quarta-feira, 30 de novembro de 2022

É PROIBIDO GOVERNAR * IGOR GRABOIS/RJ

É PROIBIDO GOVERNAR


IGOR GRABOIS/RJ

Considerações sobre a captura pelo neoliberalismo da máquina pública

Impressionante o que o neoliberalismo fez com a máquina pública brasileira. O presidente eleito tem, na prática, de pedir para governar. E não estou falando de aprovação de leis no Congresso e que tais. Estou falando das atribuições do Poder Executivo.

Uma série de órgãos públicos tem “mandato”, que blindam seus dirigentes do voto popular. O Banco Central independente – deve ser do pai e da mãe, porque é dependente do mercado – é o caso mais gritante. Bob Fields Neto, parça do sinistro Paulo Guedes, tem dois anos ainda para sabotar a política econômica do governo.

A Aneel, a agência capturadíssima pelos regulados, as empresas do setor elétrico, avisa o governo de transição que a energia vai aumentar 5,3%, em algumas distribuidores mais de 10%. Por cálculos que ninguém sabe quais. Bastaria trocar os dirigentes da Aneel e implantar a modicidade tarifária. Só que não. A Aneel tem “mandato”. O setor está todo privatizado e é necessário “respeitar os contratos”. Danem-se os consumidores residenciais e empresariais.

A situação se repete em um monte de outros setores como aeroportos, telefonia, portos. Até a Embratur tem “mandato”. Bozo nomeou o Sanfoneiro Gilson para quatro anos (!) de mandato. O próximo governo está impedido, de fato, de implantar uma política para o turismo. O Sanfoneiro Gilson, é de conhecimento geral, acha que turismo é jogo e turismo sexual.

Na Petrobras, com um estatuto que favorece os acionistas minoritários, o presidente da empresa, ex-secretário de Paulo Guedes, anuncia que ficará até abril de 2023, até a nova Assembleia de acionistas. Vai aproveitar para vender mais alguns pedaços da companhia.

O vice-presidente Geraldo Alkmin negocia com o Sebrae para que adie a eleição de sua direção para fevereiro. O Sebrae faz parte do sistema S, mas recebe caminhões de dinheiro público para não apoiar, com medidas concretas, a micro e pequena empresa.

A maioria do povo não sabe disso. O aumento da energia elétrica vai para o colo do novo presidente. O aumento de juros e política monetária contracionista vão fazer o Tesouro e a política fiscal enxugar gelo, com efeitos devastadores nos preços e nos empregos. A conta também será paga por Lula.

O tal mercado tem as agências, o Banco Central e os tais “contratos” que só beneficiam as empresas. E ainda querem impor um nome de seu agrado no Ministério da Fazenda e ditar a política fiscal. A política fiscal é a única que o presidente, no momento, pode implementar, já que a monetária e a cambial estão a cargo do Banco Central “independente”.

Para implantar o programa escolhido pelas urnas é mandatório que os arranjos institucionais implantados desde o governo FHC sejam rediscutidos, com o retorno para os ministérios o poder usurpado pela miríade de agências regulatórias que trabalham a favor dos regulados privados.

FONTE

É proibido governar - A TERRA É REDONDA

terça-feira, 29 de novembro de 2022

QUEM É INDÍGENA, AFINAL? * PORAKÊ MUNDURUKU

 QUEM É INDÍGENA, AFINAL?


É muito fácil deixar de ser indígena, basta sair do território, ou ser expulso dele, ou nascer fora de uma aldeia, ou esquecer as línguas que o colonizador se esforçou em apagar, ou ter um ancestral não indígena. Voltar a ser indígena é que é difícil, para muitos impossível. 


O colonizador foi quem criou este conceito, "indígena", e o tornou excludente para sua própria conveniência. Mas somos nós, a quem este conceito foi imposto, que precisamos refletir: O que faremos com ele? Será uma forma de unir e organizar nossas lutas? Ou  será uma forma de nos deixar subjugar pela lógica excludente do sistema colonial-capitalista?


#resistênciaíndigena #lutaindígena #retomadaindígena #indigenasemcontextourbano #anticolonial  


PORAKÊ MUNDURUKU

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Porakê Munduruku – Medium

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Vencemos a Suíça? * Bernardino José de Brito.SP

 Vencemos a Suíça?

A Suíça tem uma seleção de talento bem inferior à brasileira, o técnico deles agiu corretamente, jogando atrás, na retranca.

