quinta-feira, 31 de julho de 2025

JOÃO GOULART: ANTIIMPERIALISMO * Frente Revolucionária dos Trabalhadores/FRT

JOÃO GOULART: ANTIIMPERIALISMO
"João Goulart, Brizola e o Anti-imperialismo: 
Lições de um Projeto Interrompido
Por Aurelio Fernandes

O golpe de 1964 no Brasil ocorreu em um contexto de intensa disputa aberta entre projetos de conciliação e a necessidade histórica de ruptura. Durante esse período, houve confronto entre diferentes interesses, envolvendo potências internacionais, setores da sociedade civil e propostas diversas para o desenvolvimento do país. O governo de João Goulart expressou, em seus limites a tentativa de reformar o país sem romper com a dependência ao imperialismo. O processo resultou na deposição do governo por uma aliança composta por setores das Forças Armadas, grupos econômicos nacionais e internacionais, além de apoio do Departamento de Estado dos EUA.

O imperialismo, como já definira Lenin, não é apenas política externa agressiva, mas expressão da concentração e exportação do capital, de um sistema de dominação econômica, política e militar das grandes potências sobre as nações periféricas. Na América Latina, isso sempre significou subordinação das economias locais, dependência tecnológica, pilhagem dos recursos naturais, repressão aos movimentos populares e uma “classe dominante” local cúmplice, disposta a trair qualquer possibilidade de autonomia nacional em nome de seus próprios privilégios.

João Goulart, herdeiro do trabalhismo de Vargas, nunca foi um revolucionário. Oriundo de setores da oligarquia gaúcha, sua política se orientava pelas margens do possível, tentando negociar entre frações burguesas e responder, ainda que de modo controlado, à pressão das massas. O programa das Reformas de Base — reforma agrária, urbana, educacional, fiscal, controle das remessas de lucros — expressava um diagnóstico correto da dependência, mas não apontava para sua superação efetiva. Seu projeto era o da modernização capitalista com distribuição limitada de direitos e manutenção da ordem, buscando conciliar latifundiários, industriais nacionais e o crescente movimento operário.

O anti-imperialismo de Jango foi, assim, limitado e contraditório. Propôs limitar remessas de lucros ao exterior, pressionou por maior participação estatal em setores estratégicos, mas nunca rompeu com as amarras da dependência nem com o latifúndio. A mobilização popular, especialmente a partir de 1963, encontrou resposta feroz: sabotagem econômica, terrorismo midiático, conspiração militar e intervenção direta dos EUA — comprovada pelos documentos desclassificados e pela presença da “Operação Brother Sam”, pronta para desembarcar tropas caso o golpe encontrasse resistência.

No mesmo cenário, a relação entre João Goulart e Leonel Brizola ilustra dois caminhos distintos dentro do campo nacionalista diante do imperialismo. Ambos partilhavam a crítica à dominação estrangeira e à submissão das elites locais, mas divergiam no método e na radicalidade das respostas.

Enquanto Jango hesitava entre a conciliação das classes e as pressões crescentes do movimento popular, Brizola radicalizava o discurso e a prática anti-imperialista. Para Brizola, o enfrentamento ao imperialismo não se limitava a reformas ou à negociação de direitos, mas exigia uma ruptura real, de massas, ancorada na mobilização popular e com perspectiva socialista.

Na voz de Brizola ecoava o entendimento de que a questão latino-americana era, antes de tudo, uma questão de libertação nacional:
“O problema latino-americano tem de ser concebido como um problema de libertação nacional. (...) É imperativo que a revolução encontre soluções socialistas. E não é uma questão de escolher uma doutrina de um livro. Somente as soluções socialistas é que permitem a defesa dos povos contra o imperialismo.”

Sua atuação durante a Campanha da Legalidade exemplifica o papel central da mobilização popular armada para garantir a soberania nacional, em contraste com a aposta janguista na institucionalidade e nas soluções negociadas:
“Tornou-se necessário que o próprio povo, em impressionante unidade, se mobilizasse de fuzil na mão para que fosse respeitado o direito de o então vice-presidente assumir a Presidência. Foi preciso, enfim, que a nação se visse colocada diante do dilema: guerra civil ou posse ao Senhor João Goulart.”

