terça-feira, 19 de agosto de 2025

AONDE MORA A SOBERANIA NACIONAL DO BRASIL? * FRENTE REVOLUCIONÁRIA DOS TRABALHADORES/FRT

AONDE MORA A SOBERANIA NACIONAL DO BRASIL?
"Cannabrava | Mercenários ucranianos treinando na Aman: um escândalo contra a soberania nacional

Associação com grupos mercenários estrangeiros é crime no Brasil; como signatário de convenções internacionais, o país não pode compactuar com a infiltração de estruturas ilegais em suas instituições armadas

Conteúdo da página

Um fato gravíssimo e inaceitável ocorreu recentemente em solo brasileiro. A Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), a mais prestigiada escola de formação de oficiais do Exército, abriu suas portas para um curso de “Táticas de Pequenas Unidades” ministrado por mercenários da Phantom Black Company — grupo estrangeiro diretamente subordinado à inteligência militar da Ucrânia.

Esse episódio, ocultado pela grande mídia, não é apenas uma afronta à soberania nacional. É também uma violação das leis brasileiras e dos acordos internacionais que proíbem o mercenarismo. Um escândalo que exige resposta imediata do governo, firmeza das instituições e atenção da comunidade internacional.

Um braço da inteligência ucraniana no coração do Brasil

A Phantom Black Company não é um grupo qualquer. Em seu próprio site, define-se como “destacamento de ação tática que opera nas sombras da Ucrânia, sob o comando da Legião Internacional de Defesa e da Diretoria Principal de Inteligência (GUR).” Ou seja: uma Companhia Militar Privada (PMC), criada para operações secretas, sabotagem, reconhecimento ofensivo e eliminação de alvos.

A empresa recruta estrangeiros, exige fluência em inglês e os envia para a linha de frente da guerra. Estamos, portanto, diante de uma organização paramilitar transnacional, operando como braço direto da inteligência ucraniana. A simples presença dessa estrutura no Brasil já é ilegal. Sua associação com cadetes da Aman, absolutamente inadmissível.

Cumplicidade ou omissão?

O curso foi anunciado publicamente por um mercenário brasileiro, Guilherme “Raptor”, que se apresenta como veterano da guerra na Ucrânia e atual integrante da Phantom Black Company. Mais grave: já divulgou outro treinamento semelhante, programado para setembro em Curitiba (PR).

A questão central não é apenas o envolvimento de brasileiros como mercenários em guerras estrangeiras. O que choca é a aparente permissão — ainda que tácita — do próprio Exército para que tais agentes, ligados a um serviço de inteligência estrangeiro, instruam cadetes em pleno território nacional.

FONTES

PAULO CANNABRAVA
PEPE ESCOBAR
ROBINSON FARINAZO
-YOUTUBE-

NOS PASSOS DE MÃE BERNADETE * Frente Revolucionária dos Trabalhadores/FRT

NOS PASSOS DE MÃE BERNADETE
QUEM É MÃE BERNADETE

"Mãe Bernadete, cujo nome completo era Maria Bernadete Pacífico, foi uma líder quilombola e religiosa brasileira assassinada em agosto de 2023. Ela era conhecida por sua luta em defesa dos direitos humanos e pela titulação dos territórios quilombolas. Mãe Bernadete era coordenadora da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ) e liderava a comunidade Quilombo Pitanga dos Palmares, em Simões Filho, na Bahia.

*Principais pontos sobre Mãe Bernadete:*

- *Liderança quilombola*: Mãe Bernadete era uma figura respeitada em sua comunidade e lutava pelos direitos dos quilombolas.

- *Assassinato*: Ela foi assassinada com 12 tiros em sua residência, no quilombo Pitanga dos Palmares.

- *Denúncias*: Mãe Bernadete havia feito denúncias sobre ameaças e perseguições antes de sua morte, relacionadas à disputa pela terra e à demora na titulação do território quilombola.

- *Importância*: Sua morte teve grande repercussão e foi vista como um ataque à luta quilombola e aos direitos humanos.

SIGNIFICÂNCIA DE MÃE BERNADETE

A ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, Macaé Evaristo, participou de uma homenagem à líder quilombola Mãe Bernadete, assassinada há dois anos em Simões Filho, Bahia. A cerimônia reuniu familiares, comunidade quilombola, autoridades e movimentos sociais para reafirmar o legado de resistência e a exigência de justiça.

*Legado de Mãe Bernadete*

- *Defesa do território*: Mãe Bernadete foi uma defensora dos direitos quilombolas e lutou pela titulação de terras para sua comunidade.

- *Educação*: Ela também foi uma educadora que valorizava a educação como forma de resistência e construção de futuro para sua comunidade.

- *Resistência*: Seu legado inspira a resistência quilombola e a luta por democracia e direitos humanos.

*Compromisso do Governo*

- *Apoio às comunidades quilombolas*: A ministra Macaé Evaristo reafirmou o compromisso do governo federal em apoiar as comunidades quilombolas e proteger seus direitos.
- *Titulação de terras*: O governo tem trabalhado para regularizar as terras quilombolas e garantir os direitos dessas comunidades.

- *Proteção aos defensores de direitos humanos*: A ministra também destacou a importância de proteger os defensores de direitos humanos que trabalham em prol das comunidades quilombolas.

A homenagem a Mãe Bernadete foi um momento importante para reafirmar o compromisso com a democracia e os direitos humanos, além de celebrar o legado de uma líder quilombola que inspirou muitas pessoas com sua luta."