O êxito depende muito do autoconhecimento, da capacidade de aceitar com humildade, as próprias debilidades.


Não se trata de nenhuma vergonha, saber jogar com aquilo que se tem, de maneira consciente, e com os pés firmes ao chão.


Como o ditado popular afirma: é o que tem pra hoje.

 

Deveríamos ter feito esse recuo em 2014, quando a Alemanha fez 2 x 0, o que certamente, teria impedido os 7 gols naquele dia fatídico.


Com muito mais talento que a Suíça e com o exemplo de sua conduta hoje, talvez o Brasil pudesse ter equilibrado lá atrás, o jogo da Alemanha, ou, quem sabe, até tê-la vencido pelo contra ataque. 

Por orgulho histórico, não recuamos, deu no que deu, ficando pior.


Parece uma decisão simples, mas sabemos que não é nada fácil ao favorito retrair, porque o orgulho do mundo pesa, virando loucura. Os que souberem recuar para o amanhã, terão êxitos na vida pessoal, familiar, escolar, no trabalho e etc.


Com as nações, não é diferente, observo sempre alguns amigos na política dizerem: Biden é fraco, se fosse o Trump, a Rússia não teria invadido a Ucrânia. Ao que respondo: se fosse Trump, talvez não estivéssemos mais aqui. O mundo não aceita mais xerifes, nem no campo, e muito menos na geopolítica. Historicamente constatamos que o orgulhoso sempre cria um problema gigantesco.


Lembrando que Hitler não é fruto do acaso, mas da tentativa de colocar um povo contra a parede. Quem já tentou encurralar um gato, conheceu de perto, um leão.


O recuo, portanto, está longe de ser uma covardia, visto que nos permite uma retomada do fôlego para a reflexão, e a tomada de medidas necessárias às mudanças, abrindo caminhos para a vitória.


Vitória que a Suíça sabe bem o que é, tendo uma renda per capita de 93 mil dólares, enquanto a nossa está em 7,5 mil. Nesse caso, não é apanhar de 7x0 como no jogo contra a Alemanha, e nem a comemoração da vitória de 1x0 que tivemos hoje, mas sim, 12x0 para a Suíça, em educação, saúde, moradia e nível de emprego.


O Brasil ocupa o 133° lugar no IDH - Índice de Desenvolvimento Humano, a Suíça, o 2° lugar. Nossa expectativa de vida está em 76 anos, e a deles, 84.

Richarlyson tem razão em se preocupar com a vida de seu povo.


Bernardino José de Brito.SP

segunda-feira, 28 de novembro de 2022

O ADEUS DE UM HOMEM MINÚSCULO * RENATO ESSENFELDER - SP

 O ADEUS DE UM HOMEM MINÚSCULO

Renato Essenfelder – Estado de São Paulo

O homem minúsculo, o homúnculo, apagou as luzes do palácio e foi dormir. Depois de tanto bradar, gritar e babar, depois de ameaçar e conspirar à luz do dia, incessantemente, calou-se. Recolheu-se à insignificância que o espera. Amém.


Como os livros de história no futuro irão se referir a esse homem tão pequeno? Terá alguma importância, o seu nome, ou irão se interessar apenas pelo surto coletivo que se apossou de milhões de brasileiros, por meia década ao menos, e que resultou na eleição de um ninguém, um nada, um palhaço macabro? Um fantasma descarnado, insepulto e obcecado pela morte, sua especialidade, no qual milhões projetaram suas próprias fantasias autoritárias. Como? Por quê?


Quantos afinal projetaram naquele corpo sem vida, naquela vida sem alma, a virilidade perdida, as certezas corroídas, o desejo e a inveja da criança egoísta que brinca de motinho enquanto o mundo acaba em fome e doença. As pessoas morrem, ele debocha: e daí? Nada interrompe seu gozo sem fim.


Os livros de história no futuro talvez falem de um homem minúsculo que emergiu dos porões sujos do Congresso Nacional, já em avançado estado de decomposição moral e física, para canalizar todo o ressentimento de uma nação. Esse vórtice de maldade, cercado por gente ainda menor, ainda mais ridícula e ignorante orbitando ao redor de sua sombra.


Homens minúsculos, a história demonstra, podem projetar sombras imensas. Mas passam, os homens e suas sombras.