Brizola era categórico ao afirmar que a força do povo organizado seria o único antídoto ao controle imperialista:
“(...) a organização do nosso povo, eis a tarefa imprescindível, nesse momento. Povo desunido, povo desorganizado é povo submetido, sem condições de defender seus interesses e de realizar seu próprio destino. Se conseguirmos estruturar uma organização razoável estarão criadas as condições para que o nosso povo venha a assumir uma posição não apenas de defesa de suas liberdades, mas, também, para caminhar para si mesmo, em sua própria libertação.”

Diferente de Jango, que oscilava entre reformas limitadas e negociações com setores da burguesia, Brizola apostava na confiança inabalável na capacidade de luta das massas. Para ele, qualquer mudança real dependia da disposição de enfrentar abertamente o imperialismo, pela via da luta popular organizada, como expressa nesta afirmação:
“(...) eu afirmo que o futuro é nosso, do nosso povo, e de nosso País, nessa luta de libertação. E embora considere possível que a lição de tantos erros conduza nosso Governo a uma revisão de seus rumos, devo dizer que é no povo, na sua organização e na sua capacidade de luta que devemos depositar a nossa fé.”

O golpe de 1964 selou a vitória do imperialismo e da reação burguesa sobre a possibilidade de uma via reformista nacional. Veio o ciclo de ditaduras militares, aprofundou-se a dependência, acelerou-se a transferência de riquezas ao exterior e o movimento popular foi submetido a duas décadas de terror e perseguição.

A esquerda, nesse processo, também foi vítima de suas próprias ilusões: o apoio crítico ao governo Goulart e a aposta numa aliança com setores “progressistas” da burguesia resultaram em desarme político e organizativo do proletariado. Faltou independência de classe e direção revolucionária. As massas mobilizadas não encontraram um partido capaz de apontar o caminho da ruptura, da tomada do poder e da transformação radical das estruturas do Estado e da economia.

A lição do janguismo é amarga, mas necessária. Não há soberania nacional possível sob o capitalismo dependente. O anti-imperialismo consequente, na América Latina, exige ruptura revolucionária com as classes dominantes locais, organização independente dos trabalhadores, construção do poder popular e orientação socialista do desenvolvimento. As tentativas de conciliação e reformismo servem, no limite, apenas para adiar — e, por vezes, facilitar — a ofensiva do imperialismo e das elites nativas.

A luta anti-imperialista segue atual. A cada ofensiva do capital financeiro internacional, a cada ataque aos direitos, a cada projeto de privatização e entrega das riquezas nacionais, reafirma-se a necessidade de unidade da classe trabalhadora da cidade, do campo e das florestas para construir um novo caminho: libertação nacional, poder popular e socialismo."
JOÃO GOULART: AS LUTAS SOCIAIS NO BRASIL
O Comício da Central do Brasil
Sala de Notícias
JOÃO GOULART ANTIIMPERIALISTA
REFORMAS REAIS
REFORMAS DE BASE

Geralmente, no entanto, a expressão “reformas de base” se refere às propostas que vinham do governo Goulart. E que tinham um viés de enfrentamento das desigualdades históricas do país.

“Com o nacional-desenvolvimentismo de Juscelino [Kubitschek, antecessor de Goulart], a ideia era a da frase dos ‘50 anos em cinco’: vamos crescer. Jango queria dar um passo adiante: criar uma nação mais inclusiva, democratizar a República”, afirmou ao Nexo Sérgio Montalvão, doutor em história e professor da UFF (Universidade Federal Fluminense).

As reformas de base se tornaram o núcleo do projeto de desenvolvimento de Goulart, especialmente após o plebiscito que definiu a volta do sistema presidencialista, em 1963, após 17 meses de parlamentarismo.

“O caminho das reformas é o caminho do progresso pela paz social. Reformar é solucionar pacificamente as contradições de uma ordem econômica e jurídica superada pelas realidades do tempo em que vivemos”

João Goulart

então presidente do Brasil, em comício na Central do Brasil no dia 13 de março de 1964

Entenda abaixo quais eram as principais propostas e objetivos das reformas de base.

Reforma eleitoral

A Constituição de 1946 dizia que os analfabetos e os militares de baixa patente não tinham o direito ao voto. O governo Goulart quis acabar com essas restrições.

Com a reforma eleitoral, o governo pretendia aumentar a participação popular nas eleições. Cerca de 40% da população brasileira em 1960 não sabia ler ou escrever. Ao incluir sargentos e praças no sistema eleitoral, o governo também pretendia se aproximar de parte da classe militar.