Hoje, Mãe Bernadete é símbolo de luta para todos os ativistas sociais, inclusive do Movimento de Moradia, no qual ela foi homenageada com um projeto, o PROJETO MÃE BERNADETE PACÍFICO, localizado no centro da cidade do Rio de Janeiro, Rua da Constituição, 36/38.
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É HORA DO BASTA NO TIO SÃ * Frente Revolucionária dos Trabalhadores/FRT

É HORA DO BASTA NO TIO SÃ
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BOMBARDEIOS NORTEAMERICANOS

A Embaixada Chinesa em Moscou publicou uma lista de países bombardeados pelos Estados Unidos após a Segunda Guerra Mundial:

Japão: 6 e 9 de agosto de 1945
Coreia e China: 1950-1953 (Guerra da Coreia)
Guatemala: 1954, 1960, 1967-1969
Indonésia: 1958
Cuba: 1959-1961
Congo: 1964
Laos: 1964-1973
Vietnã: 1961-1973
Camboja: 1969-1970
Granada: 1983
Líbano: 1983, 1984 (ataques a alvos no Líbano e na Síria)
Líbia: 1986, 2011, 2015
Salvador: 1980
Nicarágua: 1980
Irã: 1987, 2025
Panamá: 1989
Iraque: 1991 (Guerra do Golfo), 1991-2003 (invasões americanas e britânicas), 2003-2015
Kuwait: 1991
Somália: 1993, 2007-2008, 2011
Bósnia: 1994, 1995
Sudão: 1998
Afeganistão: 1998, 2001-2015
Iugoslávia: 1999
Iêmen: 2002, 2009, 2011, 2024 2025
Paquistão: 2007-2015
Síria: 2014-2015
Esta lista inclui aproximadamente 30 países. 

A China enfatizou que "nunca devemos esquecer quem é a verdadeira ameaça ao mundo".
Então surge a pergunta:
A sociedade ocidental já expressou sua raiva em relação aos Estados Unidos?

Já alguma vez se levantou uma voz alta contra eles?
Já foram impostas sanções aos Estados Unidos?
Todo esse sistema global, que chamamos de "comunidade internacional", permaneceu em silêncio enquanto os EUA atacavam países ao redor do mundo como bandidos e transformavam seus sonhos em pesadelos terríveis.
Nenhuma condenação, nenhuma repreensão, nenhum ressentimento de qualquer tipo.

Uma consciência global covarde, envergonhada e hipócrita.
Esta lista deve ser divulgada em todas as plataformas possíveis. Vídeos devem ser produzidos para denunciar todos esses hipócritas ocidentais e nos lembrar de todos os fatos sobre os crimes cometidos pelos Estados Unidos em todo o mundo.
A lista foi publicada pela Embaixada Chinesa na Rússia (Moscou) como uma mensagem política e moral, em um momento em que a mídia internacional e os países ocidentais condenavam veementemente o ataque do Irã a Israel, mas onde o passado dos Estados Unidos era completamente ignorado.

A lista foi publicada para denunciar o duplo fardo, duas medidas tomadas pelos Estados Unidos e pelo Ocidente em questões de direitos humanos, direito internacional e segurança global.
Quando o Irã retaliou contra Israel, os Estados Unidos e seus aliados começaram a chamar o Irã de "ameaça global". A Embaixada da China publicou esta lista em resposta a uma campanha crítica para lembrar que a verdadeira ameaça é um país que bombardeou mais de 30 países desde a Segunda Guerra Mundial.

A posição da China é que os Estados Unidos não estão qualificados para falar moralmente, porque seu passado e presente são marcados por violações de direitos humanos e agressões globais.

A China enviou uma mensagem mais ampla ao publicar esta lista:
O mundo precisa se lembrar de quem é a verdadeira ameaça. A mídia e os governos ocidentais demonstram hipocrisia e, quando os Estados Unidos cometem massacres, permanecem em silêncio.

 Este movimento não é apenas uma ação diplomática ou informativa, mas também uma resposta política e uma acusação moral à narrativa tendenciosa propagada pelos Estados Unidos e seus aliados.
BRASIL SEQUESTRADO
BRASILEIRO


Eu sou brasileiro
E isso aqui é Brasil!
Então, não me venha ameaçar
Utilizando dinheiro,
Que eu não me curvo
Ao seu delírio
E te mando para alguém
Que te pariu.
Pois eu sou brasileiro
E amo o meu país.
Então, não me venha com bravatas
Tentando me constranger,
Pois eu te mostro
Que somos soberanos
E que estamos firmes e dispostos a nos defender.
Eu sou brasileiro
E sei quais são as cores da minha bandeira,
E o nosso povo está conhecendo
Quem é você de verdade:
Um autocrata sem cultura,
Um arrogante ignorante
Que vai ter que aprender
Que essa terra aqui tem dono
E esse dono jamais será você.


Wladimir Tadeu Baptista Soares
Cambuci/Niterói - RJ
Nordestino wladuff.huap@gmail.com
17/07/2025
SEU LUGAR É NA CADEIA, VERME!
OTAVIO GUEDES
BRASIL SOBERANO LIVRE
DE BOLSONARO E DO FASCISMO
BRASIL SOBERANO GOVERNADO PELOS TRABALHADORES
Canção do exílio

Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar –sozinho, à noite–
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que disfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

De Primeiros cantos (1847)

Gonçalves Dias/Maranhão 

quinta-feira, 14 de agosto de 2025

FORA TRUMP - CALENDÁRIO DAS LUTAS ANTIIMPERIALISTAS * Frente Revolucionária dos Trabalhadores/FRT

FORA TRUMP - CALENDÁRIO DAS LUTAS ANTIIMPERIALISTAS
ROBERT DE NIRO 
Movimentos populares fazem atos contra tarifaço de Trump nesta sexta-feira em todo o país. Protestos acontecem nas principais capitais
Movimentos populares realizam nesta sexta-feira (1º) protestos contra o tarifaço imposto ao Brasil pelo regime de Donald Trump nos Estados Unidos. Os atos ocorrem em locais públicos e em frente a representações diplomáticas estadunidenses.

Na quarta-feira (30), Trump assinou a ordem para iniciar a cobrança das tarifas, mas deixou setores estratégicos fora da taxação.

Os atos de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília acontecem nos consulados e na embaixada dos EUA. Já os de Salvador, Porto Alegre, Belo Horizonte, Porto Alegre, Manaus e Recife ocorrem nas regiões centrais das cidades.