Ele tentou, com todas as minúsculas forças, tentou eternizar sua sombra horrível. Mas decrépito, fraco, bronco e insignificante, não conseguiu manter-se no poder. Porque destruir é uma coisa, mas construir é outra, muito mais difícil, muito mais complexa. O homem pequeno veio e apequenou o país inteiro, apequenou o Estado e as suas instituições, apequenou o povo, os amigos, as famílias. Destruiu, passou bois e boiadas, sufocou, boicotou, conspirou, enquanto ocupavamo-nos de sobreviver.


Mas então, enfim consciente da sua pequenez, emudeceu no canto do palácio vazio, vítima da própria insignificância.

Depois de destruir e destruir e destruir, descobriu-se incapaz, impotente, brocha. Um fantasma de brochidão e fraqueza, incapaz de fecundar o que quer que seja – planos, corpos, natureza. Homens pequenos não constroem coisa alguma.

Já era hora de dar um basta, já era hora de lembramos a nós mesmos que o homem pequeno é pequeno demais para um país tão grande.


*RENATO ESSENFELDER - jornalista, escritor e professor universitário. É doutor em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo (USP) e pós-doutor em Comunicação e Artes pela Universidade da Beira Interior (Portugal)

domingo, 27 de novembro de 2022

MARIA LUIZA FONTENELE DE CLASSE E DE LUTA * Frente Revolucionária dos Trabalhadores / FRT

MARIA LUIZA FONTENELE DE CLASSE E DE LUTA
MARIA LUIZA FONTENELE

Sim, Maria Luiza é da galeria dos imprescindíveis dos quais falava Bertold Brecht. Hoje completa 80 anos de vida que desde cedo colocou a serviço dos deserdados pelo capital. Primeira mulher a se eleger Prefeita de uma capital (a quinta do país) e primeira vitória do PT quando era um partido sem patrões e sem os elogios destes; Marxista da crítica do valor, e com brilho próprio;  expulsa do PT por não compactuar com a conciliação política com as elites historicamente dominantes e sem compactuar com a corrupção com grandes empresas em detrimento do povo; histórico pessoal de coerência de pensamentos e atitudes; feminista emancipacionista da dissociação de gênero; defensora das liberdades a presos políticos  contra a ditadura militar; forte e granitica como os monólitos de sua terra natal, o Quixadá; corajosa como Barbara de Alencar e talentosa como o cego Aderaldo, nem precisava ser tão bonita por fora como é de cabeça... Maria Luiza é um exemplo do que o Ceará produz de melhor para o mundo!!!

Por Dalton Rosado - CE

Somos Todas Marias!


“São tantas as Marias

Espalhadas pelo sertão

Que até parecem Rosas

Plantadas em mutirão”


Nossa mãe terra tá prenhe

De emancipação. 

Ela expressa seu limite

Ecológico.

E há um mal-estar 

Na sociedade modernosa.

O engenho humano

Também chegou ao seu limite.

Por enquanto, 

Se expressa no sujeito,

Com sua economia de saque.

Mas, não há razão para pânico.

Confiemos às mulheres livres

E às pessoas amorosas

A tarefa de mudar tudo.

 

Todas! Todos! Todes!

Ao aniversário de Maria da Emancipação!

https://www.instagram.com/p/ClSHyM4NpEN/?igshid=MDJmNzVkMjY= 

*

MARIA LUIZA FONTENELE


Prefeita e Deputada 

De nossa capital 

Força afamada 

Pelo jeito fraternal 

Luta declarada 

De garra sem igual 

Maria é luta 

Em nome do social 

Garra na disputa 

Solidariedade é total 

Força absoluta 

Vencendo todo mal 

Maria Luiza 

É ação e emoção 

E internaliza 

A pureza da ação 

Sua ação visa 

O bem do seu irmão 

Na luta anticapitalista 

Renunciou ao partidarismo 

Tem força realista 

Na lógica do ativismo 

Sempre pelo povo bem vista 

Pelo dom do altruísmo 

Adeus ao capitalismo 

Ele sim tem lutado 

No ato de idealismo 

E no ritmo bem provado 

Sem perder o sorriso 

Com o povo lado a lado.


Djacyr de Souza-CE

O DESVIRTUAMENTO DE PRINCÍPIOS
Um desabafo de Dalton Rosado

No tempo da ingenuidade, que todos temos pois ninguém nasce experiente, eu acreditava que poderia haver partidos políticos que respeitassem as opiniões divergentes na busca da melhor solução para os problemas sociais. Cheguei à conclusão que isso não é possível, pois o poder corrompe e a continuidade no poder corrompe muito mais.