A ideia mais ampla da reforma era reduzir a influência das elites sobre o Congresso Nacional. A partir de um Congresso mais representativo, ficaria mais fácil aprovar outras reformas.

Reforma administrativa

A reforma administrativa estava associada com a forma como o governo Jango pretendia conduzir a economia brasileira. A ideia era que o Estado tivesse um papel importante de indução do crescimento.

Com a reforma administrativa, o governo tinha duas intenções centrais. A primeira era racionalizar, via concursos, o processo de contratação de funcionários públicos. O objetivo era tornar o quadro mais técnico e reduzir o papel dos apadrinhamentos dentro da máquina federal.

Além disso, o governo entendia que a economia havia passado por mudanças profundas nos anos 1950, com o esforço de industrialização conduzido sob Kubitschek. Portanto, era necessário adaptar a estrutura do Estado, criando órgãos que refletissem essa nova realidade econômica e dessem ao governo maior capacidade de planejamento.

Reforma tributária

Como parte do esforço para redução das desigualdades, o governo Jango também pretendia passar uma reforma tributária. Para isso, queria aumentar a carga do Imposto de Renda, tornando-o mais progressivo (com maior peso para os mais ricos); e diminuir a parcela da arrecadação vinda de tributos sobre o consumo, que são regressivos (mais pesados para os mais pobres).

Outra intenção do governo era aumentar sua arrecadação, para conseguir reduzir o deficit público e financiar os investimentos ligados ao conjunto das reformas de base. Para isso, pretendia combater a sonegação e modernizar o sistema de recolhimento de impostos.

Reforma bancária

A reforma bancária tinha duas intenções principais. A primeira era ampliar o financiamento para o desenvolvimento brasileiro. Para isso, o governo propunha mecanismos de ampliação e direcionamento de crédito, em especial para o setor rural. Também colocava a possibilidade de que o governo se financiasse com títulos públicos.

Além disso, a gestão Goulart pretendia enfrentar a crescente inflação que atingia o país. Para isso, sugeriu criar um órgão que centralizasse a política monetária, antes conduzida por várias instâncias diferentes. Em outras palavras, Goulart pretendia criar um Banco Central, tendo como uma das intenções disciplinar a emissão de moeda para ajudar a conter a inflação.

Reforma universitária

Goulart também propôs ampliar o acesso às universidades e incentivar a produção de pesquisa científica para auxiliar o país no seu processo de desenvolvimento econômico e social.

Também sugeriu o aumento da autonomia universitária, a ampliação da liberdade docente e o fim do sistema de cátedras vitalícias , que seria substituído por um sistema de departamentos.

A reforma universitária dialogava com diretrizes mais amplas do governo Jango com relação à educação. “Também estava previsto no horizonte de Goulart a multiplicação nacional das experiências do método Paulo Freire, pela via de um plano nacional de alfabetização”, disse Spohr, do FGV-CPDoc.

Reforma cambial

O Brasil enfrentava um problema recorrente de desequilíbrio cambial: muito mais moeda estrangeira saía do país do que entrava. Jango propôs, então, o “monopólio do câmbio” — ou seja, o controle das cotações cambiais.

O valor ficaria suficientemente baixo para estimular as exportações, mas o governo iria intervir para garantir taxas mais baixas para importações de bens importantes para o desenvolvimento, como máquinas e equipamentos. O governo falava também em restringir a importação de bens considerados “luxuosos e supérfluos”.

A reforma cambial tinha ligação com a lei que restringia as remessas de lucro para o exterior, colocada em prática em 1962, cuja intenção era evitar a saída de moeda estrangeira e fazer com que as empresas reaplicassem seus lucros no Brasil.

Reforma urbana

O Brasil passava no século 20 por um período de rápida urbanização, acompanhando o crescimento da indústria nacional. Não demorou muito para que o país se deparasse com um problema de deficit habitacional nos centros urbanos.

Goulart propôs, então, uma reforma urbana com uma série de medidas. A principal era colocar um limite para quantos imóveis poderiam pertencer a uma pessoa. Os imóveis “excedentes” seriam, então, desapropriados pelo governo e vendidos a trabalhadores, com prazos de financiamento longos e juros subsidiados.

Essa política seria complementada com investimentos para construção de moradias populares.