A iniciativa Quem manda no Brasil é o povo brasileiro! Contra o tarifaço de Trump é uma parceria da União Nacional de Estudantes (UNE) com as frentes Brasil Popular e Povo sem Medo.

O tarifaço que passa a valer em 6 de agosto eleva – salvo algumas exceções – o custo das exportações brasileiras aos EUA em 50%, atingindo setores do agro e tecnologia, entre outros. A medida de Donald Trump – assumidamente orquestrada por Eduardo Bolsonaro — tem sido encarada como uma tentativa de interferir no sistema Judiciário brasileiro para livrar o ex-presidente Jair Bolsonaro de responsabilidade no plano de golpe frustrado após perder as eleições de 2022.

Analistas apontam que as taxas elevadas equivalem a sanções políticas e visam obter vantagens como acesso à terras raras – importantes para a indústria de tecnologia – o sistema financeiro (substituindo o Pix) e a não regulação das big techs.
Confira abaixo os atos confirmados pelo Brasil na sexta-feira, 1º de agosto:

SP – São Paulo – 10h, no Consulado dos EUA, em São Paulo
SP – Santos – 17h, na Estação Cidadania
BA – Salvador – 15h, no Campo Grande
CE – Fortaleza – 15h30, na Praça da Bandeira
RJ – Rio de Janeiro – 18h, no Consulado dos EUA
DF – Brasília – 9h, em frente a Embaixada dos EUA
RS – Porto Alegre – 18h, na Esquina Democrática
MG – Belo Horizonte – 17h, na Praça Sete
AM – Manaus – 16h, na Praça da Polícia/Palacete provincial com caminhada até a praça do BK
PE – Recife – 15h30, na Praça do Derby
MA – São Luís – 15h, na Praça Deodoro

Ato no sábado, 2 de agosto:

PR – Curitiba – 10h30, na Boca Maldita
FONTE
BRASIL DE FATO

segunda-feira, 11 de agosto de 2025

A LUTA NÃO É POR POLÍTICO. É PELO BRASIL! * Meire Vieira/BA

A LUTA NÃO É POR POLÍTICO. É PELO BRASIL!
Ué, vocês acham mesmo que a gente, da esquerda, da militância raiz, está aqui pra brincar? Militância verdadeira não é aquela que se esconde atrás de cargos, nem aquela que espera as benesses caírem no colo. Militância de verdade é feita com coragem, com garra, com a cara no sol e o coração no povo!

Nós não estamos calados diante da desgraça que essa extrema-direita quer impor ao nosso país. Enquanto muitos fingem que não veem, nós estamos nas ruas, nas redes, nas casas, compartilhando a verdade, levando esperança e resistência ao povo brasileiro.

Nós não lutamos por cargo, por político, por favorzinho. Lutamos porque este país é nosso! Porque esses senhores engravatados lá no Congresso são pagos com o nosso suor, com os nossos impostos. E o que fazem? Baderna, mentira, golpe! E ainda têm a cara de pau de dizer que isso é democracia?

Acordem! Militante que se cala diante da injustiça é cúmplice! Chega de esquerda envergonhada! Queremos uma militância viva, valente, que defenda o Brasil, o povo, a democracia e a verdade!

Porque, no fim, a nossa luta é por cada trabalhador, por cada mãe, por cada criança, por cada brasileiro que merece dignidade!

domingo, 10 de agosto de 2025

Bozofascismo: quando a crença supera a análise * Arnaldo Chioquetta/RS

Bozofascismo: quando a crença supera a análise

Nos últimos anos, surgiu um fenômeno político que muitos chamam de bozofascismo. Diferente do fascismo “clássico”, que frequentemente se apoia em ideias de superioridade genética ou étnica, o bozofascismo não precisa de um marcador físico ou de origem para unir seus seguidores. O que o sustenta é um alinhamento de pensamento e crença.

União pela narrativa

Nesse movimento, o que une as pessoas não é o sangue, mas a visão de mundo. Há um conjunto de ideias-chave que funciona como cola ideológica: a convicção de que a esquerda é hipócrita — alguém que se diz preocupada com o povo, mas busca apenas benefícios próprios — e o apelo ao tripé “Deus, Pátria e Família”.
O discurso moral também ocupa lugar central: a esquerda é retratada como imoral, e quem se considera detentor de moralidade seria naturalmente empurrado para a direita.

Socialismo, comunismo e a “grande ameaça”

Para o bozofascismo, não há diferença real entre socialismo e comunismo. Ambos são vistos como um mesmo inimigo, com a suposta meta de instaurar um regime comunista no país. A ideia de que a esquerda luta por justiça social é descartada como pura hipocrisia.

Circula, ainda, uma narrativa segundo a qual a esquerda se sustentaria pela pobreza: criaria e manteria pobres para lhes oferecer uma esperança e, assim, garantir votos.

A visão sobre os esquerdistas

Para o bozofascista, quem se identifica com a esquerda é, em essência, uma pessoa sem sucesso na vida, movida por inveja de quem possui bens ou prosperidade. O discurso por justiça social, nessa lógica, não passa de ciúmes travestidos de preocupação coletiva — mais um elemento de sua suposta hipocrisia.

O papel da religião e da moral

Na base do bozofascismo, muitas vezes, está uma prática religiosa combinada com afirmações morais. Essa mistura cria um terreno fértil para o controle e a mobilização das pessoas, que passam a enxergar o alinhamento político como extensão da fé.

Aliança com a cultura americana

Outro elemento marcante é a afinidade com valores e símbolos da cultura americana. Há um senso de prepotência, a crença de serem mais inteligentes e esclarecidos que o restante da população. Essa identificação leva a uma natural aliança de opiniões com os EUA, mesmo que isso signifique adotar posturas contrárias aos interesses do próprio país. Para eles, esse é um preço aceitável a pagar pela causa.

