LULA, DEMARCAÇÃO JÁ
Brasil de Lula Sem demarcação de Terras Indígenas, aumenta violência contra os Avá-Guaranies no Paraná.
Desde sexta-feira, 29 de dezembro, familiares das comunidades Avá Guarani da aldeia Yhovy foram agredidos. Segundo informações das lideranças, eles estão constantemente cercados por criminosos. Eles relatam que o ataque já deixou 4 pessoas feridas. "Os tiroteios estão acontecendo em todos os lugares." Mesmo com a presença da Força Nacional da Região os ataques continuam!
Os Avá Guaraní denunciam que o conflito nesta região remonta à construção da Usina Hidrelétrica Itapú Binacional, quando foram expulsos de suas terras ancestrais, que tentam recuperar e demarcar desde 2018.
Um menino de 4 anos ficou ferido na perna, assim como outro adulto; enquanto um jovem foi ferido nas costas e outro adulto atingido na mandíbula “com munições de grande calibre”, segundo o comunicado do CIMI. As quatro vítimas foram levadas para hospitais. Três deles estão em observação, mas não se sabe o estado de saúde da mulher ferida no maxilar. “Estamos rodeados de pistoleiros, são os mesmos que atacaram no dia 31 de dezembro”, disse um dos líderes comunitários, citado pelo CIMI, mas que manteve o nome anónimo.
Segundo a organização indígena, os ataques começaram no dia 29 de dezembro, continuaram nos dias 30 e 31 do mês passado e o mais recente ocorreu na noite anterior.
Além dos feridos no último ataque, uma mulher sofreu queimaduras no pescoço e outro indígena foi baleado no braço nas agressões anteriores, em que também foram queimadas cabanas e lavouras da comunidade, deixando as famílias "desamparadas, sem comida". ou água potável.
Segundo o CIMI, cada um dos ataques foi denunciado às autoridades competentes. Desde novembro de 2024, o Ministério da Justiça determinou que o FNSP estivesse no território para proteger a integridade da comunidade indígena, porém, os pistoleiros entraram por uma estrada que no momento do ataque não estava sendo vigiada pela força federal.
«Pelo amor de Deus, estamos cercados. Realmente cercado. Cercado por pistoleiros. “Estamos pedindo ajuda”, disse um dos Avá Guarani em áudio enviado após os acontecimentos, e também denuncia que se a polícia não agir não saberia quantos deles seriam afetados.
Outro áudio descrito pelo Brasil de Fato narra: «Estamos mesmo sendo atacados. Alguém acreditará? Até quando dirão que foi só um foguete? Estamos cansados de tudo isso. Estamos cansados de ver que até crianças são baleadas”, aludindo às dúvidas das autoridades que se calam face aos ataques. Da mesma forma, afirmou que o município de Guaíra trata os Avá Guaraní como terroristas.
«Estamos à mercê de toda esta violência. “Vivemos na era da pólvora, na era da bala”, lamentou nos áudios uma das indígenas vítimas de agressões.
O Ministério dos Povos Indígenas condenou neste sábado os ataques contra o povo Avá Guarani e disse que acompanha de perto a situação.
Destacou ainda que mantém um diálogo permanente com o Ministério da Justiça para “a investigação imediata” dos grupos armados que operam na região.
O ministério disse que desde o primeiro ataque solicitou que fosse reforçada a presença da Força Nacional na região “para evitar atos de violência contra os povos indígenas que se mobilizam para garantir os direitos às suas terras”.
Segundo o ministério, os Avá Guaraní realizam a recuperação de terras desde o final da década de 1990, depois que seus territórios foram invadidos por “povos não indígenas” desde 1930 e foram “gravemente afetados” pela construção da Usina Hidrelétrica de Itaipú. na década de 1980.
Atualmente, duas áreas ocupadas pelos Avá Guaraní estão em processo de regularização: a Terra Indígena Tekoha Guasu Guavira e a Terra Indígena Ocoy-Jacutinga, esta última em fase de estudo.
A escalada de violência contra o povo Avá-Guarani tem se ampliado cada vez mais nos municípios de Guaíra e Terra Roxa, na região oeste do Paraná. Além da discriminação que os membros da etnia recebem nas cidades, da falta de alimentos, segundo denúncias chegam a receber cestas vencidas do poder público municipal, há também um aumento no número de ataques de bandidos no cidades. a pedido dos ruralistas. O aumento da violência faz parte da reação da agroindústria monocultural da região para garantir a expulsão dos povos indígenas da região e assim garantir a manutenção do roubo e saque das terras dos Avá-Guarani que lutam em os tribunais, desde 2009, para a demarcação da Terra Indígena (TI) Tekoha Guasu Guavirá. Atualmente, na região existem 17 tekohás, termo em guarani usado para designar seus territórios, mas que já não sustenta todas as famílias indígenas. Por isso, estão retomando parte da área já delimitada pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), mas com o processo de demarcação paralisado pelo Marco Temporário.
Fonte: EFE e CIMI
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