Reforma agrária

A reforma agrária era talvez a principal reforma proposta pelo governo Jango.

A Constituição de 1946 dizia que, para uma terra ser desapropriada “por utilidade pública ou interesse social”, o governo precisaria pagar previamente uma indenização em dinheiro. Goulart quis alterar esse dispositivo, substituindo por um sistema de pagamento em títulos públicos e a longo prazo.

A reforma também proibia manter a terra improdutiva — o governo poderia desapropriar terrenos em total ou parcial desuso. A medida também previa obrigações para que as propriedades rurais produzissem alimentos.

Em outra frente, Goulart planejava estimular a produção do campo. O aumento da oferta de produtos agrícolas poderia suprir as demandas de alimentos do país, resultar na ampliação de exportações e contribuir para aliviar a inflação.

A reforma agrária acabou se transformando no principal eixo das reformas de base de Goulart, impulsionado por um discurso centrado na ampliação do acesso à terra e no combate à miséria e às desigualdades históricas no campo. Trabalhadores rurais passariam a ter direitos que antes cabiam somente aos trabalhadores urbanos, como acesso à Previdência e salário mínimo.

“A reforma agrária teve um peso muito grande porque o Brasil era ainda um país muito agrário. E ela gerava um conflito enorme”, disse Spohr, da FGV.

“Havia uma visão de que a reforma agrária seria a ‘reforma das reformas’”, afirmou Montalvão, da UFF. “O Brasil precisava superar o atraso, e a maior manifestação do atraso era o latifúndio”, disse.

Que fim levaram as reformas?

As reformas de base não chegaram a ser implementadas pelo governo Goulart, segundo os historiadores ouvidos pelo Nexo. “Era um projeto de Estado que começou a ser construído, mas não passou de fato a valer”, disse Spohr.

A professora argumentou, no entanto, que os temas colocados pelas reformas continuaram em pauta após o golpe de 1964. Tanto que o governo militar tomou medidas, de início, como a criação do Banco Central, em 1964, e a reforma tributária de 1965.

“Muitas das reformas foram feitas durante a ditadura, mas não a partir da perspectiva progressista. A partir de 1964, a maior parte dessas reformas foi implementada sob o interesse do empresariado e dos militares”, afirmou a pesquisadora.

Link para matéria: https://www.nexojornal.com.br/expresso/2024/03/24/o-que-eram-as-reformas-de-base-centrais-no-golpe-de-64
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JANGO NA CHINA
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LULA, ROMPA COM ISRAEL JÁ! * Frente Revolucionária dos Trabalhadores/FRT

LULA, ROMPA COM ISRAEL JÁ!
PRECISAMOS HONRAR O LEGADO HUMANISTA DO BRASIL.
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Junte-se à pressão popular que pede o fim das relações brasileiras com Israel!
*PARTICIPE do abaixo-assinado*, contribua com a campanha e compartilhe em suas redes sociais!
Já somos mais de 14 mil pessoas que pedem: LULA, ROMPA COM ISRAEL!

ASSINE ESTA PETIÇÃO
BASTA DE GENOCÍDIO NA PALESTINA!

O presidente Lula vem denunciando mundialmente o genocídio cometido pelo governo de Israel contra os palestinos desde a intensificação dos ataques sionistas em outubro de 2023. Uma de suas principais declarações ocorreu em fevereiro de 2024, durante 37ª Cúpula da União Africana, em que afirmou “o que está acontecendo hoje com o povo palestino não tem precedentes na história do mundo. Na verdade, houve um momento em que Hitler decidiu matar os judeus”. Esta corajosa declaração do presidente brasileiro deu início à campanha “Lula Tem Razão”.

Nos últimos dias, Lula vem escalando suas denúncias contra o governo israelense, e em sua visita a Paris voltou a evidenciar o genocídio cometido pelo governo de Benjamin Netanyahu contra o povo palestino. Sem dúvidas, estas declarações são muito importantes e corajosas, mas o momento vivido em Gaza exige ação. Portanto, o que propomos é uma ruptura de relações do Brasil e uma chamada ao boicote mundial contra Israel!

O fim imediato do genocídio, o boicote internacional à Israel, a retirada das forças de ocupação israelenses dos territórios palestinos e o direito ao retorno à sua terra são as mais importantes bandeiras humanistas e internacionalistas que podemos, e devemos, defender neste momento. E o posicionamento do presidente Lula na decisão de romper as relações com Israel é crucial para uma ampla articulação internacional em defesa do povo palestino.