Sinais, símbolos e rede interna

Quando o grupo está formado, a coesão se reforça por meio de identificações visuais — um botão com a imagem do Bolsonaro, uma frase colada no carro, ou outros sinais que funcionam como códigos silenciosos. Reconhecer um desses símbolos dispensa palavras: a partir dali, já se sabe que se está entre aliados.
Essa identificação visual também serve para excluir: a simples presença de um símbolo associado a opositores pode significar a eliminação imediata de uma oportunidade, como uma vaga de emprego.

Dentro da rede, há um favorecimento mútuo. Os membros buscam se manter em posições de liderança e garantir que outros do mesmo grupo também ascendam, em uma prática comparada à lógica de sociedades fechadas como a maçonaria.

O líder puro e intocável

No centro de tudo está a figura de Bolsonaro. A crença em sua honestidade é absoluta, impermeável a provas, alegações ou investigações. Qualquer crítica é vista como tentativa maliciosa de destruir sua imagem. Essa devoção nasce, em grande parte, do desejo de ter um “líder puro” — alguém visto como incorruptível e, muitas vezes, colocado num pedestal quase religioso.

Fake news como combustível

Outro traço marcante é a forma como fakes são consumidos e compartilhados. Não há pesquisa ou verificação: se a informação parece se encaixar nas convicções do grupo, ela é imediatamente aceita e divulgada. A vontade de que aquilo seja verdade é tão grande que a possibilidade de ser falso é descartada de imediato.

Imunidade contra argumentos

O bozofascista é praticamente “vacinado” contra explicações convincentes vindas de opositores. Não importa a lógica, as provas ou a clareza da argumentação — qualquer coisa dita por quem não está alinhado é considerada mentira, parte de um plano para enganar.

Polarização absoluta

Essa postura leva a uma divisão rígida: qualquer pessoa que critique Bolsonaro, mesmo que seja da própria direita, é automaticamente rotulada como comunista, inimigo ou traidor. Não há espaço para nuances ou para discordância dentro do próprio campo ideológico.

Um fenômeno provocado

O bozofascismo não é um fenômeno espontâneo. Ele é, em grande parte, resultado de uma estratégia de colonização cultural e política conduzida pelos Estados Unidos, que historicamente tratam a América Latina como seu “quintal”.

Nos anos 90, essa influência ganhou força com a chegada massiva de igrejas pentecostais vindas dos EUA, sob o pretexto de fins filantrópicos e ajuda ao povo. Na prática, tratava-se de um passo inicial para criar uma base social e religiosa alinhada aos interesses norte-americanos, facilitando a penetração de valores, ideologias e narrativas que mais tarde moldariam o próprio bozofascismo.

Um propósito ativo

O bozofascismo não é apenas uma crença passiva. Seus adeptos mantêm um firme propósito de “ajudar na causa”, seja através de discursos, mobilizações ou da simples repetição das narrativas centrais. A lealdade ao grupo e ao líder é tratada como missão pessoal.

Um pacto emocional

O bozofascismo é, no fundo, um movimento de crença coletiva, onde símbolos, moralidade, religiosidade, afinidades culturais e influências externas se entrelaçam para formar um bloco sólido, disposto a se proteger e a defender seu líder incondicionalmente. Mais que política, ele funciona como um pacto emocional que sobrevive à realidade e se alimenta da própria devoção.

A Última Cartada do Bolsonarismo * Reynaldo Aragon

A Última Cartada do Bolsonarismo
Reynaldo Aragon

Eduardo Bolsonaro aposta na radicalização internacional para sabotar o Brasil soberano que desafia Trump, as Big Techs e o império digital. Mas a tarifa de Trump não é pelo clã — é contra a autonomia brasileira.

O pretexto e o alvo real.

Não é por Bolsonaro. Nunca foi. A tarifa de 50% imposta por Donald Trump sobre todas as importações brasileiras não é um gesto de solidariedade pessoal nem de lealdade ideológica. É um ataque estratégico. É o movimento inaugural de uma nova etapa da guerra híbrida declarada contra o Brasil, que tem como verdadeiro objetivo impedir a consolidação de um projeto nacional soberano em pleno século XXI.

A narrativa de retaliação pela “perseguição” ao ex-presidente e seus filhos é apenas a camada superficial do conflito. Serve para mobilizar a base radicalizada da extrema-direita, tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil, mas não explica a profundidade geopolítica e econômica da ofensiva. A real motivação dessa escalada é outra — e bem mais estrutural: a crescente autonomia do Brasil na cena internacional, seu protagonismo no BRICS, sua aproximação com a China e o Sul Global, e a decisão política de avançar na regulação das plataformas digitais, desafiando o poder concentrado das Big Techs norte-americanas.

A eleição de Lula e a postura externa de seu governo — altiva, multilateral, e voltada para a reconstrução de alianças do hemisfério sul — ativaram os alarmes em Washington e no Vale do Silício. A retomada de uma política externa soberana e de políticas de enfrentamento à desinformação, à captura algorítmica e ao abuso das plataformas digitais representam, juntas, uma ameaça sistêmica à hegemonia norte-americana no campo econômico, cultural e informacional.

A resposta de Trump, embora apresentada como defesa da liberdade de expressão ou da “injustiça” cometida contra Bolsonaro, na verdade, é parte de uma engenharia de contenção. Uma forma de conter, pelo colapso tarifário e pelo caos simbólico, o avanço de um Brasil que ousa querer ser mais do que mercado: que quer ser ator, e não apenas território ocupado. O nome disso é guerra — uma guerra em que o bolsonarismo serve como cortina de fumaça e instrumento de desgaste, mas já não é protagonista da história.

A engrenagem da guerra híbrida: EUA, Big Techs e domínio digital.

A aliança entre o governo dos Estados Unidos e as Big Techs forma o núcleo duro do novo imperialismo — um imperialismo de dados, de plataformas e de controle cognitivo. O que está em curso no Brasil, portanto, não é apenas uma disputa comercial, mas uma operação articulada para reverter avanços que ameaçam esse poder.