Foi imbuído do sentimento de credulidade ingênua que ajudei a criar o PT em Fortaleza e, por extensão, no Ceará. Era o ano de 1981. A vida nos ensina e retira de nós a ingenuidade, mas podemos preservar a pureza de sentimentos. É o que tento fazer.

Advogado defensor de quem era preso pela Polícia Federal; de favelados despejados de suas moradias; de sindicatos que sofriam intervenções ditatoriais; e defensor da anistia aos presos políticos e redemocratização, entre outras lutas, vivi um período em que as diferenças no campo ideológico da esquerda eram mascaradas por um objetivo comum: derrubar o regime militar e restaurar o estado de Direito.

Foi na esteira desses acontecimentos é que o PT de Fortaleza elegeu em 1985 Maria Luíza Fontenele, que iria governar contra tudo e contra todos. Ajudei na coordenação da campanha dirigida por Jorge Paiva. Só não imaginava que iríamos governar contra a própria esquerda, pois cedo o próprio PT passou a divergir da postura de não conciliação com as tradicionais forças conservadoras da elite brasileira (o presidente Sarney jamais aceitou receber a prefeita em audiência. Esse mesmo Sarney que se tornaria grande aliado do PT, posteriormente).

A direita e a esquerda se aliaram no ataque à administração popular de Maria Luíza, que terminou o seu mandato graças à tenacidade de muitos combatentes revolucionários que se ombrearam em sua defesa. Ali já ficava claro o rumo político de conciliação com a burguesia que o PT iria tomar objetivando o acesso e a tentativa de permanência no poder. Fomos expulsos do PT.

Assim, relembremos como Lula respondeu a uma pergunta sobre nós no programa Roda Viva:

AUGUSTO NUNES: Lula, por que o candidato [apoiado por] Maria Luiza [Dalton Rosado, do Partido Humanista], nesse caso, teve 3% dos votos? Você acha que o povo foi tão ingrato assim?
LULA: Em Fortaleza, a grande briga que houve -e a imprensa publicou com certa dosagem de razão-, o grande problema que existia era a briga entre o partido e Maria Luiza. Porque a companheira Maria Luiza -eu não tenho procuração; não tive para defendê-la, como não tenho para acusá-la- entendeu que o partido não existia e não houve relacionamento com o partido.


Ou seja, não é que o partido quer administrar, mas o partido tem responsabilidade perante a sociedade, porque é ele que responde para a sociedade; e, quando o partido tenta elaborar um projeto, o partido não elabora um projeto para a prefeita cumprir ou para o prefeito cumprir, o partido elabora um projeto para ser discutido no centro da sociedade como proposta partidária. E é exatamente aí que trombaram PT e Maria Luiza, e é por isso que ela se afastou do partido e saiu muito desgastada.

Está aí o resultado. E por que ela saiu do PT? Porque ela imaginava que, no PT, ainda se podia fazer política na base do coronelismo, ou seja, alguém, por ser famoso, coloca um candidato debaixo do braço e, a partir daí, obriga o partido a aceitar. Ela tentou impor um candidato, o partido tinha feito uma coligação democraticamente discutida no partido e o partido resolveu indicar outro. O que aconteceu? O partido provou que estava certo e que a Maria Luiza tinha entrado num barco furado.

ADMINISTRAÇÃO POPULAR x CONCILIAÇÃO
DO PT COM AS FORÇAS CONSERVADORAS


A verdade é que Maria Luíza foi a primeira prefeita mulher de uma capital e a primeira vitória do PT para um cargo executivo importante. Isto sem contar com nenhum vereador e sem que as capitais tivessem autonomia financeira (pois funcionavam como secretarias do Estado, uma vez que até então os prefeitos eram escolhidos pelos governadores, distorção que somente foi superada pela Constituição de outubro de 1988, cuja entrada em vigência se deu em 1989, após o fim do seu mandato).

Assim, lutou com imensas dificuldades e, inclusive, com a oposição de parte do PT local e nacional, pois a prefeita não aceitava compactuar com métodos de administração tradicionais (o habitual toma-lá-dá-cá).