Que a resistência em Gaza nos inspire e nos encoraja a construir nas ruas brasileiras a campanha “LULA, ROMPA RELAÇÕES COM ISRAEL”, sendo assim mais uma das frentes de batalha contra o genocídio do povo palestino.
"
MAIS UMA VEZ O BRASIL CAPITULA AO SIONISMO
Romper laços com Israel não é caridade, é obrigação", diz relatora da ONU; Brasil não assina declaração.

Relatora especial da ONU para Direitos Humanos na Palestina, Francesca Albanese, fala na conferência do Grupo de Haia, bloco com mais de 30 países reunidos para tomar medidas concretas contra "israel" para frear Holocausto Palestino.

O Brasil participou da conferência em Bogotá, Colômbia, porém não se comprometeu com as medidas propostas, que incluem impedir transferência de armas e combustível militar para "israel", revisar contratos públicos com a ocupação ilegal dos territórios palestinos e aplicação de jurisdição universal para crimes de guerra e contra a humanidade. 

VERSOS DO BRASIL PATRIÓTICO * Frente Revolucionária dos Trabalhadores/FRT

VERSOS DO BRASIL PATRIÓTICO
Canção do exílio


Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar –sozinho, à noite–
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que disfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

De Primeiros cantos (1847)

Gonçalves Dias/Maranhão 
BRASILEIRO


Eu sou brasileiro
E isso aqui é Brasil!
Então, não me venha ameaçar
Utilizando dinheiro,
Que eu não me curvo
Ao seu delírio
E te mando para alguém
Que te pariu.
Pois eu sou brasileiro
E amo o meu país.
Então, não me venha com bravatas
Tentando me constranger,
Pois eu te mostro
Que somos soberanos
E que estamos firmes e dispostos a nos defender.
Eu sou brasileiro
E sei quais são as cores da minha bandeira,
E o nosso povo está conhecendo
Quem é você de verdade:
Um autocrata sem cultura,
Um arrogante ignorante
Que vai ter que aprender
Que essa terra aqui tem dono
E esse dono jamais será você.


Wladimir Tadeu Baptista Soares
Cambuci/Niterói - RJ
17/07/2025
POESIAS DE LUTA DA AMÉRICA LATINA
*Para reflexão*

A direita sempre esteve no comando da governança do Brasil, explorando a força de trabalho, extorquindo os cofres públicos, sonegando impostos, produzindo e promovendo a corrupção estrutural em nosso país. Isso sem falar da violência coronelista, responsável pelo assassinato de vários líderes populares e trabalhadores, exterminados por contrariar em os interesses gananciosos desses genocidas!

Essa turma não se conforma que um trabalhador assuma o comando do governo central do Brasil. Isto os põe em condição de igualdade com o povo brasileiro. E isso, de certo, é o maior incômodo pelo qual tiveram que passar, ao longo dos 525 anos da história brasileira!

Logo, a destruição de qualquer possibilidade de esperança que mire na emancipação e libertação dos trabalhadores, na consolidação da soberania nacional, de fato, os incomodará! São filhos, portanto, herdeiros da escória europeia que invadiu nosso país e o tem saqueado desenfreadamente, a serviço do grande capital.

O Brasil é dos brasileiros! Vocês passarão e nós, passarinhos livres, libertos de toda sorte de maldade que vocês são mestres em produzir!

*_(Iraquitan Palmares)_*
BATALHA COMUM

A luta contra a jornada 
De trabalho seis por um
Urgente é necessário 
Nessa batalha comum

A cobrança de impostos
Dos barões, é necessário 
todos eles pagando,
O justo imposto, sem escapar

Dos operários, o imposto:
A cobrança é automático
Descontado em folha
Sem brecha para escapar

Ao contrário os empresários 
Escapam por brechas
Negando o que deveriam pagar
Sonegando a devida taxa


José Ernesto Dias
São Luís ,18 de julho de 2025
Os Doentes (fragmentos)
Um poema anti-imperialista em 1912


Começára a chover. Pelas algentes
Ruas, a agua, em cachoeiras desobstruidas,
Encharcava os buracos das feridas,
Alagava a medulla dos Doentes!

Do fundo do meu trágico destino,
Onde a Resignação os braços cruza,
Sahia, com o vexame de uma fusa,
A magua gaguejada de um cretino.