A recente decisão do Supremo Tribunal Federal de responsabilizar plataformas pelos conteúdos que divulgam e se recusam a moderar foi interpretada, em Washington e na Califórnia, como uma ruptura intolerável. O Brasil tornou-se o primeiro grande país do Ocidente a declarar que o espaço digital não é uma terra sem lei. A regulação, mesmo em estágio inicial, foi suficiente para acionar mecanismos de retaliação. Da mesma forma como o petróleo foi o estopim de guerras convencionais, a moderação de conteúdo e a responsabilização de plataformas se tornaram gatilhos para sanções econômicas e chantagem política.

Trump, ao alinhar sua retórica à defesa irrestrita das Big Techs, não apenas reafirma sua subordinação aos interesses do Vale do Silício como também instrumentaliza o caso brasileiro para enviar um recado global: qualquer nação que desafiar a supremacia digital norte-americana será punida. Não por meio de mísseis, mas por meio de tarifas, manipulação de mercados, desestabilização institucional e campanhas de desinformação internacional.

Esse processo é parte do que muitos já chamam de complexo civil-militar informacional — um aparato que funde a lógica de guerra do Pentágono com a arquitetura de dados das empresas privadas. As plataformas, longe de serem neutras, são agentes ativos na disputa por hegemonia. Elas moldam comportamentos, modulam afetos e operam como braços de um sistema de dominação silenciosa, mas eficaz. Quando o Brasil ameaça reverter essa lógica, torna-se alvo.

O governo Lula, ao insistir na regulação democrática do ambiente digital, tocou numa das feridas mais sensíveis do capitalismo contemporâneo. Não se trata apenas de legislar sobre fake news. Trata-se de afirmar que a soberania informacional é um direito do povo e uma condição para a existência de qualquer projeto nacional de longo prazo. O tarifaço, nesse contexto, deve ser lido como um ato de guerra: um sinal de que a autonomia digital passou a ser tratada como insurreição geopolítica.

O bolsonarismo como instrumento esgotado.

Durante quatro anos, o bolsonarismo foi o agente ideal para a execução da agenda imperial no Brasil. Entregou tudo o que lhe foi pedido: desmonte de políticas públicas, destruição da soberania ambiental, militarização do governo civil, privatizações de infraestrutura estratégica, paralisação de mecanismos de integração regional e — o mais importante — uma relação de completa subserviência à lógica das plataformas digitais e ao eixo geopolítico Washington-Silicon Valley.

Mas agora, fora do poder, essa aliança entra em crise. O bolsonarismo já não controla ministérios, nem embaixadas, nem orçamento. Não tem como romper com o BRICS, nem vetar a regulação da internet, nem entregar ativos nacionais. O que resta é sua utilidade residual: servir de massa de manobra, de gatilho narrativo, de bucha de canhão. Os filhos de Bolsonaro e seus aliados sabem disso. Eles não são mais os operadores da máquina — são apenas os provocadores que ainda têm algum valor simbólico enquanto conseguirem gerar instabilidade.

A reação histérica de Eduardo Bolsonaro — criticando o Itamaraty, ameaçando não voltar ao Brasil, apelando por sanções internacionais contra juízes brasileiros — não é apenas desespero. É cálculo. Ele sabe que Trump não vai salvar sua família. Mas aposta que, ao dobrar a aposta na radicalização, poderá criar um ambiente suficientemente caótico para interferir nas eleições de 2026. O exílio voluntário é transformado em narrativa messiânica. O golpismo fracassado vira martírio estratégico.

Esse movimento, porém, carrega uma contradição central: os EUA — e as Big Techs — não precisam mais do bolsonarismo para operarem seus interesses. O que eles querem é o enfraquecimento do governo Lula, seja com Eduardo, com Tarcísio, com o Centrão ou com um avatar novo. O bolsonarismo, nesse arranjo, tornou-se um problema tático. Ele é instável, ruidoso, exposto. A tática agora é usá-lo para romper o tecido institucional brasileiro e, quando não for mais funcional, abandoná-lo à própria sorte — como fizeram com tantos “aliados descartáveis” na história da geopolítica imperial.

O problema, para o Brasil, é que enquanto esse resíduo tóxico da extrema-direita continuar operando como força de sabotagem interna, a instabilidade será permanente. O bolsonarismo não governa, mas impede que o país governe. Não propõe, mas bloqueia. Seu papel hoje não é mais ser governo. É ser vírus.

Eduardo Bolsonaro e a aposta desesperada na escalada internacional.

Eduardo Bolsonaro não é ingênuo. Ele sabe que seu pai não será salvo por Trump. Sabe que a anistia não virá do Congresso e que o Supremo não recuará. Sabe que os Estados Unidos não moverão uma única engrenagem de seu complexo militar-jurídico-informacional por lealdade pessoal à família Bolsonaro. Mas mesmo diante desse diagnóstico, Eduardo dobra a aposta. E o faz não por convicção, mas por desespero estratégico.

Ao abandonar o Brasil e instalar-se no exterior como suposto “refugiado político”, Eduardo assume um novo papel: o de operador internacional de guerra cultural e sabotagem diplomática. Sua atuação passa a ser simbólica e estratégica — ele se converte em instrumento para acionar forças externas contra a institucionalidade brasileira. É isso que explica suas declarações recentes: o pedido para que Trump sancione juízes do STF, a ameaça de renunciar ao mandato, os ataques ao Itamaraty e até ao governador Tarcísio de Freitas. Eduardo não está apenas se defendendo — está tentando incendiar o cenário institucional brasileiro a partir de fora.

Essa estratégia carrega a lógica clássica da guerra híbrida: deslegitimar as instituições por dentro e por fora, forçar reações desproporcionais, desestabilizar alianças diplomáticas e apresentar o Brasil como uma “ditadura disfarçada” que precisa ser corrigida pelos “verdadeiros defensores da liberdade”. É a cartilha de Steve Bannon adaptada às condições de um país que ousou dizer não ao império.