Ademais, havia uma divergência ideológica com parte do PT local e nacional, pois o grupo de Maria Luíza tinha orientação marxista, e os marxistas estavam sendo perseguidos pelo grupo Articulação, do Lula. Muitos marxistas aderiram ao lulismo petista (José Dirceu, José Genoíno, Tarso Genro, José Guimarães e outros) e escaparam da degola. A expulsão da Maria Luíza, juntamente com o seu candidato à sucessão (eu, Dalton Rosado), que tinha amplas chances de vitória interna, no diretório municipal, deu-se por decisão de cúpula do diretório regional, obedecendo a orientação do diretório nacional, pela não aceitação da postura política e administrativa do seu grupo.


A conciliação do PT nacional com segmentos tradicionais e seus tradicionais métodos começou a se evidenciar a partir daí. Além da perseguição petista, da oposição de partidos como o PCdoB e hostilização que sofria da imprensa tradicional, a chamada Administração Popular sofreu a perseguição dos governos Tasso Jereissati (estadual) e do José Sarney (federal) num momento de forte dependência econômica e tributária a esses governos.

Daí decorreram graves dificuldades de administração, que lhe acarretaram impopularidade, mas pôde equilibrar as finanças públicas municipais, de modo a que o seu sucessor, Ciro Gomes, encontrasse uma prefeitura saneada e apta a receber os inúmeros projetos que se encontravam encalhados no Governo Federal (além de poder com a nova realidade de recursos financeiros estabelecidos na nova Constituição). Ciro Gomes se beneficiou dessa condição inicial, pois subiu meteoricamente de prefeito para Governador em apenas um ano de mandato.

Assim, não é verdade que eu, Dalton Rosado, advogado de causas populares e militante do PT desde 1981, secretário de Finanças da Administração Popular, fosse um candidato de algibeira, como se diz no jargão dos coronéis do sertão. Os fatos estavam em desacordo com a afirmação de Lula.

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O EXÉRCITO IGNORA * The Intercept Brasil

 O EXÉRCITO IGNORA

The Intercept Brasil


Conseguimos os dados que o *Exército* não tem. Olá…

Nas duas últimas semanas, cenas grotescas de manifestações golpistas tomaram as redes sociais. Muitas viraram memes. Seriam cômicas se não fossem – todas – trágicas. Um dos casos, você deve ter visto, aconteceu há poucos dias quando “manifestantes” atacaram policiais rodoviários federais a pedradas e tiros, ferindo três agentes. 


 Você reparou onde isso aconteceu? Foi no sul do Pará, na BR-163, uma das principais estradas que cortam a *Amazônia Legal*.

 Antes de seguir em frente, queria retomar com você alguns dados.

Em 2018, havia pouco mais de 100 mil pessoas registradas como caçadores, atiradores ou colecionadores de armas, os CACs. Esse número hoje é de mais de *670 mil* pessoas. *Você sabe qual é o efetivo da Polícia Militar na ativa no Brasil hoje? 406 mil policiais. Forças Armadas? 360 mil*. 


 Há pouco tempo, o número de armas registradas por CACs ultrapassou 1 milhão. Até julho, eram 434.715 fuzis nas mãos de CACs. E quem são essas pessoas? Não sabemos.

O *Exército* não divulga esses dados, e o controle sobre quem pode se registrar como CAC foi se flexibilizando progressivamente durante os quatro anos do governo Bolsonaro. 

A realidade é que o Brasil se armou nos últimos quatro anos e a sociedade sequer tem a dimensão disso. O Exército, que deveria ter o controle preciso desses dados, tornou-se cúmplice da política de Bolsonaro. Nem as polícias têm acesso a um banco unificado sobre armas no Brasil. 


 Para o *Intercept*, no entanto, essa dificuldade nunca foi impeditiva. Buscamos muitos caminhos para esclarecer o cenário do armamento de civis no país, até que encontramos um, e seus resultados começaram a ser revelados aos nossos leitores na última semana.


Há mais de seis meses, venho levantando dados sobre os clubes de tiro abertos na Amazônia Legal nos últimos anos. Foi uma pesquisa lenta, trabalhosa. Depois de levantar todos os CNPJ ativos e a data de abertura de cada um deles – informação que o Exército afirmou não ter –, descobrimos que alguns clubes de tiro simplesmente não estavam nos registros oficiais. A invisibilidade aumenta porque nem todos os endereços são fáceis de localizar no mapa, trabalho que fizemos com ajuda de georreferenciadores e contato direto com os responsáveis pelos estabelecimentos. Localizamos no mapa um por um e revelamos que a expansão dos clubes acontece principalmente em torno do chamado *“arco do desmatamento”*.


