‘assista a este vídeo’, ‘participe de tal canal’. Esse recrutamento é passivo“, disse Kalil.

Kalil diz que, então, essa pessoa se tornará membro daquela comunidade, buscando mais conteúdos sobre aquilo. “Passa a ter senso de pertencimento com aquele grupo e vincular o seu propósito de vida a esse pertencimento“, explica. “No caso de anteontem [das bombas na praça dos Três Poderes], me chamou bastante atenção que ele estava com uma vestimenta [que fazia alusão ao Coringa]. Ele se produziu para ser visto e fotografado. Essas pessoas se vestem para prestar contas para a sua comunidade. Ele está ali para dizer ‘eu fiz’“, dia a antropóloga.

Kalil afirma acreditar que, mesmo que essas pessoas façam ataques isolados, elas fazem parte da mesma comunidade de ódio ou da mesma comunidade extremista. “A ideia de lobo solitário, de alguém que não participa de uma comunidade ou agenda específica e acaba tomando uma atitude totalmente individual, foi usada para explicar determinados atentados e dizer que são casos isolados“, afirma. Mas, segundo ela, há um padrão.

“Existe repetição, como nas escolas, de que o mês de abril é geralmente escolhido e é um período crítico, porque é quando acontece o aniversário de Hitler. Alguns atos parecem inofensivos, mas foram preparatórios para o 8 de Janeiro. Depois, o próprio 8 de Janeiro, e agora essas explosões, que são como uma performance do 8 de Janeiro. As motociatas são alguns desses atos preparatórios onde circulam mensagens disruptivas, falas como a do [ex-presidente Jair] Bolsonaro dizendo que não aceitaria decisões judiciais ou não usaria máscara — não são falas normais. Ele está ali comunicando que não respeita decisões judiciais, mesmo sendo chefe de Estado“, afirma a pesquisadora.

Os extremistas não confiam no Estado e, ao praticarem atos violentos como as explosões na praça dos Três Poderes, ignoram as punições, representando um desafio para o governo.

“As pessoas são punidas pelo que elas fazem, mas muitos desses atos violentos resultam na morte dessas pessoas. Elas não estão mais preocupadas se vão para a prisão ou algo do tipo. A camada que precisa ser debatida é a prevenção. A gente só consegue prevenir se a pessoa ainda estiver sendo recrutada. A partir daí, fica muito complicado“, diz Kalil.

Kalil afirma que, dentro desses recrutamentos, é mais comum a presença de homens. Eles geralmente estão em muitos grupos diferentes. Misóginos, de golpe de Estado, comunidades que se mantêm presentes em diferentes plataformas. Por exemplo: uma comunidade contra o STF é algo comum e bem amplo. “No caso brasileiro, a extrema direita tem repulsa com a constituição de 1988. A extrema direita adota como alvo a constituição de 1988 e, inclusive, as instituições“, afirma.

Questionada sobre a probabilidade de novos ataques ao Estado brasileiro, Kalil diz que, “infelizmente, [essa] tende a ser uma preocupação” e que “se houver uma resposta de prevenção, os ataques tendem a diminuir. Precisamos investir em inteligência e prevenção, para que esses ataques estejam sob controle“.

“Teremos novos ataques à praça dos Três Poderes? Depende da resposta que vamos dar a esses ataques. O atentado de anteontem tem duas consequências: o efeito de repetição, de outras pessoas quererem fazer coisas parecidas, e o de contágio. Se alguém achava que o 8 de Janeiro era uma coisa isolada, foi um equívoco. O risco está aumentando“, afirmou a pesquisadora do Observatório da Extrema Direita, Isabela Kalil.

Ao ler a matéria, o advogado Luiz Carlos da Rocha afirmou que “esse recrutamento claro, flagrante, como foi o caso do homem bomba, exige a regulamentação das redes e rigor no cumprimento das penas dos condenados do 8.1“.

    Esse recrutamento claro, flagrante, como foi o caso do homem bomba, exige a regulamentação das redes e rigor no cumprimento das penas dos condenados do 8.1.
    https://t.co/IB3ByW4dpV
    — Luiz Carlos da Rocha ADVOGADO (@rocha_lcr) November 16, 2024
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MAIS COMBATE AO FASCISMO