Mas o que Eduardo ignora — ou finge ignorar — é que ele não é mais um protagonista necessário. O trumpismo tem outras prioridades. As Big Techs também. E se em algum momento ele for considerado um peso, será descartado com a mesma frieza com que o Departamento de Estado abandonou tantos outros agentes provocadores mundo afora. O exílio simbólico pode se transformar em exílio real. E a cruzada que hoje lhe rende manchetes poderá, em breve, render silêncio — ou prisão, se decidir voltar ao Brasil.

O cálculo de Eduardo é claro: ele não quer vencer dentro das regras. Ele quer destruir o tabuleiro. E sua aposta é que Trump o ajudará nisso — não por lealdade, mas porque a destruição do Brasil como projeto soberano interessa ao capital que Trump representa. A questão é: até onde Eduardo está disposto a ir para provocar essa ruptura? E o que ele arrasta junto consigo?

O empresariado brasileiro: rachaduras na base da direita.

Se Eduardo Bolsonaro joga no caos, o empresariado brasileiro joga no cálculo. E a conta, para quem tem investimentos, cadeia de produção e folha de pagamento, não fecha. A radicalização da extrema-direita, longe de representar estabilidade ou previsibilidade, virou um risco de negócio — um risco político, jurídico, diplomático e agora comercial. A tarifa de Trump acendeu o sinal vermelho nos gabinetes da FIESP, da CNI e dos fundos de investimento: apoiar aventureiros digitais pode sair caro.

A reação do setor produtivo não tem sido ruidosa, mas é visível. Empresários que até pouco tempo toleravam o bolsonarismo como um “mal necessário” para conter a esquerda já não escondem o incômodo. O tarifaço imposto por Trump, supostamente para “defender” Bolsonaro, prejudica exportações, encarece insumos e ameaça empregos. Mais do que isso: torna o Brasil um país imprevisível para o comércio internacional — e a instabilidade, como todo capitalista sabe, é o pior dos ambientes para o lucro.

Essa cisão explica o silêncio de boa parte da elite econômica diante das bravatas de Eduardo. Ninguém do setor financeiro, industrial ou do agronegócio de médio porte saiu em defesa da família Bolsonaro. Pelo contrário, há um movimento gradual de realinhamento com figuras como Tarcísio de Freitas, que encarnam o mesmo projeto de subordinação ao capital internacional, mas com uma estética mais polida, mais tecnocrática, mais vendável. Tarcísio fala inglês, usa terno sim e não pede golpe em live de domingo — e isso basta para parte da elite econômica que quer seguir entregando o país, mas sem ruído.

No entanto, essa aposta também carrega riscos. Tarcísio representa uma continuidade da lógica de submissão, da entrega, da alienação do que resta do Estado brasileiro. Seu projeto, embora mais silencioso, é igualmente hostil à soberania. Ele não repele o bolsonarismo: apenas o encapsula numa embalagem aceitável. É a ultradireita de gravata, o golpismo por dentro da norma, a captura neoliberal disfarçada de eficiência.

O empresariado brasileiro, nesse jogo, está dividido entre dois erros: a instabilidade alucinada dos Bolsonaro e a tecnocracia colonizada dos “liberais racionais”. Nenhum dos dois projetos serve ao país. Ambos respondem, em última instância, ao mesmo centro de comando: o capital estrangeiro, suas corporações e seus algoritmos.

BRICS, Sul Global e soberania digital: o que realmente está em jogo.

O tarifaço de Trump é o pavio visível; o barril de pólvora, porém, está nas transformações que o Brasil passou a liderar no eixo Sul Global. Desde que assumiu a presidência do BRICS em 2025, Brasília deu ao bloco um rumo claro: cooperação financeira em moedas locais, integração industrial entre América do Sul, África e Ásia e uma agenda de governança global centrada na redistribuição de poder hoje concentrado no FMI e no Conselho de Segurança da ONU. A Declaração do Rio de Janeiro, aprovada há poucos dias, coloca em texto corrido o que Washington sempre temeu: “fortalecer mecanismos de financiamento que reduzam a dependência do dólar” e “promover padrões regulatórios comuns para a economia digital”

É contra esse enunciado que a Casa Branca Dispara tarifas.

Trump reage porque os números já contam a história. Em 2003, os EUA absorviam quase um quarto das exportações brasileiras; hoje recebem 12%, enquanto a China saltou para 28%.

Cada ponto percentual que o Brasil desloca para o mercado asiático é uma fissura na arquitetura unipolar que sustenta o poder norte-americano. E não se trata apenas de soja ou minério: falamos de semicondutores produzidos em parceria com a Índia, cabos de dados submarinos conectando Fortaleza a Luanda, satélites geoestacionários cofinanciados pelo Novo Banco de Desenvolvimento. A tarifa, nesse jogo, não busca proteger empregos em Ohio; ela tenta conter a geometria de um mundo em que o Atlântico deixa de ser o meridiano definitivo do comércio e da cultura.

No plano doméstico, Lula apoiou outro movimento que irrita Silicon Valley: a responsabilização legal das plataformas digitais. Em 26 de junho, o Supremo Tribunal Federal declarou parcialmente inconstitucional o artigo 19 do Marco Civil da Internet, exigindo pronta remoção de conteúdos ilícitos e estabelecendo dever de cuidado algorítmico

A decisão converte o Brasil em laboratório jurídico para qualquer país que pretenda quebrar a imunidade das Big Techs. Se a sentença se consolidar, cria-se jurisprudência capaz de atravessar oceanos. A tarifa, portanto, é mensagem cifrada: “regulem e pagarão”.