 A região da *Amazônia Legal* levou 43 anos para acumular 86 clubes de tiro, de 1974 a 2017.

Até o momento, de 2019 para cá, foram abertos 107 novos clubes. Quando observamos sua disposição no mapa, é possível ver *áreas indígenas totalmente cercadas por eles*.


Lembra da BR-163? É ao longo desta rodovia, e também da BR-158, que se concentra grande parte dos clubes de tiros da região. Entre as duas, ao norte do Mato Grosso e ao sul do Pará, estão o Parque do Xingu, e as Terra Indígena Menkragnoti, Kayapó, entre outras. 


 Esses e muitos outros dados estão sendo revelados na série Amazônia Sitiada, que começamos a publicar na última semana. É um trabalho imenso que envolveu dezenas de profissionais, entre repórteres, editores, checadores, designers, ilustradores, advogados. Esse tipo de reportagem custa uma pequena fortuna para uma redação independente e pequena como a nossa, você pode imaginar. E, aqui, não pesa apenas o gasto direto com a reportagem. Custa caro também porque envolve questões muito sensíveis de segurança e acesso a ferramentas como softwares de georreferenciamento e cruzamento de dados. É um trabalho que demanda paciência e persistência de todos os envolvidos. 

*Eles armaram o país nesses quatro anos e reduziram o poder de fiscalização do Exército e da Polícia Federal*. Reféns do governo Bolsonaro, essas forças perderam ainda mais o controle das informações sobre armas e quem as compra. Claro que não dá para isentar de responsabilidade o Exército, que não demonstra nenhuma intenção de gerenciar a própria bagunça com os registros de *CACs* e clubes de tiro. As consequências disso podem ser trágicas. Especialmente em uma região onde populações indígenas e ribeirinhas já convivem com um cotidiano violento.


Mais uma vez mostramos como o jornalismo é uma arma poderosa. Eles estão armados com fuzis e munições. Nosso poder passa por outras forças: a investigação, a liberdade para denunciar e a capacidade de comunicar. Lembre-se: tudo que o Intercept publica é gratuito e acessível para toda a população. Quando você apoia o jornalismo do TIB é isso que você garante: que o meu trabalho aconteça de maneira autônoma e que todo mundo possa ter acesso a ele. 


 Este jornalismo é essencial, não é mesmo? Essa é a hora de trabalharmos para reconstruir o que eles destruíram. O Intercept está na linha de frente desse esforço. Vem investigar com a gente!


O *TIB* É ESSENCIAL E PRECISA CONTINUAR ATUANTE →  

Um abraço,

Carol Castro - Repórter

sábado, 26 de novembro de 2022

EXPOSIÇÃO VIDAS INDÍGENAS * MUSEU DA PESSOA-SP

EXPOSIÇÃO VIDAS INDÍGENAS
MUSEU DA PESSOA-SP

OPERAÇÃO DE GUERRA NA MARÉ * MareOnLine.RJ

OPERAÇÃO DE GUERRA NA MARÉ

8 mortes confirmadas na operação que acontece desde a madrugada

A operação conjunta da Polícia Militar e Polícia Civil que acontece na Maré desde às 4h da manhã desta sexta-feira chama mais uma vez atenção e marca o conjunto de favelas pela quantidade e intensidade de ações truculentas, mortes e violência com moradores. A ação que já descumpria os dispositivos jurídicos da ADPF 635/2019 sobre o seu horário de início, também já ultrapassa o seu horário de fim – às operações noturnas violam um dos pedidos que foram aprovados pelo STF. Além disso, outra decisão descumprida foi a presença das ambulâncias no entorno para realização da ação, isso custou a vida de moradores e um policial que também foi atingido na ação. Essa operação afetou algumas favelas do conjunto, mas teve concentração de episódios de muita violência na Nova Holanda e no Parque União.