Aquelle ruido obscuro de gagueira
Que a noite, em sonhos mórbidos, me acórda,
Vinha da vibração bruta da córda
Mais recondita da alma brasileira!

Aturdia-me a tétrica miragem
De que, naquelle instante, no Amazonas,
Fedia, entregue a visceras glutonas,
A carcassa esquecida de um selvagem.

A civilisação entrou na tába
Em que elle estava. O genio de Colombo
Manchou de opprobrios a alma do mazombo,
Cuspiu na cóva do morubichaba!

E o indio, por fim, adstricto á ethnica escória,
Recebeu, tendo o horror no rosto impresso,
Esse achincalhamento do progresso
Que o annullava na critica da Historia!

Como quem analysa uma apostema,
De repente, acordando na desgraça,
Viu toda a podridão de sua raça
Na tumba de Iracema!.

Ah! Tudo, como um lúgubre cyclone,
Exercia sobre elle acção funesta
Desde o desbravamento da floresta
Á ultrajante invenção do telephone.

E sentia-se peor que um vagabundo
Microcéphalo vil que a especie encerra,
Desterrado na sua propria terra,
Diminuido na chrónica do mundo!

A hereditariedade dessa pécha
Seguiria seus filhos. Dóra em diante
Seu povo tombaria agonisante
Na lucta da espingarda contra a flécha!

Veio-lhe então como á femea veem antojos,
Uma desesperada ancia improficua
De estrangular aquella gente iniqua
Que progredia sobre os seus despojos!

Mas, deante a xantochroide raça loura,
Jazem, caladas, todas as inubias,
E agora, sem difficeis nuanças dubias,
Com uma clarividencia aterradora,

Em vez da prisca tribu e indiana tropa
A gente deste seculo, espantada,
Vê sómente a caveira abandonada
De uma raça esmagada pela Europa!

Augusto dos Anjos

Era assim os governos militares,
claro que quem MANDAVA mesmo
era o governo ESTADUNIDENSE!
Não existia Educação
Não existia assistência social
Não existia assistência previdenciária
Não existia merenda escolar
Não existia direito algum
Não existia garantias legais
Não existia humanismo
O que tinha era muita fome
O que tinha era muita miséria
O que tinha era muita desgraça
Só imbecis quem defende

AFONSO ROMANO DE SANT'ANNA/MG
Quem USA quem?

USA a África
USA às Américas
USA o mundo como quintal
USA do mundo o capital
Capital humano, intelectual...
USA sobretudo o vil metal...

USA governos
USA sociedades
USA guerras
Como brincadeiras,
Jogos de xadrez...
USA e como USA!

Rasga do peito
A porra dessa blusa!
Arranca esse troço da alma!
Não vá na onda da mídia e tal...

Sugiro-te
Com o amor te lambuza
E dê um foda-se
Para tudo que for te USA!

Agora use
Tua inteligência
Tua raça , tua crença,
Teu pertencimento
Mira no teu futuro
E acredite:
Juntos somos mais que
Massa de manobra...

Do contrário
Pede a benção
A quem te USA!

Autor: Iraquitan Palmares
Brasília-DF

O JUDAS BRASILEIRO 

Traição, palavra vil
Uma atitude hostil 
Vinda de um homem covarde
Que quer fugir da verdade 
E ferrar com o Brasil.

Na espinha um golpe tremendo 
Da alma o sangue escorrendo 
De um golpe que a feriu 
Que quer provocar uma guerra 
Alguém que jurou defender a terra
Provoca até arrepio.

Ele vendeu sua honra por um preço baixo e vil.

O país que o criou, 
O chão que o alimentou
Recebe essa traição 
Ele renega a própria história 
Numa atitude inglória 
Sem pudor, sem coração.

Ao Tio Sam pede abrigo e do Brasil é inimigo.

Seu nome será falado
Nas rimas de um cordel
O retrato da vergonha
Que passa a viver ao léu 
Será sempre um fugitivo 
E viverá escondido
Como um pária num bordel.

 Será um homem sem honra, sem emoção 
Um traidor da pátria
Que nunca terá perdão.

Aquele que trai a pátria 
Não pode ser perdoado
Como traidor asqueroso 
Pra sempre será lembrado 
Esse ato tão indigno
Jamais será esquecido 
Viverá sempre escondido 
Fará parte da escória 
Será julgado pela história 
E em próprio detrimento 
Será condenado ao ostracismo
E ao mais cruel esquecimento.