A convergência de soberania econômica (BRICS) e soberania informacional (regulação das plataformas) compõe o coração estratégico do conflito. Ao articular-se com Pequim, Joanesburgo e New Delhi para monetizar comércio em moedas locais, o Brasil desafia o privilégio exorbitante do dólar. Ao impor barreiras jurídicas ao poder algorítmico, desafia a renda de monopólio dos conglomerados digitais que sustentam a máquina de inteligência dos EUA. Essa dupla audácia altera o centro de gravidade do sistema-mundo: já não basta controlar portos e minas — é preciso submeter cabos de fibra e leis de dados.

Trump, estrategista do choque, escolheu a arma tarifária porque é rápida, concentrada e fácil de vender a um eleitorado protegido por slogans nacionalistas. Mas o alvo real não está nos contêineres que deixam Santos; está no cabo óptico que liga Santos a Xiamen, nos pilotos de IA que rodam em nuvem brasileira sem intermediação da Califórnia, no estatuto jurídico que pode obrigar o Facebook a contratar moderadores em Recife ao invés de automatizar censura em Boston.

Por isso o conflito de 2025 é qualitativamente distinto das guerras tarifárias dos séculos passados. É disputa sobre quem define as regras do tráfego de bits, sobre quem captura excedentes cognitivos, sobre quem registra a contabilidade em qual moeda. E, nesse xadrez, o Brasil tornou-se, num mesmo lance, peça-chave e peça-alvo: se conseguir manter a rota BRICS e consolidar a regulação digital, abre precedente para todo o Sul Global; se recuar, reforça a tese de que nenhuma potência periférica pode ousar reformar o sistema sem sofrer retaliação exemplar.

Cenários até 2026: o confronto inevitável entre soberania e submissão.

Até outubro de 2026, o Brasil enfrentará uma encruzilhada histórica. O que está em jogo não é apenas a reeleição de um presidente ou a sobrevivência política de um grupo extremista. Está em jogo a possibilidade — talvez a última em décadas — de consolidar um projeto de país soberano em meio a uma ofensiva global coordenada que combina guerra comercial, sabotagem informacional e chantagem diplomática.

A máquina de guerra híbrida já está em operação. A tarifa de 50% imposta por Trump é apenas o início. Fontes próximas ao Departamento de Comércio dos EUA falam em ativar a seção 301 para iniciar investigações formais contra o Brasil por “restrições à liberdade de expressão e ao livre mercado digital” — linguagem fabricada sob medida para proteger os interesses das Big Techs. A Meta, o Google, a Amazon e o X, cada uma à sua maneira, vêm pressionando parlamentares brasileiros, ameaçando suspender serviços, alegando insegurança jurídica, enquanto injetam recursos em campanhas de desinformação e manipulação do debate público.

Nesse ambiente, o bolsonarismo seguirá operando como força de sabotagem. Sem poder institucional, funcionará como milícia digital, como rede paralela de influência e como elo informal entre os interesses do trumpismo, da extrema-direita europeia e dos grupos que operam nas sombras do capital financeiro e tecnológico. Não se trata de disputar eleições para vencer — trata-se de inviabilizar o processo eleitoral, esgarçar a credibilidade das instituições, plantar a dúvida, esticar a corda.

A aposta de Eduardo Bolsonaro é clara: transformar 2026 em um plebiscito entre “a ditadura do STF” e “a liberdade”, entre “o comunismo do BRICS” e “o Ocidente cristão”, entre “a censura petista” e “a verdade do povo”. Trata-se de um roteiro pronto para ser executado em plataformas controladas por interesses estrangeiros, operado com inteligência artificial generativa, redes de bots, influenciadores pagos e o apoio silencioso — mas ativo — de think tanks, fundações e setores do próprio empresariado internacional.

Mas essa narrativa não encontrará terreno fértil com a mesma facilidade de 2018. O cenário mudou. A pandemia desnudou o custo da irresponsabilidade. O 8 de janeiro revelou os limites do golpismo. E o tarifaço de Trump expôs a fratura entre os interesses do povo brasileiro e os da extrema-direita internacional. O empresariado está dividido. O eleitorado está mais desconfiado. E o campo democrático aprendeu a reconhecer que as eleições já não são apenas disputa de votos — são guerra de percepção.

Do lado do governo, o desafio é enorme: manter a estabilidade institucional, ampliar a frente de defesa da soberania, comunicar com clareza o que está em jogo e resistir à tentação de responder no mesmo tom da provocação. Lula sabe que não basta vencer. É preciso vencer com legitimidade inquestionável, com mobilização popular, com articulação internacional — e com um novo pacto nacional que não inclua golpistas nem neoliberais envernizados.

Se o Brasil resistir até 2026, terá vencido não apenas uma eleição, mas uma guerra. Uma guerra contra o projeto de recolonização digital e financeira, contra a tentativa de transformar o país numa filial algorítmica da política externa norte-americana. E essa vitória — se acontecer — não será de Lula apenas, mas do povo brasileiro e de todas as nações que ousam desafiar a ordem imperial.

A hora de nomear a guerra e decidir o lado da História.

A tarifa de Trump não é sobre Bolsonaro. É sobre o Brasil. É sobre impedir que um país do Sul Global alcance maturidade geopolítica, autonomia digital e protagonismo internacional fora da órbita imperial. Bolsonaro é apenas o biombo — uma figura útil enquanto servia para desmontar o Estado por dentro, hoje reciclada como peça de agitação simbólica na guerra informacional travada contra a soberania.

Estamos diante de uma operação coordenada que articula governo dos Estados Unidos, Big Techs e setores do capital financeiro internacional para reverter um ciclo que ameaça escapar do controle do centro. O Brasil do BRICS, da regulação digital, das parcerias sul-sul, da desdolarização e da reconstrução do Estado não pode ser permitido. Não porque seja radical — mas porque é exemplo.

Nesse contexto, o bolsonarismo é o vírus e o vetor, mas não é o cérebro. É o agente do caos, mas não o autor da ofensiva. Eduardo sabe disso. Por isso radicaliza. Por isso se exila. Porque o que está em disputa não é mais o destino de sua família, mas o futuro da própria arquitetura de poder que sua família serviu. E se ele tiver que incendiar o país para voltar ao jogo, ele o fará.