Ainda na parte da manhã já eram 3 pessoas mortas na ação, entre elas o jovem Renan Lemos, de 24 anos. A Delegacia de Homicídios (DH) não realizou o processo legal de perícia no caso de Renan, assim como a Defesa Civil não foi fazer a retirada do corpo no local, o que obrigou a família a colocar o jovem em óbito em um carrinho de mão, carregá-lo até a Av. Brasil, e aguardar por volta de três horas a retirada do corpo. Após muitas denúncias e articulações, com Ministério Público e outras instituições de defesa dos Direitos Humanos, o corpo de bombeiros atestou o óbito, a 22ª Delegacia de Polícia registrou a ocorrência e a Defesa Civil retirou o corpo. A DH não realizou a perícia do local nem do corpo, fato que atrapalha qualquer possibilidade de investigação sobre as mortes do dia de hoje na região.

A operação seguiu por toda a tarde com diversas denúncias e relatos de danos ao patrimônio, invasões de domicílios e carros violados. Familiares de três pessoas que foram feridas buscavam por informações pois não encontravam o paradeiro das vítimas.

Já no fim da tarde, quando a movimentação de policiais na região já era reduzida e moradores acreditavam no fim da operação e voltavam à normalidade do cotidiano, circulando e realizando suas atividades muitos agentes policiais saíram do 22º Batalhão da Polícia Militar que tem sede na Maré e atacaram moradores com tiros, bombas de efeito moral e spray de pimenta. Uma pessoa foi baleada e levada para dentro do batalhão. No mesmo horário, no Parque União, três pessoas foram mortas.

Ainda não há informação oficial sobre o fim da operação, ainda há caveirão e policiais circulando pela região e há relatos de moradores com receio sobre a possibilidade de agentes estarem de “tróia”.

É fundamental que toda a sociedade civil enxergue o tamanho da truculência com que as forças policiais do Estado do Rio de Janeiro estão atuando no Conjunto de Favelas da Maré nesta sexta-feira. É possível e importante oficializar denúncias sobre a ação para o Ministério Público através do WhatsApp: (21) 2215-7003

FONTE

NOTA DE REPÚDIO AO ATAQUE A ESCOLAS NO ESPÍRITO SANTO * SEPERJ.RJ

NOTA DE REPÚDIO AO ATAQUE A ESCOLAS NO ESPÍRITO SANTO
SEPERJ.RJ
novembro 25, 2022

Nazistas capixabas: pai capitão-pm e filho

O Sepe expressa todo o pesar dos profissionais de educação das redes públicas do Rio de Janeiro para com mais um incidente de violência dentro do ambiente escolar, ocorrido na manhã desta sexta-feira (dia 25/11), no município de Aracruz, Espírito Santo. Um ataque de um atirador solitário resultou, até o momento, na morte de duas professoras da rede estadual capixaba e de um aluno de uma instituição privada, que também foi invadida pelo atirador.

As imagens dos circuitos de segurança nas imediações da Escola Municipal Primo Bitti mostram uma pessoa usando roupa camuflada e capuz arrombando o cadeado do portão para invadir a unidade, por volta das 10h. Logo depois são ouvidos disparos. Ali, as duas professoras foram mortas e seis pessoas ficaram feridas. Logo depois, o atirador saiu da unidade e se dirigiu para o Centro Educacional Praia do Coqueiral, na mesma rua, onde um aluno de 16 anos desta unidade foi ferido em meio à nova série de disparos e não resistiu aos ferimentos. Este segundo ataque deixou mais cinco feridos. Segundo as autoridades de segurança capixabas, o atirador seria um adolescente que estuda no colégio estadual.

Em pleno século XXI não podemos mais aceitar a perda de vidas, seja de profissionais ou de alunos dentro do ambiente escolar e motivada pela crescente violência que cada vez mais se aproxima e se entranha dentro das nossas escolas. Além disso, nos últimos quatro anos houve uma enorme e brutal política do governo federal em favor da liberação de armas para a população, com a facilitação da compra de armamento (inclusive de calibre pesado). Com isso, é mais que urgente a necessidade do desarmamento da população, com a cassação dos decretos do atual governo que libera as armas.

Lembrando também que, todos os anos, os profissionais das escolas públicas do Rio de Janeiro reivindicam, em vão, por melhores condições de trabalho e pela contratação de porteiros, inspetores e demais funcionários que poderiam ajudar a obtenção de um maior controle do ambiente escolar e evitar os conflitos que resultam em agressões à categoria ou a estudantes.