Professora Alba, poetisa do entorno.GO
TRUMP E A ESTUPIDEZ

Estamos tratando o Trump como o valentão do bairro, aquele que provoca medo. O chefe do tráfico, da boca, por exemplo.
Tem gente morrendo de medo dele!
Mas vejamos, o pequeno Panamá já lhe disse não! Sobre a tomada do Canal que ele se propôs. Disse o Presidente do Panamá: “Não e Não!”
E a presidenta do México, Claudia Sheinbaum, já deu um chega pra lá no valentão!
Inteligente, ele já comprovou que não é. E muito menos um político, mesmo medíocre!
Está mais para um gângster aposentado do que para um político medíocre!
É muito estúpido! E deixa dúvidas se é primário ou primata!
Mas é um nazifascista sem rodeios!
E se enquadra muito bem no que disse Albert Einstein:
“Só há duas coisas infinitas, a estupidez humana e as dimensões do Universo,
quanto as dimensões do Universo eu ainda tenho as minhas dúvidas!”
A volta do nazifascismo é uma prova cabal da estupidez humana.
Entre outras!
Aliado ao Steve Bannon e Elon Musk, constituem a Internacional nazifascista e pretendem escravizar todo o mundo!
O Império ianque nunca viu coisa semelhante! Um imperador lançando desafios a todo o mundo!
Além de supremacista branco, defensor da ku klux klan, é um inimigo declarado da humanidade!
O Tio Sam, apontando o dedo desafiador, e as centenas de intervenções militares dos seus antecessores, parece coisa de criança perto do que se propõe o monstrengo indigitado!
Mas ele tem um objetivo: salvar o capitalismo moribundo.
E não é a primeira vez que o nazifascismo se apresenta como salvador do capitalismo em crise.
Na crise de 1929, com a quebra da bolsa de Nova Iorque, foi Adolf Hitler que salvou o capitalismo da crise braba em que mergulhou!
E Hitler se tornou herói para toda a burguesia alemã e internacional! A França, Inglaterra e Estados Unidos, entre outros, o exaltaram como herói!
Só que agora, o remédio vem em dose cavalar e poderá matar o paciente!
Façamos votos para que isto aconteça!

E. P. Cavalcante
Capitão de mar e guerra ap. do Corpo de Fuzileiros Navais.
Pesquisador da história militar.
Se você achou este texto interessante transmita-o aos seus contatos.
Rio de Janeiro, 23 de janeiro de 2025.
MANIFESTO DA FRT

O capitalismo está podre. Todos sabemos disso. Mas ele não cai sozinho, ele não morre de morte natural. Precisamos aliar o antifascismo e o antiimperialismo ao internacionalismo proletário, e assim somar forças para construir o socialismo. 

Faça a sua parte.
VICTOR FAMEJO
VIVA A TORNOZELEIRA ELETRÔNICA
NO MOCOTÓ DO FASCISTA
DITADURA NUNCA MAIS
WLADIMIR TADEU BAPTISTA SOARES/RJ
Só pra irritar Trump, a França adotou o pix brasileiro e vestiu a Torre Eifel com as nossas cores.
NÃO TEM PREÇO!
CARTA DE MİCHELLE PARA ALEXANDRE DE MORÃES
(em cordel)

Senhor Ministro
O que diabo aconteceu?
Que medidas foram estas
Que o defunto reviveu?
Você prendeu um imbrichável
Mas quem se lascou foi eu.

Eu saia toda hora
Na rua para passear
Combinava com meu maquiador
Para a gente se encontrar.
E tinha tempo de sobra
Pra ele me maquiar.

Agora é 24 hs em casa
Com o imbrichável chorando
Só vivo acudindo ele
Pelo os cantos reclamando.
Ainda tenho que passar pomada
Na tornozeleira coçando.

Aquele imbrichável que eu tinha
Agora mija pra trás
São muitas tentativas
Com meu desejo voraz
Com o susto que o senhor deu
O trem não levanta mais.

Nesta, conto com o senhor
Sei que está me libertando.
Quero ficar livre dessa peste
Que tá me atormentando
Prenda logo essa mulesta
Para me comemorar cantando.