Do outro lado, o Brasil tem uma chance histórica. Mas não pode errar a leitura. O que se desenha até 2026 não é apenas uma eleição. É um campo de batalha entre dois projetos antagônicos: soberania ou submissão. Multipolaridade ou dependência. Civilização ou colônia digital.

É preciso nomear a guerra. E é preciso decidir, sem ambiguidade, de que lado da História o Brasil quer estar. Não haverá mais neutralidade possível. A guerra já começou — e ela não é pelo Bolsonaro. Ela é contra o Brasil.


Reynaldo Aragon é jornalista especializado em geopolítica da informação e da tecnologia, com foco nas relações entre tecnologia, cognição e comportamento. É pesquisador do Núcleo de Estudos Estratégicos em Comunicação, Cognição e Computação (NEECCC – INCT DSI) e integra o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Disputas e Soberania Informacional (INCT DSI), onde investiga os impactos da tecnopolítica sobre os processos cognitivos e as dinâmicas sociais no Sul Global.

sexta-feira, 8 de agosto de 2025

NÃO SE DEFENDE A SOBERANIA CONFIANDO NA BURGUESIA * LIGA COMUNISTA BRASILEIRA - LCB

NÃO SE DEFENDE A SOBERANIA CONFIANDO NA BURGUESIA

Desde o início dos ataques imperialistas de Trump contra o Brasil, a reação do governo é a de mobilizar os capitalistas atingidos pelo tarifaço. Essa abordagem reduz o ataque à nossa soberania a um conflito de natureza comercial. E tenta contornar o tarifaço ao entabular negociações diretas com setores empresariais dos Estados Unidos também impactados pelo anúncio das medidas.

Porém, o que está em jogo é algo muito maior. O imperialismo estadunidense, na luta contra a sua decadência, arrasta o Brasil para um conflito de natureza geopolítica. O alvo dos ataques ao Brasil são os BRICS e o controle do espaço político e econômico latino-americano diante do retumbante avanço chinês sobre a região. A anistia a Bolsonaro, colocada por Trump como condição para negociação comercial, é peça fundamental dessa estratégia.

Ao exigir a anistia a Bolsonaro, permitindo que ele concorra na eleição presidencial de 2026, os Estados Unidos teriam um candidato completamente alinhado aos seus interesses. Tudo indica que a família Bolsonaro, através do filho Eduardo que está nos Estados Unidos, já entabulou negociações com Trump.

O roteiro é conhecido. Trump impõe tarifas comerciais escorchantes e sanções a autoridades brasileiras, como a lei Magnitsky ao ministro Alexandre de Moraes. Em troca, caso o Brasil ceda e Bolsonaro seja anistiado e vença, seu governo aplicaria uma agenda de interesse completo dos Estados Unidos. O próprio Bolsonaro já anunciou em fevereiro, que caso possa concorrer e ser eleito, tiraria o Brasil dos BRICS e permitiria a instalação de bases militares na Tríplice Fronteira.

Estamos diante, portanto, de um ataque sem precedentes a nossa soberania. Essa ingerência dos Estados Unidos se apoia nos segmentos mais reacionários da classe dominante e das camadas médias. A esse setor entreguista pouco importa a defesa da soberania. Interessa-lhes muito mais se livrar de uma força política que imaginariamente representa uma ameaça aos seus interesses e à sua visão de mundo.

Por isso o povo precisa ser mobilizado e entrar nessa disputa. Não se pode confiar na burguesia brasileira. Preocupada apenas com seus negócios, ela vai roer a corda caso passe a ser alvo de medidas coercitivas do governo Trump. O Bradesco, que têm investimentos internacionais, já manifestou temores de ser alvo da lei Magnitsky. Vozes na grande imprensa burguesa cobram do governo que este negocie o tarifaço e que Lula faça um gesto de entendimento e telefone a Trump.

Porém, não há o que negociar, pois o que está em jogo é a destruição da soberania nacional disfarçada de disputa comercial. Não é momento de entreguismo que envolva, por exemplo, negociações que ataquem ao Pix e a participação dos Estados Unidos na exploração das terras raras brasileiras, como sugeriu o ministro Fernando Haddad.

Os Estados Unidos são um rato que ruge. Sob a gestão Trump ameaçam os países com o fogo do inferno, caso não cedam integralmente aos seus interesses. Mas, quando encontram resistência, recuam de suas bravatas. A decisão de Trump de retirar quase 700 produtos brasileiros do tarifaço é um exemplo e foi fruto da decisão acertada do governo de não admitir ataques à soberania brasileira.

Como ensina Marx em Introdução à Crítica da Filosofia do Direito de Hegel, “a força material tem de ser deposta por força material”. O ataque imperialista ao Brasil, apoiado por forças internas entreguistas, só será vencido pelo povo mobilizado. Não se pode tratar o conflito com Trump como uma disputa comercial. Deve-se considerá-la como uma disputa de natureza geopolítica, em que a nossa soberania está sob grave risco de retrocesso, com impacto profundo na luta de classe no Brasil.

Só a massa trabalhadora é capaz de defender de verdade a soberania nacional.

LIGA COMUNISTA BRASILEIRA - LCB
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quarta-feira, 6 de agosto de 2025

ENTREVISTA JOÃO VICENTE GOULART * SoberanoCast/TV Soberania

ENTREVISTA JOÃO VICENTE GOULART
Nosso primeiro convidado é João Vicente Goulart, filho de João Goulart, derrubado por golpe militar comandado por Lyndon Johnson, presidente dos Estados Unidos. Vamos conversar com João Vicente sobre sua indicação como candidato a novo presidente do MDSN em substituição a Ivo Pugnaloni, cujo mandato se encerra em 27 de setembro próximo e deverá assumir outro cargo na diretoria.
 SoberanoCast/TV Soberania