Direção do Sepe.RJ
*
Esse cara é Rodrigo Tondello,  líder de um grupo de neonazistas da cidade de Casca /RS. Hoje, 23/11/2022, invadiu o escritório de uma advogada de Casca, que denunciou ele e seu grupo para a Polícia Federal, ameaçou ela de morte, agrediu verbalmente, bateu nela, arrastou ela pelas ruas de Casca, agredindo e chamando ela de vagabunda! Vamos compartilhar e deixar ele famoso! 
*
O corpo fala
Por Mel de Abreu

Talvez muitos passem desapercebidos pela grandiosidade de expressão corporal e emocional dessa foto. Mas dentro de uma sensibilidade, daqueles que conseguem ver a dimensão do que ela realmente transmite, isso é notório e cheio de significados.
Do lado direito, e de direita, um menino tão talentoso, mas que se perdeu ao longo do caminho, prepotente, que ostenta e até sonega impostos... Do lado esquerdo, e de esquerda, um menino humilde, capixaba, promotor de causas sociais, novo artilheiro da seleção.
Percebem as coincidências ganhando evidências? Elas apenas aguçam nossa vontade de discorrer mais.
Éh meus amigos: futebol imitando a vida!
O menino Richarlison em sua humildade, abraça o colega o Neymar e o saúda fim de jogo. Mas notem o contragosto de quem não aceita a perda, e que por mérito próprio, perdeu seu posto de queridinho do Brasil.
Talvez a Bruna Marquezine, ex namorada de Neymar, tenha descoberto a tempo, o que mais de milhões de brasileiros já sabíamos: de que o lado esquerdo do peito, tenha mais significado e valor, que defender a mão de direita, que faz a arma, que tem ego inflamado, cheio de ódio e rancor!
Acordamos hoje com a sensação de ver Brasil sendo recuperado aos poucos, tanto no campo da fome, no campo da desigualdade, no campo da injustiça, no campo da democracia, no campo do amor, no campo da nossa paixão nacional!
Bem vindo Brasil sendo Brasil!
Abraça, abraça mesmo! Deixa o corpo falar, porque ele fala, expressa e diz muito sobre quem somos e sentimos. E se não haver retorno, empatia, reciprocidade, fique em paz, nem todos estão preparados para essa mudança e até mesmo para essa conversa.
*

AS PESSOAS, DE ONDE EU VENHO, NÃO TÊM VOZ E NEM VEZ * Mônica Nunes / Anselmo Goes

 AS PESSOAS, DE ONDE EU VENHO, NÃO TÊM VOZ E NEM VEZ

declarou Richarlison na coluna de Ancelmo Gois, em 7/12/2020

*

Por que é raro encontrar um atleta brasileiro engajado nas lutas sociais e políticas? Com esta questão na cabeça, fomos ouvir Richarlison, jogador do time inglês Everton e da seleção brasileira. Aqui o importante relato que merece uma reflexão:


“Ultimamente, em toda entrevista que eu dou, uma pergunta é certa: ‘Por que você se posiciona?’ Mas talvez o melhor fosse ‘Por quem você se posiciona?’ É muito importante que isso fique claro.


As pessoas de onde eu venho não têm voz e nem vez. Poucos, até hoje, procuraram saber o que é importante ou o que falta para que elas vivam melhor. No Brasil é assim, muitos só recebem atenção em época de eleição.


Falando nisso, vocês sabem, eu nunca tive um partido político. Para ser sincero, nem me interesso, porque não preciso de um para saber que é errado faltar energia elétrica por 22 dias em um estado inteiro. Ou ainda que é um direito básico ter comida na mesa, saúde, educação e moradia.


Também nunca entrei num laboratório. Ainda assim, eu posso dizer a todos que a ciência é a nossa única saída em todos os momentos. 


Eu vejo isso no meu dia a dia como jogador. Meu corpo precisa da ciência e da medicina para que eu possa fazer o que mais amo.


Bom, eu sequer terminei meus estudos. Mas não é necessário um diploma para enxergar que muita gente é intimidada, encurralada e morta pelo racismo todos os dias no Brasil. 


Li numa matéria que 75% da população pobre é preta, e que 76% das pessoas mortas todos os anos também são pretas. Coincidência? Não precisa ser o rei da matemática para concluir o óbvio.


É por isso que todos os dias agradeço a Deus pela oportunidade e por não ter virado estatística. O futebol me salvou! 


É por isso que eu falo, me posiciono e mostro a minha indignação: pelo mínimo de dignidade e igualdade para todos os brasileiros que não tiveram a mesma sorte que eu.



Espero ter respondido à questão”. Da Mônica Nunes