Chico Poeta/GO

NOTA

Nosso objetivo é fazer uma seleção de poesias de carater ANTIIMPERIALISTA. Mande a sua!
EMAIL: frevtrab@gmail.com 

quarta-feira, 30 de julho de 2025

É PRECISO ENFRENTAR OS TRAIDORES DO BRASIL QUE SE DISFARÇAM DE VERDE E AMARELO * Liga Comunista Brasileira/LCB

É PRECISO ENFRENTAR OS TRAIDORES DO BRASIL QUE SE DISFARÇAM DE VERDE E AMARELO

O patriotismo da extrema-direita é mentiroso. Sua base social são as facções mais reacionárias da burguesia brasileira e das camadas médias, majoritariamente brancas. Ambos têm ódio do Brasil e do seu povo. O país, para eles, não passa de um ativo a ser espoliado em negócios escusos associado ao capital financeiro para lhes garantir uma vida luxuosa. Para eles, o povo não passa de carne barata a ser explorada e “gasta” com sobrecarga de trabalho, baixos salários e sem acesso a direitos básicos e serviços públicos decentes. Essa bandalha disfarça sua política entreguista e anti-povo com o uso do verde e amarelo.

O patriotismo eles é uma caricatura artificial e desonesta. Não se importam em entregar as riquezas do país ao capital estrangeiro. Muito menos se indignam com as condições precárias em que vive a maioria do povo. E agora, para defender os interesses restritos, querem recolocar Bolsonaro na eleição presidencial de 2026. Para isso, tramaram com o governo Trump um tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos, caso Bolsonaro não seja anistiado. Também apontam como condição para o fim do tarifaço o fim do Pix e a entrega de nossas reservas de minerais raros.

A guerra de Trump e da família Bolsonaro contra o Brasil não tem motivação comercial. Os Estados


Unidos são uma potência imperialista em decadência. O ataque tem motivação geopolítica e o alvo são os BRICS. E o Brasil é peça-chave nessa disputa. Por isso Trump quer salvar Bolsonaro, já que teria um candidato completamente alinhado aos interesses imperialistas, pois declarou em fevereiro que caso possa ser candidato a presidente em 2026, e seja eleito, vai tirar o Brasil dos BRICS e permitir a instalação de bases militares gringas em território brasileiro.

O atual cenário é muito perigoso para a soberania brasileira e para a luta de classe em nosso país. Talvez em nenhum outro país dos BRICS o imperialismo encontre tão grande apoio interno das classes dominantes, das camadas médias e em certos ramos do aparelho de Estado, como as Forças Armadas. Para termos uma ideia dessa subserviência, mesmo com a soberania do país sob ataque de Trump, as forças armadas brasileiras anunciaram a manutenção de todos os acordos, compra de equipamentos e parcerias com as forças armadas estadunidenses. Inclusive de exercícios militares conjuntos com tropas dos Estados Unidos previsto para acontecer no final deste ano em Pernambuco.

Não se pode contar com essa gente para defender o Brasil da guerra híbrida que Trump e a escumalha bolsonarista trama contra nosso país. Como já fizeram em outros momentos da história brasileira, recorrem a ajuda estadunidense


para ganhar apoio nos conflitos internos. O preço pago é a venda da soberania nacional e a submissão do Brasil aos interesses imperialistas.

Por isso, Lula precisa urgentemente convocar o povo à luta. Precisa usar a cadeia nacional de rádio e tevê para politizar as causas desse conflito, expor o que está em jogo nesse tarifaço, denunciar as maquinações dos traidores do Brasil que apoiam Trump e indicar a necessidade de resistirmos. Só o povo trabalhador mobilizado pode derrotar os entreguistas internos e as pretensões intervencionistas do imperialismo.

O que está em disputa não é apenas o quanto seremos taxados. O que está em causa é se nós, a massa trabalhadora que sustenta esse país, aceitaremos sem resistir que a classe dominante brasileira empurre o país para a condição de serviçal dos interesses estadunidenses. Tal luta pela garantia da soberania nacional tem enorme potencial de unificar a massa trabalhadora brasileira em todos os seus segmentos e estratos. Para isso, além de encarar as pretensões imperiais de Trump, devemos denunciar os vende-pátrias que buscam disfarçar sua covardia e subserviência vestindo verde e amarelo e arrotando patriotismo de araque.

Viva a unidade do povo trabalhador brasileiro!
Abaixo os vende pátria! Fora imperialismo!